A política não é um palco para vingança nem um espelho onde o político deve procurar o seu reflexo glorificado. É, antes de tudo, serviço. E se Abraão Vicente pretende continuar a exercer cargos de responsabilidade, talvez devesse começar a aprender que liderar também é saber perder, ouvir, e crescer com as críticas. Porque quem só sabe bater no peito, muitas vezes esconde o vazio do argumento.
Em tempos em que se exige dos líderes políticos equilíbrio, humildade e responsabilidade no trato com a coisa pública, torna-se preocupante assistir a certos comportamentos que desagradam profundamente desses princípios. O deputado da Nação, Abraão Vicente, tem demonstrado, em diversas ocasiões, uma postura que pouco honra o cargo que ocupa. A democracia, por definição, pressupõe a existência de debates, divergências e, sobretudo, a maturidade de aceitar os momentos de vitória e de derrota com dignidade. Mas, para o deputado Vicente, parece que o segundo conceito ainda é um terreno desconhecido.
O procedimento do ex-ministro em debates e confrontações em público revela traços de um político que, quando colocado sob pressão, prefere o ataque pessoal à argumentação sólida. É notório o desconforto que demonstra quando confrontado, a voz embarga, as palavras hesitam, e o nervosismo se sobrepõe à clareza. Nessas situações, em vez de recorrer à razão ou à experiência política, opta por disfarçar as suas inseguranças com ofensas, tentando projetar sobre os outros a imagem de incompetência que, na verdade, ele mesmo se esforça por esconder.
As suas intervenções carregam uma arrogância e prepotência que cansam a mente de qualquer cidadão. O tom professorado e autor referente que insiste em adotar, como se estivesse sempre acima dos demais, desgasta o debate público e esvazia a política do seu verdadeiro propósito: o diálogo. Em vez de construir pontes, ergue muros, e o faz com orgulho, como se isso fosse virtude.
Não é raro vê-lo tentar apropriar-se de feitos pontuais do governo como se fossem conquistas pessoais. Esse comportamento, que poderia ser lido como tática política, revela-se, na prática, como uma tentativa desesperada de manter a relevância. Afinal, sua passagem pelos ministérios, não deixou um legado consistente ou transformador. O que se vê é uma tentativa recorrente de exibicionismo da sua atuação com feitos que, na melhor das hipóteses, foram coletivos e, na pior, fruto de estruturas que funcionariam com ou sem a sua presença.
Chamá-lo de “inimigo da República” talvez soe forte demais para alguns ouvidos, mas a verdade é que atitudes que desrespeitam a inteligência do povo, que priorizam o ego à função pública, e que sabotam o debate democrático com vaidades e ressentimentos, são incompatíveis com o espírito republicano.
A política não é um palco para vingança nem um espelho onde o político deve procurar o seu reflexo glorificado. É, antes de tudo, serviço. E se Abraão Vicente pretende continuar a exercer cargos de responsabilidade, talvez devesse começar a aprender que liderar também é saber perder, ouvir, e crescer com as críticas. Porque quem só sabe bater no peito, muitas vezes esconde o vazio do argumento.
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