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Estudante defende uma preparação mental de quem quer continuar estudos em Portugal
Sociedade

Estudante defende uma preparação mental de quem quer continuar estudos em Portugal

O estudante de Direito Rickson Neves considera que para uma maior e melhor integração dos estudantes cabo-verdianos que queiram vir continuar os estudos universitários em Portugal é preciso uma preparação mental para a mudança que irão enfrentar.

O cabo-verdiano, que neste ano lectivo (2022/2023) termina a sua licenciatura em Direito na Universidade Nova de Lisboa, contou à Inforpress que, como praticamente todos os estudantes cabo-verdianos, chegou meses atrasados para iniciar as aulas, em 2019, para além do “choque” cultural e do lugar que se tem.

“Costumo dizer que nós que viemos de Cabo Verde temos vários obstáculos, nomeadamente chegarmos atrasados para as aulas, num país diferente, num ambiente totalmente diferente, com choque cultural e adaptação, o que acaba por deixar uma pessoa desorientada”, afirmou.

Tendo em conta essa realidade, o estudante de Direito é de opinião que é preciso que os alunos se informem antes de vir, por exemplo, sobre a cultura portuguesa, a universidade, as unidades curriculares, como forma de chegarem com algum ‘background’, já que “estudar em Portugal é um desafio e não um mar de rosas como se faz crer, por isso, é preciso preparar mentalmente para esse ambiente”.

Rickson Neves, que foi um dos vencedores da primeira edição dos Prémios UECL Valorizar o Mérito, criados pela União dos Estudantes Cabo-verdianos em Lisboa, disse que vai prosseguir os estudos, entrando no mestrado, também em Direito, na mesma instituição de ensino superior.

Para o estudante, que nasceu em São Vicente e foi para a cidade da Praia com dois anos, o prémio recebido foi uma “iniciativa de louvar” e “muito gratificante”, porque é uma forma de se reconhecer o potencial que os estudantes cabo-verdianos têm, mesmo com as dificuldades várias que têm que enfrentar neste país europeu.

“Apesar de estarmos sujeitos a um conjunto de adversidades, há como superar. É reconhecer que os cabo-verdianos também têm capacidade de estar em cima, desde que desenvolvamos a força interior e ter o suporte da família e mostrar que somos um exemplo a seguir. Quando conseguimos singrar é bom. O prémio é uma forma de mostrar que somos capazes e ser exemplo para os outros”, frisou.

Os Prémios UECL distinguiram o mérito, potencial e percurso académico dos alunos cabo-verdianos que frequentam o ensino superior, em Lisboa, tendo a cerimónia de atribuição dos galardões acontecido no auditório da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em Maio, e para além de Rickson Neves, mais três estudantes foram premiados, Deise Jesus e Telma Oliveira (mestrado integrado) e Mónica Lopes (mestrado).

No final deste ano lectivo e preparativos para o próximo ano lectivo e chegada de estudantes cabo-verdianos, Rickson Neves reitera a necessidade da preparação, lembrando que ele, durante a pandemia teve que ir a Cabo Verde e assistir as aulas de um semestre inteiro à distância, mas que as dificuldades não foram muitas, porque em termos de conteúdos começou a estudar em Cabo Verde, com a ajuda do pai que é jurista.

Na faculdade, apesar de ter estado “num momento débil”, “não enfrentou muitas barreiras”, já que os colegas mostraram-se “sempre disponíveis” para ajudar, realidade que sabe que nem todos os que chegam de Cabo Verde podem ter.

Em relação ao futuro, Neves quer terminar o seu mestrado e ingressar nas ordens de Advogados de Cabo Verde e Portugal, como forma de ter possibilidade de exercer a profissão nos dois países, estando certo que em Direito, gosta tanto do público (Direito Penal”, como privado (componente contratual).

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