Contrariamente ao propalado pelos antigos e pelos novos detractores do crioulo e, em especial, do ALUPEC, este tem-se demonstrado como o mais funcional, económico, coerente e de mais fácil aprendizagem de todos os alfabetos até agora utilizados na escrita do crioulo, sendo ademais o único com capacidade de respeitar e reproduzir completa e totalmente na escrita a integridade, a autenticidade e a (in)completude fonético-fonológica de todas e quaisquer variantes insulares, regionais, sociolectais, dialectais e, até, ideolectais da nossa língua materna de identidade nacional, transdiaspórica e transfronteiriça. É isto que também parecem pensar aqueles defensores e cultores do crioulo, sobretudo da área musical, que preferem continuar a fazer uso de uma escrita de matriz etimológica nas suas obras em crioulo, sobretudo letras musicais, sendo, por isso, muito críticos do ALUPEC, por alegadamente este alfabeto, elevado por Decreto-Lei do Governo, de 2009, ao estatuto de alfabeto oficial da língua materna caboverdiana, se afastar da já relativamente longa história da escrita, de feição predominantemente etimológica, do crioulo caboverdiano, idioma que, como é sabido, tem no português uma das suas línguas co-matriciais, conjuntamente com as línguas étnicas negro-africanas trazidas para as nossas ilhas pelos seres humanos escravizados e capturados e/ou comprados na costa africana vizinha no contexto da expansão ultramarina europeia e do abjecto tráfico negreiro transatlântico, sendo a esmagadora maioria do léxico crioulo do nosso idioma nacional de origem portuguesa.
VII. NOTA FINALÍSSIMA SUPLEMENTAR SOBRE OS CONCRETOS MODELOS DE GRAFIA DO CRIOULO CABOVERDIANO ACTUALMENTE COEXISTENTES NAS ILHAS E DIÁSPORAS DO NOSSO CONTINENTE E ARQUIPÉLAGO CULTURAIS
1.BREVÍSSIMAS CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A ESCRITA DE BASE ETIMOLÓGICA E A CHAMADA ESCRITA TRADICIONAL DA LÍNGUA CABOVERDIANA
À especial consideração do músico-compositor e prestigiado poeta-letrista de mornas , Betú (Adalberto Tavares Silva) , bem como de Napoleão Vieira de Andrade, assumido adepto de um modelo de grafia do nosso crioulo caboverdiano, pretensamente erudito e nobilitante, mas , na verdade, assaz aportuguesante e descrioulizante das diversas variantes do nosso idioma nacional
Como anteriormente demonstrado, e de forma relativamente profusa, nunca houve em Cabo Verde uma proposta sistemática de escrita etimológica do nosso crioulo, com as seguintes excepções de propostas avulsas:
1) A proposta de Pedro Cardoso, inserta no seu festejado livro intitulado Folclore Caboverdeano e que intenta adaptar certas letras do alfabeto português à fonética do crioulo, com intermediação do inglês, quando por exemplo escreve que na escrita do nosso crioulo, a letra "j" devia pronunciar-se como em inglês (por exemplo, nas palavras James e John), quer dizer, deve ser pronunciado "dj", o mesmo ocorrendo com o dígrafo "lh" (por exemplo, escreve-se "lha Brava" e “lhar Fogo” e deve ler-se "Dja Braba" e “Djar Fogo”). O interessante é que o dígrafo "lh" foi utilizado nesta última acepção e com a pronúncia "dj" por Eugénio Tavares no poema "Bárbara, bonita scrába (tradução do poema de Luís de Camões), nas palavras"ôlhâ" e "ôlho".
2) As mornas de Eugénio Tavares publicadas, em 1933, três anos depois da morte do grande lírico bravense, pelo admirador e amigo do genial letrado caboverdiano e excepcional erudito islenho, o português metropolitano José Osório de Oliveira, que, no seu Posfácio ao livro Mornas-Cantigas Crioulas , faz alusão à grafia utilizada por Nho Eugénio e à suas sucessivas mudanças e adaptações durante o tempo de vida e de labor literário do grande vate das mornas, e à consequente persistência de algumas eventuais incongruências na grafia de algumas mornas de Eugénio Tavares por ele postumamente editadas.
