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Morte bebés no HBS. Governo faz 'mea culpa' e avança com novo inquérito: "Logicamente, algo desencadeou essa sepsis"
Sociedade

Morte bebés no HBS. Governo faz 'mea culpa' e avança com novo inquérito: "Logicamente, algo desencadeou essa sepsis"

O Ministério da Saúde vai aprofundar as investigações à morte de sete recém-nascidos no Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, para apurar a origem da infecção generalizada, denominada “sepse neonatal tardia, que foi declarada como a causa dos óbitos. Decisão surge após críticas do PR.

Após duras críticas saídas na imprensa (na verdade, apenas Santiago Magazine pegou no assunto através dos artigos de opinião de Domingos Cardoso e Hermínio Silves e outra peça sobre uma justa indemnização às mães que perderam seus filhos) e discussão pública nas redes sociais, o presidente da República emitiu um comunicado na terça-feira, 13, a apelar para a abertura de uma investigação independente sobre o que realmente aconteceu no Hospital Baptista de Sousa e que causou a morte de sete recém-nascidos. E em menos de 24 horas, o Ministério da Saúde decidiu averiguar melhor o ocorrido, determinando uma investigaão mais aprofundada e, acredita-se, com resultados mais credíveis que os apontados pelo relatório divulgado no dia 5.

A revelação foi pelo secretário de Estado Adjunto da ministra da Saúde, Evandro Monteiro, na tarde de ontem, 14, em conferência de imprensa, a propósito das declarações do Presidente da República sobre a morte dos recém-nascidos no Hospital Baptista de Sousa (HBS), no Mindelo, sem contudo considerar inválido o relatório de 5 de Junho.

Evandro Monteiro, aliás, reiterou que esse primeiro inquérito respeitou todos os procedimentos e diligências necessárias para, nesta fase, se inteirar dos factos e de todo o envolvido, mas admitiu que é preciso aprofundar "progressivamente" o processo de modo a "clarificar ainda mais os factos".

O governante disse que o Ministério da Saúde encarou desde o início a morte desses recém-nascidos como uma situação “anormal”, admitindo que esses casos não acontecem com exclusividade em Cabo Verde, mas ressalvando ao mesmo tempo que não devem acontecer, já que lidam com pessoas e determinadas condições. 

“Nós agora temos que avançar com as investigações. Logicamente que algo desencadeou essa 'sepsis neonatal tardia', e é em tudo isso que temos de trabalhar até para evitarmos tentativas ou tendências à desinformação ou manipulação da própria informação, sem critério técnico”, apontou Evandro Monteiro, numa espécie de 'mea culpa' após o seu Ministério ter divulgado um relatório (que afinal seria preliminar) que apontava para a gravidez de risco das mães e ilibava qualquer procedimento humano inadequado como a causa da propagaçao dessa infecção generalizada. Novas investigações poderão agora esclarecer tudo, perspectiva o governante, que mesmo assim supõe que na base da infecção geneneralizada estará um vírus ou uma bactéria, o que só uma investigação irá comprovar como se espalhou.

“De facto se entendeu que a sepsis é que esteve na base das mortes, mas a sepsis é uma condição generalizada e tem muitas causas, e por detrás disso é que temos de trabalhar para entender cada causa”, disse.

Entretanto, avançou que nesse novo inquérito está-se a fazer um estudo que salvaguarda a segurança de respostas hospitalares, ou seja, uma análise dos espaços fechados como o serviço de neonatologia, serviço de cuidados intensivos de adulto ou pediátrico.

Evandro Monteiro assume que há necessidade de higienizar o espaço de trabalho dos profissionais de saúde, confirmando de certa forma a possibilidade de terem sido os técnicos a propagarem a infecção dentro da unidade, daí novos métodos de funcionamento a caminho. “São espaços fechados que têm um circuito interno próprio e que tem regras de funcionamento próprias e há medidas que qualificam as respostas, nomeadamente, por exemplo, exames laboratoriais que sejam em líquido, espaços ou em arestas ou em equipamentos de ventilação internas no próprio espaço que são precisamente os técnicos e que são salvaguardados e feitos rotineiramente”, acrescentou o responsável, que afiançou que essas e outras áreas vão ser abrangidas no novo inquérito.

Questionado ainda sobre as afirmações do PR que disse estranhar o facto da Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS) não ter realizado um inquérito, Evandro Monteiro considerou que a instituição tem todas as condições necessárias a nível dos recursos técnicos, humanos e materiais que lhe permitam fazer o seu trabalho de forma independente.

“A ERIS não é a primeira vez que irá fazer isso, sempre fez, não em situações anormais, porque o mais importante é fazer em situações normais e adequadas como esta legislado para evitar anormalidade”, apontou.

Na ocasião, assegurou que após obterem todas as informações pertinentes e adequadas, o ministério irá comunicar e informar a cada uma mãe sobre o que aconteceu com os recém-nascidos.

No dia 05 de Junho, a comissão de inquérito, liderada pela coordenadora Yolanda Landim, num comunicação à imprensa, sem direito a perguntas dos jornalistas, anunciou que o inquérito constatou que os recém-nascidos eram prematuros e prematuros extremos e que morreram por causa de uma infecção generalizada, denominada “sepsis neonatal tardia”.

A comissão concluiu que a grande maioria das gestantes tinha uma gravidez de risco aumentado para parto pré-termo, e pelos antecedentes foram seguidas nas estruturas primárias de saúde e todas tinham indicação para seguimento na consulta de alto risco para grávidas.

Com Inforpress

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