...devemos ter a maturidade política e a sagacidade necessária para podermos compreender que é preciso que cada um que queira entrar no jogo político tenha a resiliência necessária para os adventos que o mundo da política trás. Eleições internas são parte de um jogo de longo prazo. Para tanto, é necessário que cada um saiba Construir redes sólidas, bem como, saber fazer novas e profícuas alianças e refazer as alianças sempre que elas forem necessárias. Nas eleições internas, o antídoto próprio que ajuda tanto nas vitórias quanto nas derrotas é o Foco no coletivo e uma certa dose de ambição pessoal, desde que não sobreponha e desvalorize o grupo / partido e os objetivos do partido. Mostre que seu objetivo é o bem da organização, não apenas o poder pessoal, ou a vaidade de ganhar por ganhar. Na política, saber perder é tão importante quanto saber vencer.
Hoje, trago para a reflexão coletiva, algumas ideias sobre a forma como devemos, numa democracia que se diz moderna, participativa, livre e dinâmica, conviver com vitórias e derrotas em eleições internas, seja em partidos políticos, sindicatos, associações ou outras organizações. Contudo, as linhas orientadoras que partilho aqui estão mais voltadas para eleições internas no seio dos partidos políticos. Na filosofia política, são enunciadas três dimensões que um político deve ter para saber lidar com vitória ou derrota nas eleições internas no seio de um partido político, ou seja, conviver com vitória ou derrota em eleições no seio dos militantes do mesmo partido, requer dos candidatos, fundamentalmente: equilíbrio emocional, maturidade e estratégia. Contudo, há quem defende que nunca devemos descurar aspectos como: visão do futuro, reconhecimento do outro como capaz, perspetiva holística e valorização do trabalho de equipa.
Aqui estão alguns princípios científicos que os políticos devem observar nas eleições internas nos partidos políticos para poderem encontrar linhas orientadoras de coesão e fortalecimento para depois, juntos, todos poderem almejar o sucesso nas eleições gerais. Para lidar com ambos os cenários, quer na vitória como na derrota:
1 - Em Caso de Vitória: Seja humilde – A humildade é um princípio ético que mais contribui para um profissional crescer. E, na política partidária os líderes ou candidatos à líderes, devem ter este princípio como bússola orientadora. Em caso de vitória, os líderes devem evitar comemorar de forma exagerada ou menosprezar os adversários. O vencedor deve reconhecer de forma objetiva o esforço e a dedicação de todos. A máxima deve ser a de contar com todos e abrir espaço para que todos de forma honesta e responsável possam se sentir acolhidos e valorizados.
2 - Agregue, não divida – Nas vitórias, o líder tem que demonstrar um espírito congregador. Nunca o líder deve procurar a ‘mesmidade’ no seio de um partido político. É claro que ele deve ter o papel e função de liderar sempre e nunca os outros devem querer substituir o líder. Na vitória uma das formas de demonstrar à sociedade e aos demais militantes a magnanimidade da liderança é saber fazer a inclusão, dentro dos limites do normal politicamente aceitável das vozes dissidentes no processo decisório para fortalecer a unidade e a dinâmica do grupo. Temos que aceitar com naturalidade que cabe ao vencedor o desafio maior no seio dos partidos políticos de trabalhar para a unidade, a coesão e dinâmica institucional acolhedora e frutificadora das vitórias da qual todos os partidos políticos necessitam como de pão para a boca no processo de afirmação e penetração na dinâmica social.
3 – O vencedor das eleições internas deve saber Cumprir as suas promessas – A vitória traz responsabilidade. O líder quando ganha deve ter um programa e um plano de ação para poder a curto, médio, e longo prazo mostrar resultados, porque sabemos que no exercício das funções políticas os resultados das nossas atividades é uma forma sólida e inequívoca de um líder manter a confiança dos seus eleitores e alargar a sua base eleitoral e a base eleitoral do partido político que ele lidera.
