A minha geração não viveu a guerra, mas colhe os frutos da luta. A minha filha Nicole conviveu com duas bisavós, e isso, para mim, é uma bênção rara. Ela recebeu delas moedas com carinho para comprar rebuçados e, sobretudo, recebeu bênção de quem sobreviveu para contar a história. Uma herança invisível mas valiosa. Hoje, ela cresce livre, com direitos e escola, sem ter de carregar lata à cabeça para buscar água ao poço. É por isso que, hoje, ao celebrar os 50 anos da nossa independência, não penso só em datas. Penso em pessoas. Penso na resistência das mulheres como as...
Nas campanhas falam de desenvolvimento; na prática, “desenvolvem” apenas os que se ajoelham, os que bajulam, e os que obedecem cegamente. O padrão repete-se na saúde, nos transportes, no turismo, na banca, na construção civil. Apelidos que se repetem em conselhos de administração, projectos imobiliários, privatizações silenciosas, sociedades de fachada. São os filhos da casa, os sobrinhos do sistema. E enquanto isso, o cidadão comum paga o preço literalmente. Noutros países, isto teria outros nomes: conflito de interesses, tráfico de influências, e corrupção...
O Presidente da República manifestou-se hoje “preocupado” com restrições à mobilidade, à discriminação dos imigrantes em diferentes países na Europa, emigração massiva de jovens cabo-verdianos e a evacuação de doentes cabo-verdianos para o exterior.
Dizia-se que era leitor assíduo de Cheikh Anta Diop. Mas era só o caderno de dívidas do bar. Cada copo fiado, uma linha. Cada calote, uma repetição obsessiva da única frase que aprendeu a escrever: “Liketi ki fia.” Quando tentou levar o caso à justiça, o juiz, também devedor, devolveu-lhe o caderno com o sarcasmo burocrático de quem carimba sonhos em papel higiênico: — Isto não é prova. — Mas é testemunho, respondeu ele.
O historiador Daniel Pereira acredita a Cidade Velha, “está debaixo do chão”, onde vários monumentos estão a ser descobertos e a contar a história do berço da nação cabo-verdiana.
O restaurante “Poial Assomada”, em Santa Catarina (Santiago), desde a sua abertura em 2017, tem sido um recinto destinado à promoção da cultura cabo-verdiana, dando palco aos artistas em diversas áreas culturais.
A normalização linguística, se não erro, deve implicar dois processos paralelos: o social e o linguístico propriamente dito. É a confusão deliberada, com finalidades supremacistas diatópicas, que inquina todo o processo e faz com que seja inaceitável e, por isso, deve ser liminarmente rejeitado o disfarce pandialetal, sem deixar de ponderar quem deverá ressarcir o estado de Cabo Verde pelo investimento feito, se o que foi pedido foi um projeto de didatização e não de padronização, que não deve ser feito por estrangeiras contaminadas pelo bairrismo, nem apenas por nacionais...