Há lodo no cais IV. CVA, uma insana trapalhada pública!...
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Há lodo no cais IV. CVA, uma insana trapalhada pública!...

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O ministro dos Transportes e Turismo, Carlos Santos, afirmou esta quinta-feira, 17, que, afinal, a dívida dos 48 mil contos da venda da TACV é real, e que o governo vai negociar o pagamento junto dos islandeses, sublinhando tratar-se de algo corriqueiro nas relações comerciais, sejam públicas ou privadas. Que é corriqueiro, é. O que não é corriqueiro, e nem pode ser, é o modo como este assunto tem sido tratado por altos dignatários do Estado. Ainda deve estar fresca na cabeça dos cabo-verdianos, a terrível cena ocorrida entre o ministro do Estado e dos Assuntos Parlamentares, Fernando Elísio Freire, e o líder da Bancada Parlamentar do PAICV, Rui Semedo, quando se discutia o processo de privatização da TACV, no passado 11 de novembro, na Assembleia Nacional, onde, face à questão deste último sobre o paradeiro 48.418.298$00, que, segundo o contrato de compra e venda firmado entre as partes, deveriam dar entrada nos cofres do Estado até dezembro de 2019, o ilustríssimo ministro do Estado afirmara, simplesmente, que o governo não responde por algo inexistente. Freire disse - e repetiu várias vezes -, que tal montante não existe e que tudo não passa de boato da oposição. Na altura, Santiago Magazine publicou uma nota na rubrica Entrelinhas, lamentando o facto de entidades com elevadas funções no aparelho do Estado tratarem com desprezo e zombaria dossiers tão importantes sobre a governação do país… todavia, lamentos à parte, resta o registo: os 48 mil contos existem, sim, e o Governo vai cobrá-los aos islandeses. Já defendia Nhu Lobu, que “pa boka si si, dexa língua intxadu”. Sem TACV, sem aviões, sem voos, esses 48 mil contos, se pagos, poderiam muito bem esconder parte da vergonha de um negócio que tem sido, realmente, uma insana trapalhada pública!

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Quem deve quem? Cá dentro, certamente ninguém consegue perceber este negócio com os islandeses. Ao que consta, e que inclusive foi objeto de um desabafo público do PCA da companhia, Erlendur Svavarsson, a CVA só voltará a voar se o Governo amealhar mais dinheiro para financiar o novo dono - Loftleidir Cabo Verde, que detém 51% do total do capital social. Quando, em julho passado, o Governo fez aprovar uma resolução, que se encontra publicada no BO nº 98, Iª Série, onde concedia um aval de 12 milhões de dólares, justificando que o mesmo seria destinado a "dar suporte que vise melhorar a situação económico-financeira da empresa, evitar seu estrangulamento e garantir a sua sustentabilidade", o PCA da companhia apareceu imediatamente na sua página do facebook, para avisar não pretender “colocar os três Boeings em Cabo Verde, se não houver nova injeção financeira que garanta o funcionamento da empresa”. A posição do Boss Svavarsson nada mais é do que um desmentido ao Governo, que quis passar a mensagem de que o empréstimo de 12 milhões de dólares junto do International Investment Bank (IIB) seria para "garantir a sustentabilidade" da companhia. "Os aviões vão permanecer em Miami até que a CVA seja financiada com sucesso e estiver pronta para voar de novo", anunciava o PCA, desmentindo claramente o governo. Mas Erlandur Svavarsson não foi o único a desmascarar o Governo sobre este assunto. Nessa mesma ocasião, o administrador cabo-verdiano da CVA, Armindo Sousa, também escrevia uma carta aos trabalhadores, na qual explicava e clarificava que o aval para os tais 12 milhões de dólares concedidos pelo Estado a favor da empresa "não representa um novo fundo para a companhia e nem é parte das discussões em curso para futuros financiamentos entre os acionistas. Esta garantia do Estado é apenas uma formalidade final entre o Estado e o IIB, requeridos a partir de contribuições prévias do acionista (Icelandair) para a companhia". Ou seja, significa que os 12 milhões de dólares garantidos pelo Estado seriam para saldar eventuais dívidas de investimentos já feitos pelos islandeses, de modo que o valor do empréstimo a ser contraído junto do IIB deveria cair nos cofres da Icelandair e não nos da CVA. Dá para perceber?... Cada um que puxe pela cachimónia, a ver se sai alguma coisa…

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O túnel voltou à escuridão! Afinal, o voo da CVA, anunciado por Antolivio Martins, administrador para área Técnica e Accountability Manager da companhia, que estava previsto para 10 de dezembro, entre Miami e KEF, não aconteceu. Esse voo, citando as palavras do administrador Martins, seria “o primeiro passo para a retoma operacional”, e permitiria, “em especifico, a manutenção do nosso AOC cumprindo assim com o pressuposto do CV-CAR 9.B.130(a)(3)”, acabou abortado, supostamente porque o aparelho não se encontrava em condições técnicas e operacionais para voar. Assim, os dois pilotos que, segundo Antolívio, foram “requalificados para a retoma dos voos”, estarão certamente de volta ao país, não para “dar seguimento aos treinos de requalificação do staff técnico”, como anunciado no referido comunicado, mas, sim, para aguardar novos episódios desta tão dramática quanto longa e penosa novela TACV/CVA…

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Com a operação anunciada pelo administrador Antolivio Martins abortada, como é que fica a licença da Agência da Aviação Civil, se realmente foram já incumpridos os prazos estabelecidos pela aeronáutica civil? Efetivamente, há lodo no cais!

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