No número anterior informei que suspenderia os artigos “até depois das eleições que se avizinham, seja qual for o resultado das mesmas”.
Uma breve reflexão sobre os gastos realizados na campanha eleitoral que acabamos de assistir, leva-me a retroceder a uma conversa à imprensa, por ocasião da conferência “Master Class”, realizada na tarde do dia 17 de julho de 2019, quando o ministro das finanças disse que “Cabo Verde já tem dinheiro que não acaba”. Desta meditação saiu-me uma inquietação de forma natural e espontânea:
As Câmaras Municipais lideradas pelo MpD receberem um total de 372 212 499$00 do Fundo do Ambiente. Este montante inclui também a Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde.
Relatório do Sistema de Pagamento do Banco de Cabo Verde, referente a 2019, revela que as operações com cartão Vinti4 representaram 88,6% do total de transacções efectuadas nos Terminais de Pagamento Automático (TPA). Foram movimentados, só em cartão, mais de 103 milhões de contos, montante superior ao Orçamento de Estado para 2021 (77 milhóes de contos) e equivalente ao valor anunciado pelo governo para pôr de pé o seu programa de habitação social denominado "Cabo Verde: Ambição 2030".
Um relatório da Autoridade Reguladora das Aquisições Públicas (ARAP), cujo teor Santiago Magazine teve acesso, dá conta em que só em 2018 a Câmara Municipal da Praia (CMP), fez contratações públicas por ajuste direto no valor de 230.838.001$00, correspondentes a 89% do total das contratações desse ano.
O banco BIC Cabo Verde (BIC-CV), participado maioritariamente pela empresária angolana Isabel dos Santos, apresentou lucros de seis milhões de euros em 2019, um aumento de 14,8% face ao ano anterior, com apenas 11 trabalhadores. A administração do BIC-CV, opera com autorização restrita no arquipélago, apenas para clientes não residentes e considerado ‘offshore’, já admite transformá-lo em banco comercial até final do ano.
A privatização da TACV concorre para ser o terceiro FRACASSO de PPP.