Um novo despacho do procurador da República da Praia, Vital Moeda, afirma que nem o jornal Santiago Magazine, nem o jornalista Herminio Silves foram constituídos arguidos, contradizendo notificação anterior que intima o jornal e o jornalista/director de SM a responderem no próximo dia 26 como réus no processo criminal por violação do segredo de justiça.
A Procuradoria Geral da República, através do Departamento Central de Acção Penal (DCAP), ordenou o “desentranhamento de todas as diligências desencadeadas pelo procurador Ary Varela”, no âmbito da investigação à morte de Zezito Deti d’Oru, em que estão arguidos inspectores-chefes da Polícia Judiciária por “homicídio agravado”, num processo que faz referência ao ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, então director adjunto da PJ e alegado líder dessa operação.
Sete anos depois, a Procuradoria da República da Praia acaba de constituir arguidos no processo de investigação à morte de Zezito denti d’Oru – tido como o assassino da mãe da inspectora da PJ, em 2014 – três inspectores-chefe da Polícia Judiciária, suspeitos de “homicídio agravado”.
O diário digital Santiago Magazine e o seu redactor Hermínio Silves foram constituídos arguidos pelo Ministério Público na sequência do processo de investigação sobre violação de segredo de justiça no caso Zezito Denti D´Oro.
Mesmo com um elefante na sala (investigação a um ministro por suposto envolvimento num alegado homicídio que decorre no Ministério Público) o Governo e o MpD descontraidamente bebem chá e deixam o animal à solta, com a desculpa de que se trata de imaginação da imprensa. Não, não é ficção e os próximos dias irão provar quem anda a enganar os cabo-verdianos.
O PAICV responsabilizou hoje o Governo pelo aumento da criminalidade em Cabo Verde e pediu o pronunciamento do executivo sobre o alegado envolvimento do ministro da Administração Interna numa “operação criminosa”.
Sempre que se vê acossado, o Sistema Judicial ralha e tenta silenciar, por meio de vulgar intimidação, quem o desafia a prestar contas. Gesticula, teatraliza, mostra músculos anabolizados para escamotear a sua debilidade crónica. Desta vez é a Procuradoria Geral da República a auto-admitir o quanto (não) vale.