Francisco Carvalho acusa Governo de “jogar baixo” e de “competir” com a câmara
Política

Francisco Carvalho acusa Governo de “jogar baixo” e de “competir” com a câmara

O presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho, acusou hoje o Governo de “tentar sufocar” o município com os seus “jogos políticos baixos” e de “competir” com o município.

O autarca fez essas acusações na manhã de hoje durante a V sessão extraordinária especial da Assembleia Municipal da Praia, que irá analisar e debater o estado do município nos últimos três anos, tendo considerado que a actuação do Governo de Ulisses Correia e Silva tem sido “extremamente grave” e poderá causar “grandes estragos” no país.

Segundo lembrou o autarca praiense, a actual equipa camarária apoiada pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) ganhou as eleições autárquicas de 2020 de forma “democrática e legítima”, mas o MpD “recusou-se a aceitar a derrota” e desde então tem “tentado sufocar” o município.

Para Francisco Carvalho trata-se de uma situação “extremamente grave”, mas que não tem impedido a actual equipa de trabalhar e continuar a fazer mais para os munícipes da capital do país.

Explicou que em 2019, nas vésperas das eleições autárquicas de 2020, o Governo suportado pelo Movimento para a Democracia (MpD) transferiu para o município cerca de um milhão de contos, enquanto que a câmara actual recebeu apenas metade deste montante.

“A partir do momento que chegamos a câmara, o Governo do MpD cortou tudo aquilo que eram transferências para além daquilo que é obrigatório por lei como o fundo de financiamento municipal onde não temos contrato programas, não temos financiamento extras, temos apenas um financiamento de pouco mais de mil contos do Ministério da Inclusão Social”, denuciou.

Outra situação que Francisco Carvalho considera “grave” é que neste momento o Ministério das Infra-estruturas está a fazer obras a nível das casas de banho e de substituição de tectos nos bairros da capital, intervenções essas que, no seu entender, são da competência municipal.

Por outro lado, disse ainda que em vez de o presidente do MpD apresentar propostas e ideias para o futuro do país, esperança para os cabo-verdianos e projectos inovadores, Ulisses Correia e Silva diz que “a meta é tomar a câmara da Praia”.

Para o edil praiense, o MpD tem feito um “jogo baixo” e “de forma manhosa” e não tem consciência do estrago que está a provar na mentalidade dos jovens, que são o futuro do país.

Em representação da bancada municipal do Movimento para a Democracia (MpD, oposição), o deputado João Cabral fez uma avaliação negativa da actual equipa camarária, tendo afirmando que a capital do país está hoje em “acelerada degradação, sem ideias, sem projetos, sem programas e com prejuízos enormes” que poderão “tornar-se ainda maiores”.

Segundo o político, as construções clandestinas “têm estado a aumentar a cada dia”, a questão da postura e urbanidade são “uma ilusão”, os passeios “foram tomados e assaltados” pelas vendedeiras ambulantes e o saneamento está numa “fase crítica e calamitosa”.

Por seu turno, o líder da bancada municipal do PAICV (poder), Aquiles Barbosa, que desvalorizou as afirmações da oposição, sublinhou que apesar das dificuldades enfrentadas a nível da pandemia da covid-19, das secas, da guerra na Ucrânia e também pela não colaboração do Governo, o estado do município “é bom”.

Entretanto, explicou que perante esses obstáculos, que “condicionaram negativamente” a vida do município, a câmara conseguiu arrecadar verbas através dos meios próprios interno, mas também pela via da cooperação internacional para trabalhar e conseguiu resolver grande parte dos problemas que afligem a capital do país.

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