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Covid-19. Cabo Verde adere a aplicativo móvel mundial para rastrear casos e contactos
Tecnologia

Covid-19. Cabo Verde adere a aplicativo móvel mundial para rastrear casos e contactos

Cabo Verde aderiu a um aplicativo internacional que permite rastrear, no telemóvel, casos e contactos de infetados pela covid-19, garantindo anonimato de todos os intervenientes e evitar o colapso do sistema de saúde, disse hoje fonte oficial. 

O aplicativo de rastreamento de casos e contactos por telemóvel foi desenvolvido por um consórcio internacional, que o deixou aberto para a comunidade mundial, e em Cabo Verde a iniciativa é de um grupo de cidadãos, num projeto denominado “Na nôs mon” (Nas nossas mãos).

Mas para estar disponível e ser de âmbito nacional a plataforma tem de merecer apoio de várias instituições, segundo disse à agência Lusa Hélio Africano Varela, porta-voz do grupo.

“Estamos neste momento a angariar apoios para que seja considerado um aplicativo nacional”, salientou o engenheiro informático, indicando que a ideia já foi apresentada ao Presidente da República, à Ordem dos Advogados, à Comissão Nacional de Proteção de Dados, aos líderes políticos e vai ser levada à Ordem dos Médicos e ao Instituto Nacional de Saúde Pública.

Também vai ser discutido em Conselho de Ministros, disse Hélio Varela, explicando que para estar disponível no país a primeira coisa é ter aval do Governo. “Neste momento, estamos no trabalho de criar sensibilidades”, referiu o responsável.

Na sexta-feira, durante a apresentação do plano de desconfinamento do país, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, informou que o Governo vai aprovar esta semana uma resolução que cria as condições para implementação desta plataforma digital de rastreio dos casos de covid-19.

O chefe do Governo descreveu o aplicativo como “um importante instrumento de participação cidadã e solidária no combate à covid-19 e de um aumento da qualidade de segurança sanitária no país”.

Depois do apoio das várias entidades e da aprovação do Governo, Hélio Varela disse que o aplicativo vai ter de ser também aprovado pelas duas multinacionais Google e pela Apple, o que poderá demorar até pelo menos 10 dias.

O técnico descreveu o aplicativo como uma solução que permite rastrear no telemóvel, de forma voluntária e anónima, todos os contactos que as pessoas vão tendo, para no caso de uma contrair o vírus, as outras serem automaticamente notificadas.

“Por exemplo, se alguém tiver covid-19, tem a possibilidade de, se quiser, dar essa informação sob total anonimato na aplicação. Assim como as pessoas que recebem a notícia de que podem ter estado perto de alguém com covid-19, também sob total anonimato, decidem se querem contactar as autoridades de saúde, se querem isolar-se ou não querem fazer nada”, explicou.

O porta-voz citou um estudo da Universidade de Oxford que diz que se 56% da população de um país aderir ao aplicativo consegue-se conter e reverter a tendência de contágio da covid-19.

“Porque assim estamos a andar mais depressa do que o vírus”, justificou Varela, salientando que o objetivo não é atingir 100% das pessoas, mas sim evitar o colapso do sistema de saúde.

No caso de Cabo Verde, disse que há telemóveis suficientes para “atingir confortavelmente” essa percentagem, mas disse que agora é preciso criar uma onda nacional, com mensagens positivas a entusiasmar todos sobre a necessidade de se proteger.

“Por isso é que o lema do nosso aplicativo é ‘Protege-te a ti, protege a tua família, protege a tua comunidade’”, prosseguiu Hélio Varela.

Segundo os indicadores estatísticos do mercado das telecomunicações eletrónicas, revelados pela Agência Reguladora Multissetorial da Economia (ARME), no final de 2018 existiam 610.328 assinantes de telemóveis em Cabo Verde, superior aos cerca de 530 mil habitantes do arquipélago.

“Se houver uma adesão em massa, conseguimos fazer, se não houver, não conseguimos”, salientou Hélio Varela, que sublinhou a importância do apoio de todas as entidades contactadas.

E uma delas tinha de ser a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), por causa de questões ligadas à privacidade das pessoas.

Mas Hélio Varela disse que a CNPD já aprovou o aplicativo e garantiu que os direitos e liberdades dos cidadãos estão assegurados, tendo em conta que o rastreio não é registado no servidor. 

“Não põe em causa privacidade, anonimato e voluntariedade das pessoas”, garantiu, dizendo que aplicativo “põe o poder totalmente na mão do cidadão”. 

Cabo Verde regista 435 casos acumulados de covid-19, desde 19 de março, distribuídos pelas ilhas de Santiago (375), Boa Vista (56) e São Vicente (04). 

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 370 mil mortos e infetou mais de 6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 2,5 milhões de doentes foram considerados curados.

Com Lusa

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