Cabo Verde vai manter o português César do Paço no cargo de cônsul na Flórida apesar da polémica despoletada
Política

Cabo Verde vai manter o português César do Paço no cargo de cônsul na Flórida apesar da polémica despoletada

O Governo vai manter o empresário português, César do Paço, no cargo de cônsul honorário de Cabo Verde na Flórida, apesar da polémica despoletada na imprensa portuguesa que o aponta como um “criminoso” e patrocinador do partido Chega. Para Luís Filipe Tavares Paço é "pessoa de bem".

O ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, Luís Filipe Tavares, instado a pronunciar sobre o assunto, à margem da cerimónia de apresentação dos cumprimentos de ano novo ao Presidente da República, adiantou que César do Paço foi nomeado num processo “absolutamente normal” e afirmou que até ser provado o contrário, o mesmo continua a ser uma “pessoa de bem” para o executivo de Cabo Verde.

“Recordo que ele foi cônsul de Portugal nos EUA por muitos anos (2014-2020) e depois há um processo normal. Ele foi proposto pelo nosso embaixador na altura, esteve de visita a Cabo Verde em Março de 2020 e nós, depois pedimos a exequátur, que é a autorização às autoridades norte-americanas para a nomeação de cônsul”, explicou.

O governante adiantou que a partir do momento em que o Estado de Cabo Verde obteve essa autorização, não havia nenhuma razão para não o nomear.

“Para nós é uma pessoa de bem”, sustentou.

Na reportagem de investigação intitulada “A Grande ilusão: cifrões e outros demónios”, divulgada esta segunda-feira na SIC, César do Paço é apontado como principal financiador do Chega, partido da extrema direita de Portugal.

As informações divulgadas apontam ainda que César do Paço foi acusado em 1991 em Portugal de crime de roubo qualificado, tendo o Ministério Público decretado a sua prisão preventiva, seguindo de um mandado de captura. Contudo, não chegou a ser julgado porque fugiu.

Confrontando com essa questão, Luís Filipe Tavares disse desconhecer tais informações e indicou que na nomeação dos cônsules as autoridades cabo-verdianas não perguntam aos candidatos a que partido pertencem e investigam tais informações.

“Nós analisamos o currículo e submetemos a exequátur nos termos da lei dos procedimentos normais. Nós fizemos aquilo com toda a normalidade, na certeza de que era do interesse de Cabo Verde”, adiantou.

Luís Filipe Tavares salientou que Cabo Verde tem escolhido os cônsules em vários países do mundo em função do seu perfil empresarial (empresários, industriais e outros profissionais liberais) com o objectivo de atrair investimentos directo estrangeiro para o país.

“É o caso do senhor César do Paço que, repito, é uma pessoa de bem, conforme as informações que dispomos. Ele foi cônsul de Portugal durante muitos anos e acho que esta polémica tem mais a ver com questões de política externa em Portugal”, disse.

Luís Filipe Tavares negou também qualquer ligação do Governo de Cabo Verde com o Chega, partido de extrema direita português, liderado por André Ventura.

Cesar do Paço foi cônsul de Portugal em Palm Coast, na Flórida, de Outubro de 2014 a Maio de 2020, quando foi exonerado do cargo a seu pedido.

No início deste ano foi nomeado pelo Governo de Cabo Verde para representar Cabo Verde na Flórida, EUA.

Com Inforpress

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