O presidente da Associação dos Armadores de Pesca de Cabo Verde (Apesc) disse hoje que a classe se sente enganada com o mais recente aumento do preço do gasóleo marítimo e que a solução é parar as embarcações.
A decisão saiu de uma assembleia realizada na tarde de hoje, no Mindelo, e o presidente da Apesc, João de Deus Lima, disse que após a comissão analisar a situação do aumento do preço do combustível pretende agora na próxima quinta-feira, 06, reunir-se com o Governo de quem espera uma solução.
“Nestas condições não vamos conseguir sobreviver e a proposta que vamos fazer aos demais operadores e armadores é parar as embarcações e sentar à mesa com o Governo para nos dar uma solução”, reforçou a mesma fonte.
O presidente da Apesc estranha, por outro lado, as contas que resultaram no aumento porque, lembrou, o primeiro-ministro levou um diploma ao parlamento, na sua última sessão, que foi aprovado, com redução em 20% da taxa de imposto de consumo, que passou para seis escudos/litro.
“Como é possível, uma semana depois, a agência reguladora consegue aprovar preços para o gasóleo marítimo com aumento de 37,2%”, questionou a mesma fonte, quando, prosseguiu, o sector encontra-se “em situação de falência” e “nenhum armador” vai conseguir colocar os navios no mar para pescar.
Isto tudo, indicou, sem contar com a questão do complexo de pesca da ilha do Sal, “que nunca abriu”, e ninguém responde aos armadores do porquê de aquela unidade continuar encerrada.
Explicou que a maior parte da captura da espécie melva ocorre na região da ilha do Sal e que o complexo de pesca ali existente integra o acordo da convenção de estabelecimento do Governo com a conserveira Frescomar.
“Se esse complexo estivesse a funcionar, os armadores poderiam aguantar um pouco mais (…), por isso alguém deve nos explicar se de facto se existe uma política para apoiar o sector ou não”, concretizou João de Deus Lima.
Abordado sobre esta temática, o ministro do Mar, Abraão Vicente, reconheceu que apesar das medidas tomadas pelo Governo “não foi possível impedir” esse aumento do preço do gasóleo marítimo, que o próprio classifica de “brutal”.
“Estamos a desenhar um conjunto de medidas, entre elas a concretização do fundo de combustível para dar a possibilidade aos armadores de terem um fundo de maneio, através da Apesc, e estamos também a estudar medidas de compensação”, concretizou o ministro.
Abraão Vicente confirmou a reunião com a Apesc e outras associações do sector para esta semana para apresentar algumas soluções que o Governo já tem desenhado.
“Dentro daquilo que é o pacote, o impacto vai ser absorvido pelo Governo, e o fundo das pescas e o fundo da segurança marítima vão entrar para compensar parte daquilo que é o aumento”, concretizou o ministro do Mar.
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