Referindo-se aos objectivos da luta de libertação (bi)nacional da Guiné e de Cabo Verde escreve Cabral, na sua “Análise de Alguns Tipos de Resistência”, que o seu essencial fundamento residiria na vontade dos dominados no sistema colonial (incluindo os letrados e os funcionários coloniais nativos) em demonstrar que não éramos “portugueses, mas africanos da Guiné e de Cabo Verde”. Deste modo, essa primeira expressão do complexo e controverso processo do suicídio de classe devidamente aplicado ao caso caboverdiano visaria fundamentalmente a subjectivização por parte dos...
No que se refere ao impacto da participação caboverdiana na luta político-armada conduzida pelo PAIGC no chão da Guiné dita portuguesa foram imensos os seus significados simbólico e político. Pela primeira vez na época do moderno nacionalismo africano e, de alguma forma reavivando a memória das inúmeras revoltas e de outros actos colectivos de resistência armada de escravos, de negros fujões, de negros forros, de camponeses e de flagelados pelas fomes das ilhas, podiam os caboverdianos rever-se em actos heróicos e de rebeldia colectiva em que a sua participação,...
Pode-se, pois, concluir que não subsistia em Amílcar Cabral qualquer confusão entre, por outro lado, a necessidade e a exigência estratégicas da unidade de acção político-militar entre guineenses e caboverdianos, numa primeira fase, e da sua eventual unificação orgânica futura numa pátria africana progressista e solidária, numa segunda fase, com, por outro lado, o amalgamento das identidades nacionais dos dois países africanos emergentes. Pelo contrário, as duas entidades são sempre distinguidas quer no plano da nomeação (“Guiné e Cabo Verde”), quer ainda nos planos...
A presidente da câmara de Santa Catarina reiterou no dia dos Herois Nacionais a intenção do município adquirir a casa onde Amílcar Cabral viveu durante parte da infância, em Achada Falcão, para aí instalar o “Museu da Resistência Amílcar Cabral”.
...o fatal e lamentável declínio do CNA terá sido apenas a face de um perecimento mais alargado, que se repercutiu no enfraquecimento da Voz do povo cabo-verdiano, menorizando a sua sapiência cultural e desvalorizando socialmente a mestria das suas criações. Infelizmente, o alento, experienciado no inaugural tempo do pós-independência, não terá passado de uma sensação fugaz, um breve lapso entre dois momentos antagónicos. De um lado, a fragilidade da resistência colectiva, que reivindicava o direito a ser dono de si e do próprio chão, do outro, a pujança da...
Muitos alunos que chegam hoje às universidades, provavelmente não tiveram contato com qualquer manual escolar há, pelo menos, três anos. Daí não se pode, do meu ponto de vista, falar de uma educação de qualidade, quando não se pretende promover uma educação que passe pela preparação do aluno, no sentido de compreender a mudança que ocorre do ensino secundário para universitário e, principalmente, quando não se lhe fornece argumentos para se mobilizar no sentido de procurar melhores manuais, melhores livros, assim como perceber de forma diferente a importância que os livros...
Cabral Ka Mori — The Cultural Resistance, (A Resistência Cultural) é tema de um symposium internacional que acontece nos dias 2 e 3 de julho, em Pawtucket e East Providence, em Rhode Island nos Estados Unidos da América. Com propósito de valorizar a identidade cultural africana bem como enaltecer o calibre de Cabral quer como estratega político militar, quer como um dos maiores intelectuais Pan -Africanistas do século XX fazem parte dos objetivos dos organizadores do evento.