Avulta na grafia utilizada por Nho Eugénio o seguinte:
i. A introdução sistemática do "x" para as palavras depois incorporadas na escrita tradicional do crioulo e grafadas com o dígrafo "ch" (por exemplo: xa'm, dixa'm) passando o "ch" a ser pronunciado "tch" (actual "tx" do ALUPEC), como, por exemplo, na palavra "chabe" pronunciada "txábi", salvo na "Morna de Despedida" com as palavras "manchê" e "dicham" -mas também grafado "dixam" na mesmíssima canção, e, até, "deixam" (por gralha notória) na morna "Força de Crecheu" - e, curiosamente, co-existente com a palavra "crecheu", escrita sempre e invariavelmente desta mesma maneira-, na morna "Que alma já bem papiâ..." com a palavra "conchê", na morna "Quel pessoa" com a palavra "bachâ" pronunciada "baxâ", não se podendo nestes últimos casos de utilização de "ch" em vez de "x" excluir-se a hipótese de que pode tratar-se de gralhas em razão de deficiente revisão gráfica do texto original de Eugénio Tavares.
ii. O uso do "g" e do "j" com pronúncia de "dj" ou "dg", como em "ja", "gente", "mujer" ou "ojo" que devem ser pronunciados "dja", "djenti", "mudjer" e "odjo", à maneira bravense ("Odju", nos termos do ALUPEC). É interessante que na palavra "guemê" da "Morna de Bejiça" há uma adaptação clara e inequívoca do alfabeto português a um som tipicamente crioulo nas ilhas do sotavento caboverdiano.
iii. O uso sistemático do "e" final sempre com a pronúncia de "i", como, aliás, ocorria anteriormente com a escrita do crioulo em todo o sotavento caboverdiano, como, por exemplo, em "sabe" que deve pronunciar-se "sábi", sendo certo que o "o" final é sempre pronunciado "u", como ocorre em regra com as palavras grafadas segundo o alfabeto português.
iv. O quase escrupuloso respeito da forma original em português e da etimologia portuguesa das palavras escritas em crioulo, avultando, neste contexto, o contraste entre "que 'n q' re" e "crecheu" (por exemplo, no título da morna "Força de Crecheu") nos seguintes versos da mesma morna:"Crecheu más sabe, /É quel que é de meu. /El é que é chabe/Que abrim nha céu... /Crecheu más sabe/É quel/Que q'rem...".
3) As experiências, desde o início da publicação da revista Claridade, de escrita etimológica dos ficcionistas Baltasar Lopes, Manuel Ferreira, Gabriel Mariano e Teixeira de Sousa, entre outros, com base na transcrição de canções tradicionais caboverdianas (mornas, coladeras, talaias-baxo) e, no caso de Gabriel Mariano, também de transcrição de finasons e de outros motivos do batuco e de escrita de poemas em crioulo na variante de Santiago (tendo alguns deles sido musicados), verificando-se um esforço de respeito da etimologia portuguesa, mas também de total, ou, pelo menos, abrangente adaptação do alfabeto português utilizado à singular fonética do crioulo. Nesse plano, detectam-se algumas divergências entre os escritores acima referidos. Por exemplo, enquanto Baltasar Lopes escrevia "crecheu", seguindo a grafia neste caso pouco etimológica de Eugénio Tavares desta palavra específica, Teixeira de Sousa era aparentemente mais respeitador da etimologia e escrevia "q´recheu".
