O governo, ao tomar a dianteira na defesa da justiça, pode estar, inadvertidamente, minando a percepção de independência do judiciário. Em vez de permitir que as instituições judiciais respondam por si mesmas, a intervenção governamental pode ser vista como uma tentativa de controlar a narrativa e proteger interesses políticos.
A sociedade exige uma abordagem mais transparente e eficiente por parte dos políticos. A gestão cuidadosa da reputação torna-se o alicerce para convencer eleitores desacreditados. Resta saber se a politica cabo-verdiana está pronta para esta transformação.
Mas por que razão estou aqui a falar do Estado de Direito? Por que questionar o funcionamento do Estado de Direito em Cabo Verde precisamente num ano em que se celebra solenemente o trigésimo primeiro aniversário da Constituição da República? A razão do meu questionamento, como mais à frente explicitarei, se prende com flagrantes atropelos à lei e à constituição que envolvem o caso Amadeu Oliveira.
A esfera da grandeza política reserva um conteúdo exclusivo e autêntico. A competência tem a ver com o princípio do desenvolvimento exclusivo, clareza e da lei da irrefutabilidade. A exclusividade entra no campo do incomum. E o comum entra na esfera do populismo. A humildade e o compromisso entram nas listas primordiais de uma política de alto padrão.
A esta nova geração, aos novos Democratas e aos novos “Carlos Veigas “ não podemos defraudar o MPD e não podemos defraudar Cabo Verde e os cabo-verdianos.
Ulisses Correia e Silva, ante a sequência do fracasso das medidas de seu Governo e de seu Ministro da Administração Interna resolve agravar as penas para os crimes de armas através do parlamento para dar satisfação às fortes críticas que vem sofrendo por todos os lados da população. Trata-se de um populismo legislativo: uma medida sabidamente ineficaz mas que propagandísticamente é apresentada como solução para todos os males da violência e da criminalidade.
"Quando se esperava do Presidente da República uma intervenção no sentido de reduzir a tensão política e de promover o diálogo e a concertação entre as forças políticas, face ao diagnóstico que fez no qual identifica a existência de uma elevada crispação política, acontece, porém, o contrário: o Presidente da República preferiu apagar o fogo com a gasolina, lançando mais achas para a fogueira".