José Tavares, mais conhecido como Zé di Gina, é um exemplo de superação e criatividade, que além da sua condição motora, aproveitou o dom da arte e, com latas e baterias, produz miniaturas de carros para a venda.
Natural de Ribeirão Boi, uma comunidade remota do município de Santa Cruz, à Inforpress contou que tem 30 anos e desde os 06 anos utiliza um carrinho de rodas para se locomover, devido a uma febre de meningite que lhe deixou com a mobilidade reduzida.
No entanto, essa condição não impediu que ele seguisse a sua paixão pela arte, transformando latas e outros materiais recicláveis em miniaturas de carros elétricos.
Nascido numa família humilde e com alguns artesãos que manuseiam arame e latas, como revelou, Zé di Gina decidiu seguir os passos de seu pai, irmão e tio, que também criavam carros de lata.
No entanto, ele levou esta arte a um novo patamar ao incorporar componentes elétricos nas suas criações, desafiando as limitações impostas por sua condição física.
“Desde pequeno, eu já andava com o meu irmão mais velho em busca de latas nas ribeiras da nossa zona. Essa paixão nunca me abandonou”, contou Zé, que ainda realiza todo o processo manualmente, desde o corte das latas até a criação e a montagem das rodas.
O sonho, admitiu, é adquirir máquinas que agilizariam o seu trabalho, permitindo que as suas ideias se tornem realidade de forma mais célere.
Zé di Gina utiliza não apenas latas, mas também baterias de dispositivos electrónicos danificados, que ele reaproveita, demonstrando um compromisso com a sustentabilidade.
Apesar de não ter formação na área elétrica, ele dedica-se a aprender por meio de pesquisas e da sua própria criatividade.
Aliás, sublinhou, a Internet e as novas tecnologias têm sido o seu melhor aliado nesse processo, pois, a divulgação dos seus produtos é um desafio, já que ele não consegue se locomover facilmente, só tem sido possível através de exposições promovidas pela Câmara Municipal de Santa Cruz e as redes sociais.
Até porque, avançou, os seus carros são especialmente procurados por emigrantes e turistas que se encantam com as suas criações únicas.
“Não me sinto prejudicado pela minha condição. Consigo fazer quase tudo o que me proponho”, afirmou Zé, que ainda nutre o sonho de emigrar para realizar formações e conhecer fábricas de carro e aperfeiçoar ainda mais as suas habilidades.
Ele se vê como um exemplo de perseverança e encoraja outros jovens a não desistirem dos seus sonhos, independentemente das dificuldades.
“Para as pessoas com deficiência, deixo uma mensagem: não se deixem limitar, acreditem e sigam em frente”, conclui Zé di Gina, o artesão que transforma “lixo” em arte e inspira esperança na sua comunidade e além.
Os seus produtos vão estar em exposição a partir de hoje, no Centro Juvenil Katchás, em Santa Cruz, no âmbito do projecto da autarquia local “Nha Arti na Nha Txon” (a minha arte no meu lugar, em português), que visa apoiar artistas santa-cruzenses na divulgação do seu trabalho.
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