O ex-bastonário da Ordem dos Advogados, Arnaldo Silva, decidiu quebrar o silêncio, cinco dias após a sua detenção, para afirmar que a acusação de que está sendo alvo foi feita com base em "factos vagos, genéricos e abstractos", porque, defendeu, por detrás de tudo haverá "uma cabala" par a atingir o actual Primeiro-Ministro, antigo presidente da Câmara Municipal da Praia.
Actual primeiro-ministro foi quem assinou, enquanto presidente da Câmara Municipal da Praia, o memorando de entendimento com o advogado da família Sousa, que estipulava a repartição a meias dos lucros pelas vendas das terras de Fernando Sousa. E Janine Lélis, actual ministra da Justiça, participou como sócia de Arnaldo Silva em celebrações de contratos de compra e venda dos terrenos que levaram à detenção do ex-bastonário na semana passada.
O jornal ABC Canárias alertou os empresários desse arquipélago com negócios em Cabo Verde no sector imobiliário, a abandonar rapidamente este país a fim de evitarem a perda dos seus investimentos. Em causa, a detenção de Arnaldo Silva e um despacho do Governo a anunciar a recuperação de terrenos das ZDTIs que "estavam a ser utilizados para fins meramente especulativos".
A detenção do ex-governante e ex-bastonário da Ordem dos Advogados esta quarta-feira deixou o país inteiro em estado de choque. E não era para menos. Arnaldo Silva, uma figura bem conhecida e que até foi condecorado pelo presidente da República no passado 5 de Julho, está indiciado por burla qualificada, corrupção activa, falsificação de documentos, falsidade informática e lavagem de capitais. Crimes gravíssimos que dada a sua influência e pessoas com quem se relaciona levam a prever uma erosão grossa sobretudo na classe política.
Arnaldo Silva, advogado e antigo secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro na década de 1990, foi detido ontem, quarta-feira, pela Polícia Judiciária, no seguimento de um mandado do Ministério Público por supostos indícios de burla, falsificação de documentos e associação criminosa. Silva, que passou a noite na PJ, deve ser apresentado hoje ao Tribunal para legalização da prisão.
Arnaldo Silva é "suspeito de crimes de burla qualificada, falsificação de documentos, organização criminosa, corrupção ativa, falsidade informática e lavagem de capitais".
A Procuradoria-Geral da República esclarece que para além de Arnaldo Silva, as diligências de instrução até agora realizadas permitiram a identificação de mais seis suspeitos, todos pessoas singulares. E, sim, os crimes estão relacionados com a venda de terrenos na Praia como Santiago Magazine tinha anunciado.