4) As experiências pioneiras, ainda no século XIX, dos portugueses Adolfo Coelho (lavrada em 1880, no ensaio “Os Dialectos Românicos ou Neo-Latinos da África, da Ásia e da América”), dos portugueses Joaquim Viera Botelho e Custódio José Duarte (constante do ensaio “o Crioulo de Cabo Verde- Breves Estudos sobre o Crioulo das Ilhas de Cabo Verde”) e do cónego caboverdiano Manuel da Costa Teixeira (constantes da sua cartilha-a primeira conhecida- para o ensino do crioulo e da sua tradução na variante de Santo Antão de excertos de Os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões), seguidas das experiências encetadas por estudiosos caboverdianos, já no decurso do século XX, de inventariação de palavras crioulas nas respectivas obras, por vezes de cunho académico, designadamente em O Léxico do Dialecto Crioulo do Arquipélago de Cabo Verde, do autodidacta Armando Napoleão Rodrigues Fernandes, postumamente publicado, O Dialecto Crioulo de Cabo Verde, do filólogo Baltasar Lopes da Silva, publicado em 1957 (bem como do opúsculo Cabo Verde Visto por Gilberto Freyire , publicado em 1957, com base em palestras radiofónicas proferidas em 1956, e de vários ensaios sobre o nosso crioulo publicados na revista Claridade, com destaque para “A Linguagem das Ilhas” e “Uma Experiência Românica nos Trópicos”), e Cabo Verde-Contribuição para o Estudo do seu Dialecto, de Maria Dulce de Oliveira Almada (depois celebrizada como Dulce Almada Duarte, enquanto combatente da liberdade da pátria, primeira directora-geral da cultura e autora de vários importantes ensaios sobre a língua, a literatura, a música, a cultura e a identidade caboverdianas, publicadas em várias revistas, com destaque para Raízes, Fragmentos e Pré-Textos, bem como do livro Cabo Verde-Bilinguismo ou Diglossia?).
5) Com, entre outros, os poetas Jorge Barbosa (que assinava os seus poemas em crioulo, alguns deles musicados, como por exemplo, “Minina di Bila”, com o pseudónimo Iago da Nóbrega), Ovídio Martins, Jorge Pedro Barbosa, Kaoberdiano Dambará, Emanuel Braga Tavares, Kwame Konde (pseudónimo literário do médico-cirurgião Francisco Fragoso), Ano Nobo (pseudónimo literário do poeta, trovador e dramaturgo Fulgêncio Tavares, também conhecido por Sá de Bonjardim) e o Arnaldo França tradutor para o crioulo de alguma poesia de Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa) e David Mourão-Ferreira (por exemplo, os publicados na folha Xatiadu Si - folha cultural escrita inteiramente em crioulo e editada por Tony Pires-, todavia não nas suas vestes etimológicas originais, mas grafadas em ALUPEC pelo editor da folha cultural acima referida), há uma adaptação sistemática do alfabeto português à fonética do crioulo, sem expressas preocupações estritamente etimológicas.
É com Kaoberdiano Dambará que o capa (k) e o som "i" representado sempre pela letra “i” (em especial no final das palavras, do badio e dos falares dialectais do sotavento caboverdiano, em geral) fazem a sua majestosa e sistemática aparição como letras autónomas representativas de sons também assaz singulares e autónomos na escrita do crioulo. O mesmo ocorre com o som "u" representado pela letra "u" em algumas palavras finais, designadamente quando seguidas pela preposição " 'l" (típico e specífico da variante santiaguense do crioulo), como por exemplo nas expressões "gritu' l pobo" ou “Piku´l Ntoni”, mas conservando a letra "o" no final da generalidade das palavras, como por exemplo, em "batuko". Kaoberdiano Dambará continua todavia a utilizar a letra "c" em certos casos (por exemplo, na palavra "céu", devendo outros casos ser interpretados como eventuais gralhas, como no caso de “rikice”, em lugar de “rikisse”, como seria mais correcto e sistemático), mas em regra procede à substituição dessa mesma letra em grande parte dos casos pela letra "s" ou pelo duplo "ss", verficando-se ademais a banição total do uso da cedilha e da letra "e" final com o valor de "i". O curioso é que algumas palavras pronunciadas com "i" em alguns sociolectos santiaguenses e com o imperfeito em "eba" passam a ser sistematicamente escritos por Kaoberdiano Dambará com "e" final e com pronúncia "e", e nunca com pronúncia "i". O processo de escrita iniciado por Kaoberdiano Dambará é continuado, com mais ou menos fidelidade e perfeição, por, entre outros, Emanuel Braga Tavares, David Hopffer Almada e Kaká Barboza (do seu primeiro livro Vinti Xintido Letrado na Kriolo, também, como já se viu, paralelamente vazado na grafia inaugurada pelo chamado alfabeto do Mindelo) na escrita da poesia na variante de Santiago, verificando-se curiosamente que Kaká Barboza continua no seu primeiro livro publicado a fazer uso sistemático do cedilha quando as palavras correspondentes em português também se escrevem com cedilha e mesmo quando no étimo português se utiliza a letra "s" ou o duplo “ss”.
