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Em vez de dar festas, Câmara de São Vicente deve promover emprego jovem
Colunista

Em vez de dar festas, Câmara de São Vicente deve promover emprego jovem

Apelamos ao senhor presidente da Câmara de São Vicente que dê mais voz aos jovens, comprometendo-se em promover trabalho digno para jovens através de iniciativas como o desenvolvimento e divulgação de conhecimento, aconselhamento técnico, consciencialização política e serviços de capacitação.

As câmaras municipais têm por obrigação promover, em parceria com entidades públicas e privadas, a empregabilidade dos mais jovens, acompanhando as comunidades na identificação da resposta qualificativa mais adequada, na integração no mercado de trabalho e no apoio à criação de emprego e autoemprego.

No entanto, isso não sucede na maioria dos municípios cabo-verdianos. É o caso da Câmara de São Vicente que não faz nada para auxiliar os mais jovens na procura de emprego.

Em vez de oferecer eventos e festivais com muita droga e álcool, a autarquia pode reforçar as políticas ativas de emprego, como o apoio à criação de emprego e à transição dos jovens para o mercado de trabalho, assim como a implementação de políticas de formação, qualificação e emprego, para continuar a trajetória que aproxime Cabo Verde dos países desenvolvidos.

A cidade do Mindelo não oferece nenhuma oportunidade aos jovens para construírem um futuro mais risonho e baixar a taxa desemprego em São Vicente.

Um facto é que a economia da ilha de S. Vicente está estagnada, mas isso não serve de desculpa. As autoridades competentes, designadamente a câmara de São Vicente, tem a obrigação de criar soluções inovadoras e de elevado impacto social assentes no desenvolvimento de uma Economia Social e Solidária, centrando a sua ação nas áreas do Empreendedorismo, Emprego, Formação, Animação Territorial, Consultoria e Investigação.

O impacto socioeconómico que estamos a assistir em São Vicente  em determinados grupos, tem agravado a desigualdade, em especial nos trabalhos menos protegidos e remunerados, assim como junto dos jovens, dos trabalhadores mais velhos e das mulheres, pelo que é necessária uma intervenção especializada, que pode e deve ser feita pelas autarquias junto das comunidades mais fragilizadas.

Existe em São Vicente uma necessidade urgente de fomentar a autonomia jovem - traduzida em emprego e habitação -  para a realização de uma sociedade mais desenvolvida e competitiva. Mas, pelos vistos, isso não interessa ao executivo da autarquia, que deveria desenvolver uma estratégia, em estreita colaboração com entidades públicas e privadas, de combate ao desemprego jovem.

Essa estratégia poderia deixar os jovens mais preparados e com mais capacidade de resposta para enfrentar esta crise económica e social que estamos a viver, mas falta vontade politica para o fazer.

A câmara, em cooperação com as empresas, poderia implementar um programa que permitisse a realização de estágios profissionais remunerados em entidades privadas, oferecendo comparticipação de custos às entidades empregadoras e formação e consultoria aos estagiários.

Sei que o presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, do MDP, que considera existir “perseguição” por parte da UCID e do PAICV para impedir o normal funcionamento da autarquia, se vai desculpar com a não aprovação do Orçamento Municipal para não desenvolver ações que contribuam para fomentar o emprego jovem.

A velha desculpa que não há dinheiro, não serve. Existem muitos programas que se podem desenvolver e que não custam muito dinheiro, designadamente disponibilizando, por exemplo, Consultoria de Percurso Profissional e Consultoria de CV, que são respostas individuais e à medida das necessidades de cada jovem munícipe no que concerne orientação de carreira, balanço de competências e metodologia de procura de emprego.

A autarquia, em vez de gastar milhares de escudos na organização de eventos musicais, poderia organizar workshops variados, dinamizados por parceiros, e oficinas formativas certificadas que melhoram o conhecimento do mercado de trabalho e promovem o desenvolvimento de competências.

Apelamos ao senhor presidente da Câmara de São Vicente que dê mais voz aos jovens, comprometendo-se em promover trabalho digno para jovens através de iniciativas como o desenvolvimento e divulgação de conhecimento, aconselhamento técnico, consciencialização política e serviços de capacitação.

 

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