4 - Na vitória, o líder e a sua equipa devem, a todo custo, Evitar arrogância – Já dizem os cientistas políticos, todos devemos lembrar, permanentemente, de que a política é cíclica; hoje nós vencemos, amanhã podemos perder, caso não consigamos interpretar as razões porque o povo do partido ou os militantes votaram em nós.
Outrossim, em Em Caso de Derrota, devemos ter alguns princípios bem presentes, porque na verdade, assim como quem ganha é responsável por credibilizar a atividade política, quem perde tem um papel muito importante na dinâmica da democracia interna e na solidificação dos processos de disputas, criando assim maturidade e bagagem para as disputas nas eleições gerais. Quando se perde uma disputa, mormente nas eleições internas, os candidatos devem ter atitudes que enobrece a si próprio e a quem venceu as eleições, bem como, atitudes e posições que dignifica e valoriza os seus apoiantes com o seu próprio exemplo. Senão vejamos:
1 – O candidato derrotado deve aceitar com dignidade os resultados, demonstrando-o através do simples ato de parabenizar o vencedor publicamente e ter um comportamento exemplar. Aceitar os resultados, significa também, que ele deve a todo o custo evitar criar um clima de divisão e de prolongamento da campanha eleitoral. Há tempo para ganhar e tempo para saber perder.
2 – O candidato ou a candidatura derrotada deve fazer a Análise dos motivos, com naturalidade e com a maturidade necessária, para poder tirar ilações para futuros embates eleitorais internos, locais, regionais ou nacional. A reflexão e a análise devem girar em torno de elementos como: se foi falta de articulação, estratégia ou apoio, as mensagens, as propostas apresentadas, a coesão da equipa de apoio, a força do adversário, os recursos humanos, técnicos, financeiros e outros colocados à disposição do candidato e da candidatura, os núcleos de apoio, etc, etc. Da análise feita, o candidato deve ter a hombridade e a humildade suficientes de saber aprender com os erros e nunca tentar encontrar um bode expiatório. O povo do partido, os verdadeiros donos do partido que são os militantes, votam sempre bem!
3 - Mantenha-se ativo – Derrotas não significam o fim, pode muitas vezes na política ser o sinal de apenas um começo. O candidato derrotado nas eleições internas deve continuar a participar e a contribuir para fortalecer sua posição futura, solidificar o partido e muitas vezes abdicar de sua perspetiva em função da visão e dos objetivos do partido. Diz-se na gíria e deve ser o apanágio a seguir pelo candidato derrotado: “O que nos une é maior do que nos separa”. Numa outra dimensão já dizia o velho Aristóteles: “O todo é maior do que a soma das partes.”
4 – Nas eleições internas ou até nas eleições gerais, o candidato derrotado, nunca deve levar a derrota para o campo pessoal. Não leve para o campo pessoal – Política envolve divergências, mas não precisa transformar em rivalidade, guerra de guerrilha, amigo versus inimigo. Devemos aceitar a divergência de opinião e posição nas lutas internas com naturalidade. O perigo nas eleições internas para quem perde é pensar que esta máxima lhe serve: “Quem não está comigo é contra mim e é para eliminar.” O líder ou o candidato deve saber preservar com parcimônia os relacionamentos presente, passados e os vindouros, mormente nos momentos da derrota.
Em termos gerais, devemos ter a maturidade política e a sagacidade necessária para podermos compreender que é preciso que cada um que queira entrar no jogo político tenha a resiliência necessária para os adventos que o mundo da política trás. Eleições internas são parte de um jogo de longo prazo. Para tanto, é necessário que cada um saiba Construir redes sólidas, bem como, saber fazer novas e profícuas alianças e refazer as alianças sempre que elas forem necessárias.
Nas eleições internas, o antídoto próprio que ajuda tanto nas vitórias quanto nas derrotas é o Foco no coletivo e uma certa dose de ambição pessoal, desde que não sobreponha e desvalorize o grupo / partido e os objetivos do partido. Mostre que seu objetivo é o bem da organização, não apenas o poder pessoal, ou a vaidade de ganhar por ganhar. Na política, saber perder é tão importante quanto saber vencer.
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