O mesmo papel pioneiro e renovador ocorre com Ovídio Martins em relação à escrita de poesia na variante de São Vicente, interessando também sobremaneira as letras publicadas em brochuras por Jotamonte (Jorge Monteiro) com letras e pautas das mornas de Eugénio Tavares, de B. Léza e da lavra própria dele, Jotamonte, e segundo o modelo da escrita tradicional da escrita do crioulo caboverdiano. No caso da ilha de São Vicente destacou-se antes o poeta bilingue português-crioulo Sérgio Frusoni da sua obra poética editada pelo Professor Augusto Mesquitela Lima, bem como do livro Vangêle Contóde de nôs Moda, versão dos Evangelhos na variante de São Vicente do crioulo de Cabo Verde a partir de uma versão no dialecto de Roma do italiano.
Pelo que ficou sucintamente dito, pode-se concluir que a escrita etimológica da língua materna caboverdiana - ou, melhor dizendo, a escrita tradicional do crioulo caboverdiano - com base no alfabeto português apresenta enormes incongruências e inconsistências, salvo algumas pouquíssimas excepções, com destaque para o poeta afro-crioulista e negritudinista crioulo Kaoberdiano Dambará.
De todo o modo, a escrita etimológica parece favorecer as variantes mais antigas do nosso crioulo, designadamente as da ilha de Santiago e da ilha do Fogo, por o seu léxico, ademais de remontar ao português arcaico, ser também mais próximo do léxico do idioma luso nas suas formas mais recentes, além de exibirem maior completude vocálica, tendo por isso o filólogo Baltasar Lopes da Silva recomendado a variante de Santiago como variante-base para a padronização literária do nosso crioulo, tendo sido seguido nesse desiderato pelo Professor Augusto Mesquitela Lima e pelos participantes do Colóquio/Seminário Linguístico Internacional do Mindelo, de 1979, e pela respectiva Resolução Final. A Dra. Alice Matos, membro do Grupo de Padronização do ALUPEC, apresentou nesse quadro um interessante trabalho, publicado na colectânea de textos dos integrantes do Grupo de Padronização do ALUPEC.
2. O ALUPEC (ALFABETO UNIFICADO PARA A ESSCRITA DO CABO-VERDIANO) E A ESCRITA DE BASE FONÉTICO-FONOLÓGICA DA LÍNGUA MATERNA CABOVERDIANA
Em homenagem e como forte encorajamento a todos os crioulistas e alupecadores caboverdianos, em especial ao músico-compositor Daniel Rendall, autor das iconicas mornas “Kabral ka More” e “Santiagu”
Ao contrário da escrita etimológica/da escrita tradicional com base no alfabeto português das diversas variantes do crioulo caboverdiano, a escrita da nossa língua materna com uma base fonético-fonológica iniciou-se, como já anteriormente referido, em 1887, com a publicação de um alfabeto de base fonético-fonológica e de uma gramática elementar bilingue (crioulo-português) do crioulo da ilha de Santiago por António da Paula Brito no Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa. Curiosamente, os trabalhos pioneiros de António da Paula Brito caíram completamente no esquecimento, não tendo sido expressamente referidos nem por Pedro Cardoso (limitando-se esse grande letrado nativista, vate caboverdiano neo-clássico e camoneano assumido no seu Folclore Caboverdeano a vituperar o que ele denomina de escrita sónica), nem tão pouco pelos filólogos Baltasar Lopes da Silva e Maria Dulce de Oliveira Almada, e nem sequer foram levados em conta pelos promotores do chamado alfabeto do Mindelo, o segundo de base fonético-fonológica na História da língua caboverdiana.
