Cabo Verde subiu 11 posições no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, alcançando a 30.ª posição, num momento em que, pela primeira vez, a situação da imprensa é classificada como difícil a nível global.
Estas informações constam do relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgado hoje.
Em 2024, o país ocupava a 41.ª posição, tendo este ano avançado para a 30.ª, com uma pontuação de 74,98 entre 180 países avaliados.
O relatório destaca o ambiente de trabalho favorável aos jornalistas em Cabo Verde, onde a liberdade de imprensa é garantida pela Constituição, apesar de apontar a nomeação directa dos directores dos meios de comunicação públicos, dominantes no cenário mediático, pelo Governo.
O sector público, que emprega 70% dos jornalistas no arquipélago, é o maior empregador da profissão, proporcionando melhores condições salariais e estabilidade no emprego.
Contudo, os meios de comunicação estatais enfrentam sérias dificuldades financeiras, dependendo de subsídios governamentais, enquanto os privados enfrentam limitações devido ao mercado publicitário restrito e à falta de apoio estatal, conforme sublinhou.
A RSF também ressalta o ambiente sociocultural aberto de Cabo Verde, onde a imprensa encontra pouca resistência em temas sociais e religiosos. Além disso, o país destaca-se na região africana por ter uma força de trabalho maioritariamente feminina, com as mulheres representando cerca de 70% dos jornalistas.
Na África, segundo a RSF, a liberdade de imprensa tende a diminuir de forma preocupante em muitos países.
“Essa é a região onde a pontuação económica está se deteriorando no maior número de países: 80% deles são afectados. Em muitos casos, a mídia permanece concentrada nas mãos de alguns grupos privados próximos ao poder ou de personalidades com interesses políticos, comprometendo assim a independência das redações”, justificou.
Os países africanos com pior classificação no índice são o Uganda (143.º), a Etiópia (145.º lugar) e o Ruanda (146.º lugar), que passaram este ano para a categoria "muito grave", e a Eritreia, que detém "o triste recorde das mais longas detenções de jornalistas no mundo", permanece em último lugar.
Em contrapartida, os países africanos melhor classificados são a África do Sul (27.º lugar), a Namíbia (28.º lugar), Cabo Verde (30.º lugar) e o Gabão (41.º lugar).
Embora as agressões físicas contra jornalistas sejam o aspecto mais visível dos ataques à liberdade de imprensa, o relatório do RSF alerta para as pressões econômicas que ameaçam a independência dos meios de comunicação.
Para a RSF, garantir um espaço de meios de comunicação pluralistas, livres e independentes exige condições financeiras estáveis e transparentes, pelo que assegura que sem a independência econômica, não haverá imprensa livre.
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