Volta e meia, assim do nada, reaparece o Procurador Geral da República a erguer a espada de Dâmocles sobre críticos do sistema e acima da cabeça da imprensa livre e independente, que pesquisa e denuncia os seus podres e maus odores. A bitola é tão rasa que chega a ser risível: por que eu, Hermínio Silves, e o jornalista Daniel Almeida, somos acusados de desobedecer o segredo de justiça no caso da estranha morte de Zezito Denti d’Oru e não se levantou igual processo quando eu mesmo revelei os sonantes nomes dos indiciados na máfia de terrenos da Praia, que também está sob sigilo...
A presidente da Autoridade Reguladora para a Comunicação Social (ARC) considerou hoje que 2022 foi “um ano difícil” para a comunicação social em Cabo Verde, apesar de a instituição só ter recebido duas queixas.
A Cidade da Praia acolhe, de 16 a 19 deste mês, a conferência do Comité Africano da União Internacional da Juventude Socialista (IUSY) sobre “A democracia em África”, evento organizado pela Juventude do PAICV (JPAI).
E eis-me agora num momento de lucidez, entre o meu cérebro e o meu corpo, trucidado entre ambos. Neste momento, poderia passar impreterível e indiferentemente por louco como qualquer outro transeunte, habitante radicado da cidade ou em trânsito passageiro pela urbe majestosamente sobranceira ao mar. E por maioria de razão poderia chamar louco a qualquer tribuno de ocasião que, vociferante, se dispusesse a perorar e a fazer ousadas proclamações sobre verdades super-evidentes, ou, de outro modo, excessivamente evidenciadas por demasiadamente, ainda que em modo cauteloso, recolhidas nas...
Cabo Verde precisa libertar-se da aparência. Os discursos em como tudo vai bem, que há liberdade de imprensa, que não há corrupção, insegurança, fome ou outros males que minam a vida das famílias cabo-verdianas, da sociedade, não podem continuar. Já ninguém suporta ouvir essas coisas. O país está cansado com isso. Tudo está invertido, da Economia à Educação, Saúde, Segurança, Transporte e Justiça. As ilhas estão sitiadas, os transportes interilhas é um atentado à vida coletiva, o desemprego é pandémico, os crimes urbanos atingiram cifras inimagináveis e a confiança...
Um silêncio comprometedor abafa o mundo ocidental e revela como a imprensa pode manipular, por omissão ou desbalanceada informação, a consciência coletiva: há um jornalista espanhol preso há um ano na Polónia por suspeita de espionagem a favor de Moscovo, mas quase nenhum jornal de grande circulação nos países da Europa ou dos Estados Unidos fez referência a esta atrocidade, condenada, de resto, pela Repórteres Sem Fronteiras e Amnistia Internacional.
O jornalista Geremias Furtado voltou a ser integrado na Agência Cabo-verdiana de Notícias - Inforpress, após ter sido demitido, sem aviso prévio e nem justificativas, pelo ex-administrador na sequência de denúncias que o profissional vinha fazendo sobre a gestão de José Vaz Furtado.