O PAICV e a agenda de um partido de esquerda moderna e progressista para governar um pequeno Estado Insular - Parte III
Ponto de Vista

O PAICV e a agenda de um partido de esquerda moderna e progressista para governar um pequeno Estado Insular - Parte III

Se o PAICV apresentar aos Cabo-verdianos uma agenda alternativa de governação inovadora, ganhadora e conseguir diversificar sua economia, fortalecer a resiliência climática e aproveitar sua diáspora e parcerias internacionais, pode se tornar um modelo de desenvolvimento sustentável para pequenos estados insulares. A transição para uma economia digital e verde, aliada à estabilidade política, posiciona o país como um hub de inovação no Atlântico. Cabo Verde não está imune a Riscos: Crises climáticas extremas, estagnação econômica global ou falha em reduzir desigualdades podem limitar o progresso. A cooperação internacional e políticas públicas ágeis serão decisivas. Penso que tudo isto deverá servir de bússola orientadora para os próximos tempos. Falta pouco, e quero crer que o PAICV que sempre esteve presente nos momentos mais difíceis da história do povo das ilhas, saberá tirar as ilações necessárias e apresentar uma agenda que dê vazão aos anseios do povo das ilhas em 2026.

O futuro de Cabo Verde está moldado por uma combinação de oportunidades e desafios, refletindo sua posição única como um pequeno estado insular em desenvolvimento. Aqui está uma análise equilibrada dos fatores-chave que provavelmente influenciarão seu futuro e que um partido de esquerda moderna e progressista como é o PAICV deve levar em consideração na formatação da sua agenda e proposta de governação para os embates eleitorais de 2026:

1. Crescimento Econômico e Diversificação - Turismo Sustentável: A economia de Cabo Verde tem no turismo o seu setor vital, mas vulnerável a crises globais (como a pandemia). Investimentos em ecoturismo, turismo cultural e de luxo podem agregar valor e reduzir sazonalidades. Áreas como Energias Renováveis: Projetos como o Cabeólica (energia eólica) e metas para 100% renováveis até 2040 atraem investimentos e reduzem dependência de combustíveis fósseis. - Economia Azul: Exploração sustentável de recursos marinhos, pesca responsável e potencial na biotecnologia marinha. - Tecnologia e Inovação: Hub regional para serviços digitais, com iniciativas como o Parque Tecnológico do Mindelo e Praia e conectividade submarina via cabos de internet são fundamentais para repensarmos uma proposta diferente e dinâmica para os próximos tempos, dando assim mais eficiência e eficácia a setores consideradas vitais para avançarmos para um país desenvolvido.

2. Resiliência Climática- Ameaças: A governação do país para os próximos 5 anos exigirão maior atenção nas questões relacionadas ao clima. Hoje, fala-se muito nas questões de elevação do nível do mar, secas prolongadas e erosão costeira (ocorrência de erupção vulcânica ciclicamente). - Adaptação: Projetos como a dessalinização de água, agricultura resistente ao clima (ex: Cabo Verde passar a utilizar água dessalinizada para a agricultura). - Cooperação Internacional: Parcerias com organizações como a UE e a CEDEAO para financiar infraestruturas resilientes. Penso, que estes setores carecem neste momento de uma outra proposta, muito mais arrojada: O desafio é apresentarmos, depois de 10 anos de governação do MPD, uma agenda de esquerda para dar respostas a esses desafios prementes.

3. Dinâmica Demográfica e Diáspora - Remessas: Cerca de 70% do PIB vem da diáspora (mais de 1 milhão de cabo-verdianos no exterior). A esquerda moderna deve criar mecanismos que proporcionem cada vez mais o engajamento da Diáspora: (proposta de eliminação da taxa de 200 contos na importação de veículos). Outrossim, devemos repensar programas como o "Cabo Verde Investe" e incentivar maiores investimentos e transferências de conhecimentos, hoje mais do que nunca, fala-se muito em diplomacia científica. O PAICV na construção da sua agenda para governar Cabo Verde em 2026, deve levar em consideração o Desafio do Emprego Juvenil, a necessidade de qualificação profissional e atração de setores como TIC e serviços financeiros. É possível criarmos todas as condições para o regresso de descendentes de Cabo-verdianos e não só ao país, aportando experiência e conhecimentos novos.

