Instituto Superior de Agronomia de Lisboa homenageia Amílcar Cabral com música e poesia
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Instituto Superior de Agronomia de Lisboa homenageia Amílcar Cabral com música e poesia

O Instituto Superior de Agronomia (ISA), em Lisboa, onde Amílcar Cabral se formou engenheiro agrónomo, acolhe no próximo dia 19 de maio um evento poético musical de homenagem ao “pai” da independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau.

A antiga universidade de Cabral volta, assim, a receber o líder africano, desta vez interpretado por Manuel Estevão.

Da parte musical, a voz é de Sofia Carvalho, que será acompanhada pelos músicos Armando Tito, Abílio Lima, Lopes Blimundo, João Paulo Santos e Nando Andrade.

O evento, que visa “homenagear a entrega de Cabral a um ideal por um mundo melhor”, segundo a organização (Produções Memória), recorre a músicas relacionadas com a luta do líder africano e tem na base alguns dos seus textos.

A passagem de Amílcar Cabral pelo ISA está registada em várias obras que estão disponíveis para consulta, as quais revelam a importância da terra na formação do líder africano.

Por esta razão, o ISA recebeu, no passado dia 12 de janeiro, a visita de uma comitiva guineense em representação de um “Grupo de Iniciativa”, no quadro da organização das comemorações do centenário do nascimento de Amílcar Cabral, que se assinala no próximo ano.

Para Cabral, assassinado em 20 de janeiro de 1973, com 49 anos, “defender a terra é defender o homem”. E foram estas as palavras que escreveu no relatório final do curso de engenheiro agrónomo, intitulado "O problema da erosão do solo. Contribuição para o seu estudo na região de Cuba (Alentejo)", datado de 1951.

A obra faz parte do repositório do ISA e pode ser consultada. De capa rija e bordeaux, letras douradas e fita de cetim, o relatório é dedicado “aos jornaleiros do Alentejo, trabalhadores da terra dos latifúndios, homens de vida incerta que a erosão ameaça”.

Amílcar Cabral, que concluiu a licenciatura com 15 valores, uma das mais altas classificações no ISA na altura, foi bolseiro da Casa dos Estudantes do Império e, em 1948/49, venceu o Prémio Mello Geraldes atribuído ao aluno mais classificado na disciplina de Tecnologia Colonial.

Aquele que é lembrado como o “pai” da independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, foi autor de vários estudos na área em que se licenciou, sendo talvez o mais determinante para o seu percurso profissional e político o “Recenseamento agrícola da Guiné” (1954).

Fez este trabalho de campo “estudando, medindo e inquirindo” num país que vivia da terra e desejando uma terra livre para o seu povo.

Pensador, escritor e poeta, Cabral foi autor de poemas imortalizados por grandes nomes da música da Guiné-Bissau e Cabo Verde, como o “Regressar” – cantado por Cesária Évora, entre outros – que fala precisamente da problemática da seca e da importância da chuva: “A chuva amiga mamãe velha, a chuva/Que há tanto tempo não batia assim/Ouvi dizer que a cidade velha, a ilha toda/Em poucos dias já virou jardim”.

As crises de fome em Cabo Verde, acentuadas pela seca, marcaram Cabral, filho de pais cabo-verdianos, que nasceu em Bafatá, na Guiné-Bissau, em 12 de setembro de 1924.

E é dele a defesa de obras como represas, albufeiras, cisternas e até barragens para a retenção da água, como resolução do problema da seca, proposta inovadora na altura (1950).

Pensador e um dos primeiros nacionalistas africanos, Amílcar Cabral deixou a engenharia agrónoma, mas não negligenciou o poder da terra.

Fundou as nacionalidades guineense e cabo-verdiana e elegeu a educação como a base do poder de um povo, influenciando pedagogos, como o brasileiro Paulo Freire.

No passado dia 12 de janeiro, o ISA recebe uma comitiva da Guiné-Bissau composta por quatro elementos em representação de um “Grupo de Iniciativa” no quadro da Organização das comemorações do centenário do nascimento de Amílcar Cabral.

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