A maioria dos cabo-verdianos é da opinião de que o aborto é justificável em casos de violação ou de perigo para a saúde da mulher, mas não por razões económicas ou outras, revela uma pesquisa recente do Afrobarometer.
Os resultados também mostram que a maioria dos cabo-verdianos acredita que as escolas devem ensinar educação sexual, que os contraceptivos devem estar disponíveis independentemente do estado civil ou da idade das pessoas e que as mulheres devem ter autonomia nas decisões sobre casamento e maternidade.
Segundo o Afrobarometer, os serviços de proteção materno-infantil e de planejamento familiar, que geralmente são gratuitos, são reconhecidos por contribuírem para o progresso de Cabo Verde na redução da mortalidade materna, na melhoria dos cuidados pré-natais e na redução das taxas de natalidade.
De acordo com o estudo, quase três em cada 10 cabo-verdianos (28%) asseguram que as mulheres ou raparigas das suas comunidades interrompem a gravidez “ocasionalmente” ou “frequentemente.” Por outro lado, 42% afirmam que isso “raramente” ou “nunca” acontece.
Ainda destaca o Afrobarometer que a maioria dos cidadãos afirma que a interrupção da gravidez é "algumas vezes" ou "sempre" justificável em casos em que haja risco para a saúde da mulher (75%) ou em que a gravidez seja resultado de estupro ou incesto (59%).
No entanto, a maioria se opõe à interrupção da gravidez devido a barreiras económicas (61%) ou por outros motivos (70%).
De notar que a grande maioria dos cabo-verdianos acha que as raparigas que engravidam ou têm filhos devem poder continuar os seus estudos (93%) e que as mulheres devem ter autonomia para decidir se e quando casar (88%) e se e quantos filhos ter (86%). E afirmam, de forma esmagadora, que as escolas devem ensinar educação sexual (95%) e que os contracetivos devem estar disponíveis para todas as pessoas sexualmente ativas, independentemente do estado civil (90%) ou da idade (79%).
A equipa do Afrobarometer em Cabo Verde, liderada pela Afrosondagem, entrevistou uma amostra nacionalmente representativa de 1.200 adultos cabo-verdianos em Agosto e Setembro de 2024. A margem de erro é de +/-3 pontos percentuais a um nível de confiança de 95%.
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