4. Estabilidade Política e Geopolítica - Governança: Cabo Verde goza na arena política nacional e internacional de uma estabilidade política invejável. Tradição democrática estável (desde 1991), facilitando parcerias internacionais e um nível de reconhecimento no convívio das nações elevada. O PAICV, para o embate de 2026, deve apresentar propostas que além de aproveitar a nossa estabilidade democrática como trunfo, possa atrair mais e melhores investimentos e reconhecimentos por causa da nossa Posição Estratégica: Localização no Atlântico atrai interesse de potências como a UE (Acordo de Parceria Especial), China (investimentos em portos e infraestrutura) e os Estados Unidos com os vários Compacto da Millennium Challenge Corporation. A famosa Segurança Regional, permite a Cabo Verde desempenhar um papel fundamental na colaboração com outros países no combate ao tráfico marítimo e migração irregular, este último considerado hoje, como um dos males do século.

 5. Desenvolvimento Social - Educação: O PAICV deve apresentar uma agenda forte / pujante de acesso, permanência e expansão do ensino superior e formação técnica. Cabo Verde é o que é hoje, graças ao investimento sem tréguas na capacitação dos seus recursos humanos. Contudo, a nível social, o PAICV enquanto esquerda moderna deve apresentar, sem reservas um maior investimento na saúde, passando pela Construção de um Hospital Universitário de referência, bem como levar os cuidados de saúde em todos os pontos do país. A Saúde tem que usufruir de um sistema público robusto: Um país cujo desenvolvimento e economia está atrelado ao turismo não pode descurar o investimento nas áreas de saúde, educação e infraestrutura. A nível de Cultura: Doravante, capital cultural como (ex: Cesária Évora, festival Atlantic Music Expo, morna), a morna como património imaterial da humanidade devem constituir vetores de soft power e turismo.

6. Desafios Críticos – O PAICV na construção de uma agenda moderna para governar Cabo Verde, não pode esquecer que a excessiva Dependência Externa é um desafio e um risco no seu processo normal de desenvolvimento. A esquerda moderna e progressista deve ter em atenção a problemática das vulnerabilidades, os choques externos / globais e a dívida pública elevada (cerca de 140% do PIB em 2023). Um outro desafio que deve direcionar a agenda do PAICV para o embate eleitoral em 2026 é a Escassez Hídrica: Gestão eficiente e eficaz de recursos hídricos é crucial e isto torna-se mais premente, quando neste momento o país é governado por um partido insensível às necessidades dos agricultores, criadores de gado, ao ambiente e saneamento, o mesmo será dizer, um partido que abandonou o mundo rural à sua sorte.

Um outro desafio crítico ao processo de desenvolvimento de Cabo Verde que temos que ter na linha de conta são as Desigualdades Regionais: Disparidades entre ilhas, deficiente ligação aérea e marítima, falta de emprego e oportunidade para os jovens e a questão premente das assimetrias.

Visão Otimista: Se o PAICV apresentar aos Cabo-verdianos uma agenda alternativa de governação inovadora, ganhadora e conseguir diversificar sua economia, fortalecer a resiliência climática e aproveitar sua diáspora e parcerias internacionais, pode se tornar um modelo de desenvolvimento sustentável para pequenos estados insulares. A transição para uma economia digital e verde, aliada à estabilidade política, posiciona o país como um hub de inovação no Atlântico.

Cabo Verde não está imune a Riscos: Crises climáticas extremas, estagnação econômica global ou falha em reduzir desigualdades podem limitar o progresso. A cooperação internacional e políticas públicas ágeis serão decisivas. Penso que tudo isto deverá servir de bússola orientadora para os próximos tempos. Falta pouco, e quero crer que o PAICV que sempre esteve presente nos momentos mais difíceis da história do povo das ilhas, saberá tirar as ilações necessárias e apresentar uma agenda que dê vazão aos anseios do povo das ilhas em 2026.

 

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