Não obstante uma série de indicadores de desempenho negativos abrangendo diferentes setores da economia, da sociedade, da administração e da política, podendo ser expressos em aumento da taxa de inflação, elevado índice de desemprego juvenil, insatisfação com os serviços da Administração, aumento do descontentamento popular com a governação do país medido pelos dados do afrobarometer, o Governo continua surdo e indiferente às manifestações e reclamações legítimas dos cidadãos, dos sindicatos, das representações setoriais e de classe.
A ASSEMBLIA NACIONAL, enquanto centro do sistema político, é chamada a pronunciar sobre a governação do país. É seu dever defender Cabo Verde e os cabo-verdianos. Se a Casa do Povo falhar, é todo o Estado de Direito que falha na sua efetivação e afirmação. Não é admissível satisfazer com mínimos de interesse público ou de transparência quando é possível alcançar mais e melhor, sou seja, o máximo.
O país vai mal. Os discursos políticos não têm qualquer correspondência com a demanda popular, e muito menos com uma visão estratégica de desenvolvimento nacional, de médio e longo prazos. Aqui a roda é inventada no dia da viagem, e como um abismo chama outro abismo, para não variar, a governação de Ulisses Correia e Silva, o chefe do governo, está sendo uma maldição em todas as dimensões.
O presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) considerou, hoje, surreal a comunicação do primeiro-ministro sobre a governação do país, criticando-o por sempre culpar o contexto da crise pela não apresentação de melhores resultados da governação.
A repercussão desta crise é de tal forma que repugna o PR, pelas ocorrências havidas, legítima os questionamentos da oposição e da sociedade civil ativa quando com as suas opiniões manifestam suas discordâncias e pede assertividade na governação e tolerância na perseguição às críticas. Onde nos levará está crise institucional? Que desculpas trará o Governo? Com que argumento virá o Governo a corrigir o dito erro de cálculo havido na aplicação das tarifas, para convencer o PR, ante o perigo de novo levantamento social dos operadores? São estas as questões que importam...
Ao invés de se alcandorar nas bases e quadros institucionais do seu partido, almejando uma liderança inclusiva e congregadora que legitimaria a sua candidatura, optou diferentemente. Poderá vencer porque usou meios e inexplícitos comportamentos eleitorais que reflectirão a ausência de uma democracia interna no seu partido!! Mais, o Senhor tem o pendor de transvasar esses defeitos para a governação da República. Por isso tem errado sempre e de nenhuma maneira poderá se eximir das culpas que vai acumulando até o dia em que deixar o poder! São imensas as falhas e os erros. Um...
É o país de quem pode mais pode menos! A propósito, recentemente, uma ministra ou seu gabinete endereçou uma nota ao Presidente da Câmara da Praia, usando esta referência. Engana-se quem pensa que a ministra ou o seu gabinete é titular da frase. Está no caderno de encargos do MPD! Eis mais um exemplo elucidativo: em 2016, um Agente da PN, agora Subchefe reformado, foi chamado e desarmado, sem processo disciplinar e sem ser ouvido, porque a sua mulher, membro da direção do partido no poder, resolveu mudar de braços, coisa legal, normalíssima e até, às vezes, salutar e escolheu...