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Mudanças inexoráveis
Colunista

Mudanças inexoráveis

A série dos estudos do afrobarometer diagnosticaram uma série de tendências de mudanças estruturais na nossa sociedade em matéria de valores, princípios, avaliações, expectativas que colocam os nossos dirigentes como personagens estranhas aos desígnios da maioria da população. O Governo do MpD está governando contra a vontade da maioria do povo e numa democracia não é admissível a imposição de um poder ilegitimamente sob pena de não se estar a respeitar o estado democrático de direito cuja soberania pertence ao povo!

A humanidade levou milhares ou milhões de anos para que o homem saísse das cavernas e construisse o seu próprio abrigo, produzisse registos escritos, inventasse a roda, descobrisse a agricultura, sedentarizasse num mundo que tudo parecia parado ou de mudanças de longas durações.

1. No mundo contemporâneo, a certeza é a mudança com suas componente especiais: alta velocidade, aumento de riscos e a “globalização” do “local”.

2. As dramáticas alterações climáticas produzidas pelas ações humanas, especialmente, com o advento da industrialização: aumento da temperatura do planeta, verões mais quentes ou invernos mais rigorosos em alguns locais, elevação do nível da água do mar, secas em locais anteriormente chuvosos e férteis e chuvas e inundações e outros tipos de eventos climáticos estranhos em outros locais, enfim, a transição climática é um fato que a humanidade vai precisar se habituar.

3. O consumo avassalador das energias fósseis na era moderna pelas indústrias e grandes centros urbanos produziu níveis de poluição atmosférica inéditas tornando algumas grandes cidades cinzentas como saídas de chaminés obrigando a humanidade a pensar em novas fontes de energia, em energia limpa, enfim, na transição energética para a melhoria ambiental e bem-estar do homem.

4. Ao nível económico, se durante séculos o desenvolvimento industrial deu “cartas” na hierarquização económica das nações contrastando aquelas industrializadas e poderosas contra as dependentes e não industrializadas, as novas rápidas e incessantes mudanças nas tecnologias de produção, comunicação, financeira são capazes de, em poucas horas, produzirem novos ricos que as indústrias mais poderosas do passado só poderiam conseguir durante dezenas ou até centenas de anos – é a transição tecnológica do analógico ao digital!

5. No campo social, cultural, religioso e político a essência das realidades mudam, muitas vezes, sem que os próprios atores se apercebam disso: (1) a América Latina, terra do Papa Francisco, que recentemente era religiosamente católica, apostólica romana, tente a transitar para as igrejas evangélicas reformadas tornarem-se maioria nos próximos anos; (2) no pós-guerra (1939-45) a maioria dos países era governado por regimes políticos não democráticos que, progressivamente, foram substituídos, atualmente, por regimes democráticos com suas diferentes variantes (de serem mais ou menos democráticos).

6. Países que eram pobres e miseráveis há menos de 100 anos se tornam ricos e prósperos apostando no desenvolvimento tecnológico, educacional, organizacional enquanto outros que são sujeitados a rápidas intervenções militares por Estados terceiros poderosos, por poucos meses ou anos, se afundam aos níveis mais baixos da história da civilização.

7. Entre nós, é evidente que, em pouco tempo, (1) transitamos de um regime político de partido único para uma democracia multipartidária; (2) a transição demográfica está em curso: a camada jovem que representava mais de 2/3 da demográfica, progressivamente, vai cedendo lugar para o aumento da população idosa; (3) ao nível social, há 50 anos atrás o mapa educacional e sanitário do país pós independente com elevadas taxas de analfabetismo e doenças transmissíveis se contrasta com um aumento expressivo dos níveis educacionais geral da população e de uma transição no campo da saúde de prevalência de doenças transmissíveis para as não transmissíveis.

8. Os desafios do combate à pobreza, desigualdades económicas e sociais, a incapacidade dos regimes políticos darem conta de satisfação das demandas sociais cada vez mais exigentes e ditadas pelos padrões de um mundo globalizado mas cujas respostas são limitadas localmente pelas suas especificidades exacerbam os riscos de se viver num país pequeno, dependente do mundo e frágil.

9. Os nossos dirigentes políticos ainda não se aperceberam que estão completamente defasados do nível de exigência técnica, comportamental e ética que se requer, contemporaneamente, especialmente, para a nossa realidade. 

10. A série dos estudos do afrobarometer diagnosticaram uma série de tendências de mudanças estruturais na nossa sociedade em matéria de valores, princípios, avaliações, expectativas que colocam os nossos dirigentes como personagens estranhas aos desígnios da maioria da população.

O Governo do MpD está governando contra a vontade da maioria do povo e numa democracia não é admissível a imposição de um poder ilegitimamente sob pena de não se estar a respeitar o estado democrático de direito cuja soberania pertence ao povo!

 

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