A relação entre a violência e a saúde mental
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A relação entre a violência e a saúde mental

A melhor homenagem à Mulher Caboverdiana por parte deste Governo, seria retirar a imunidade parlamentar ao deputado Damião Medina, que foi acusado e sentenciado pelo crime de VBG. O EXEMPLO DEVE VIR DE CIMA! Ou correm o risco de serem considerados HIPÓCRITAS. A minha solidariedade a todas as Mulheres e principalmente àquelas que ainda não conseguiram quebrar as amarras e ganhar coragem para se libertarem.

Qualquer ação ou conduta, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA, pois traz impactos importantes para as famílias e, consequentemente para a sociedade.

Segundo uma revisão dos dados mundiais sobre violência contra as mulheres, realizada pela OMS em 2013, verificou-se que 35% das mulheres no mundo já foram vítimas de violência física e/ou sexual. Em alguns países, esse número pode chegar aos 70%. Com base nessa estatística, concluiu-se que três em cada cinco mulheres foram ou serão vítimas de violência. Assim, é importante ter em mente que se trata de uma epidemia e que deve ser combatida (OMS, 2005; OMS, 2013).

A violência contra a mulher, configura uma das mais frequentes violações dos direitos HUMANOS no mundo.

Além de afetar a liberdade, a autonomia, o desenvolvimento pleno de meninas e mulheres e a própria sobrevivência, repercute também de forma importante na saúde mental de quem sofre ou já sofreu violência.

Estima-se que mulheres que sofreram violência doméstica tem aumento do risco em três vezes mais, de desenvolver transtornos depressivos, quatro vezes de desenvolver transtornos ansiosos, sete vezes de desenvolver síndrome de estresse pós-traumático (PTS).

Também foram encontradas associações significativas entre sofrer violência por um parceiro íntimo e abuso de substâncias, transtornos alimentares e sintomas psicóticos.

Apesar dos dados alarmantes, a maioria dos casos de violência não são denunciados. Não é fácil admitir que se é vítima de violência doméstica e depois ter a CORAGEM de se expor publicamente e apresentar uma queixa contra aquele com quem se mantém uma relação.

Muitas vezes os sentimentos de amor, raiva e ódio misturam-se e confundem-se, fazendo o vítima perdurar numa relação abusiva e ir “perdoando” ou relativizando os comportamentos agressivos do companheiro.

Conforme um estudo realizado na União Europeia, apenas 14% das mulheres registaram na polícia o mais grave incidente de violência cometida por um parceiro íntimo.

Lamentavelmente, as forças policiais não são devidamente preparados para lidar e identificar, casos de violência baseada em género (VBG). Muitas das vítimas sentem-se “abandonadas” depois de apresentarem formalmente uma queixa contra um agressor.

Muitas destas queixas (principalmente em casos de violação num casal), não seguem para o Ministério Público por falta de provas substanciais, fragilizando ainda mais a vítima perante o agressor e da própria sociedade.

São vários os impactos que esses abusos podem ter na saúde mental das pessoas (vítima e agressor):

-o desenvolvimento de doenças auto-imunes, como por ex: a Fibromyalgia.

-pensamentos suicidas e suicídio

 -transtornos alimentares

 -angústia e ansiedade

 -perturbações mentais e comportamentos desviantes

É necessário também fazer uma abordagem da população masculina, promovendo reflexões sobre masculinidade e reprodução de valores e comportamentos opressivos.

Muitos dos agressores foram também vítimas de agressão ou viveram num ambiente disfuncional.

As frustrações nos homens, de modo geral, estão ligadas à função de provedor e à virilidade.

Os homens pedem menos ajuda, são “educados” desde criança a reprimirem os seus sentimentos. O sofrimento a que se calam, pode vir a progredir para comportamentos agressivos.

E as regras desta sociedade machista, condiciona-os a procurarem as causas, e portanto, as terapias para curar esse  sofrimento.

Em vez disso, preferem praticar a política da avestruz refugiando-se na violência, no álcool ou outras drogas, infidelidade como forma de colmatar as carências afectivas, e no pior dos casos no suicídio.

Já são muitos os casos de VBG e de suicídio dos agressores, que temos presenciado em Cabo Verde e nas suas comunidades emigradas. Neste mês foram dois casos.

A melhor homenagem à Mulher Caboverdiana por parte deste Governo, seria retirar a imunidade parlamentar ao deputado Damião Medina, que foi acusado e sentenciado pelo crime de VBG.

O EXEMPLO DEVE VIR DE CIMA! Ou correm o risco de serem considerados HIPÓCRITAS.

A minha solidariedade a todas as Mulheres e principalmente àquelas que ainda não conseguiram quebrar as amarras e ganhar coragem para se libertarem.

FORTE APLAUSO

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