Como é sabido e foi já suficientemente referenciado, o alfabeto do Mindelo foi amplamente rejeitado pela sociedade caboverdiana, nela incluindo os defensores de um alfabeto caboverdiano de base exclusivamente fonético-fonológica, em razão do seu uso dos chamados chapéus (diacríticos representados por acentos circunflexos colocados sobre as consoantes “c”, “j”, “l”, “n” e “z”, para assinalar os sons palatais tradicionalmente representados pelo trígrafo “tch”, pelos dígrafos “dj”, “nh” e “ch” e pela letra “j”. Curiosamente, e como já foi também assinalado, a primeira proposta do alfabeto do Mindelo publicada na revista África, da editora ALAC (África, Literatura, Arte e Cultura), de Manuel Ferreira, preservava a letra “c” para representar o som tradicional representado pelo trígrafo “tch”, vindo depois, já fora do quadro de debates do Colóquio/Seminário Linguístico Internacional do Mindelo, de 1979, a ser substituído pela letra “c” encimada de um chapéu (acento circunflexo).
Contrariamente ao propalado pelos antigos e pelos novos detractores do crioulo e, em especial, do ALUPEC, este tem-se demonstrado como o mais funcional, económico, coerente e de mais fácil aprendizagem de todos os alfabetos até agora utilizados na escrita do crioulo, sendo ademais o único com capacidade de respeitar e reproduzir completa e totalmente na escrita a integridade, a autenticidade e a (in)completude fonético-fonológica de todas e quaisquer variantes insulares, regionais, sociolectais, dialectais e, até, ideolectais da nossa língua materna de identidade nacional, transdiaspórica e transfronteiriça. É isto que também parecem pensar aqueles defensores e cultores do crioulo, sobretudo da área musical, que preferem continuar a fazer uso de uma escrita de matriz etimológica nas suas obras em crioulo, sobretudo letras musicais, sendo, por isso, muito críticos do ALUPEC, por alegadamente este alfabeto, elevado por Decreto-Lei do Governo, de 2009, ao estatuto de alfabeto oficial da língua materna caboverdiana, se afastar da já relativamente longa história da escrita, de feição predominantemente etimológica, do crioulo caboverdiano, idioma que, como é sabido, tem no português uma das suas línguas co-matriciais, conjuntamente com as línguas étnicas negro-africanas trazidas para as nossas ilhas pelos seres humanos escravizados e capturados e/ou comprados na costa africana vizinha no contexto da expansão ultramarina europeia e do abjecto tráfico negreiro transatlântico, sendo a esmagadora maioria do léxico crioulo do nosso idioma nacional de origem portuguesa.
Por ser de base fonético-fonológica e por, ademais, enquanto alfabeto unificado, recuperar os dígrafos tradicionalmente utilizados na escrita do crioulo, designadamente o "dj", o "lh" e o "nh", com excepção do dígrafo "ch" e do trígrafo "tch", substituídos por "x" e "tx" por proposta da filóloga Dulce Almada Duarte, o ALUPEC tem-se demonstrado como o único capaz de preservar de forma cabal ou, pelo menos, muito abrangente, a integridade e a autenticidade fonético-fonológica de todas as variantes do nosso crioulo e que, nos termos das Recomendações do Fórum da Praia, de 2008, e reiteradas pelo Presidente da República, José Maria Pereira Neves, no seu Discurso Bilingue (português-caboverdiano) de Tomada de Posse (o primeiro Discurso de Estado do seu mandato de cinco anos), devem integrar a língua caboverdiana a ser plenamente oficializadas (inicialmente somente no plano político-simbólico e mediante procedimento de revisão constitucional) como variantes oficiais do nosso idioma materno, e por isso, podem e devem ser utilizadas livremente pelos cidadãos nas suas relações com a Administração Pública e os demais serviços públicos e privados e devem ser incorporados no ensino formal segundo a diversidade insular do nosso arquipélago. Avante pois com o ensino da nossa língua materna, língua nacional plena e língua oficial em construção até se atingir a paridade simbólico-política e a paridade material com a língua portuguesa, uma das duas línguas de Cabo Verde, língua plenamente oficial do Estado de Cabo Verde e língua nacional em construção no nosso país.
Queluz, Dezembro de 2021 e 4, 5, 6, 7, 8 e 9 de Janeiro de 2022
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