O Presidente da República considera que o país precisa de abordar o funcionamento das instituições públicas e que devem ser assumidas responsabilidades, apontando o dedo a processos que precisam de clarificação.
O presidente do Tribunal de Contas, João Cruz Silva, considerou esta quinta-feira, 3, que houve uma “boa performance” na execução da conta geral do Estado de 2022, quer em termos de despesas, quer na arrecadação de receitas.
O Tribunal de Contas detectou novas ilegalidades cometidas nos gastos da Presidência da República entre 2021 e 2023 e que não constam do relatório da Inspeção de Finanças. Além do salário da primeira-dama, que, sabe-se agora, o ex-Chefe da Casa Militar se opôs na altura, os auditores do TdC descobriram, por exemplo, que a PR vinha pagando de forma ilegal serviços de massagens a funcionários e colaboradores, consultas de psicologia, etc., no valor de 1.292.900 escudos; contratou assessores especiais a mais do estipulado pela lei; atribuiu mais de 5 mil contos de subsídios de...
O Presidente da República, José Maria Neves, disse hoje que as irregularidades constatadas no relatório do Tribunal de Contas são de natureza administrativa e que essas práticas sempre existiram e advêm das anteriores presidências.
Os cabo-verdianos estão cansados de ver processos envolvendo altos dirigentes arquivados sem uma devida explicação. É imprescindível que a PGR, em sua função de garantir a justiça e a proteção dos interesses públicos, exija que o Tribunal de Contas forneça informações detalhadas sobre a situação do "dossier do Mercado de Coco". Os cidadãos têm o direito de entender como seus recursos estão sendo administrados e quais medidas estão sendo tomadas para responsabilizar aqueles que possam ter agido de forma inadequada.
...é evidente que o País não precisa de um “engavetador geral da República”, antes precisa muito de celeridade processual, transparência e justiça. Porque é isso que se exige de um Estado de Direito democrático e de instituições que se devem reger pelos princípios republicanos. Entre ambiguidades, desmentidos e engavetamentos, as suspeições sobre a gestão do dossier Mercado do Coco irão manter-se, o que não é nada bom para o ambiente político e para a nossa democracia.
...o comportamento do Primeiro-Ministro de Cabo Verde não é apenas uma questão de má gestão; é a personificação do que Maquiavel descreve como um líder que se preocupa mais com a manutenção de seu poder pessoal do que com o bem-estar de seu povo. E quando essa linha tênue é cruzada, quando o líder transforma o Estado em sua propriedade pessoal, ele semeia as sementes de sua própria destruição, como Maquiavel, Foucault, Weber e Arendt já alertaram, cada um a seu modo. O governo não é um feudo, e a história tem sido implacável com aqueles que ignoram essa verdade...