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Francisco Carvalho denuncia existência de dois contratos de venda do terreno do liceu da Várzea
Política

Francisco Carvalho denuncia existência de dois contratos de venda do terreno do liceu da Várzea

  O presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho, disse hoje que há dois contratos de compra e venda, celebrados entre a anterior equipa camarária da capital e o Estado de Cabo Verde, pelo que não sabe qual deles é válido. Os dois, disse, foram assinados a 27 de Novembro de 2019, diferenciando- se entre si apenas pela forma de pagamento do valor que ronda os 69 mil contos.

Ainda nas suas declarações, proferidas hoje em conferência de imprensa, o edil da Praia ressaltou que num contrato a referência ao pagamento é omissa e noutro estipula-se "eventuais encontros de contas".

Estas declarações de Carvalho surgem na sequência da entrevista, concedida à  Televisão de Cabo Verde (TCV) pelo director Geral do Património do Estado e da Contratação Pública, referente à alienação de de terreno situado na Várzea, com uma área total de 7.064,01 metros quadrados, no valor de 69.104.739 escudos.

“Os dois contratos assinados têm o mesmo objecto, a mesma data, a mesma numeração e os mesmos outorgantes, diferenciando-se entre si apenas pela extensão da cláusula 5ª referente à forma de pagamento, onde num é omisso e no outro estipulou-se por, citamos, eventuais encontros de contas, qual desses contratos a Câmara deve considerar como válida, uma vez que um não revogou o outro? Porque é que não se aplicou o procedimento neste negócio, como se fez em vários contratos de compra e venda de terrenos, celebrados com empreiteiros e empresas, cujos pagamentos foram por encontros de contas?”, indagou

Ainda nas suas declarações, Francisco Carvalho afirmou que na venda de terrenos por parte da câmara municpal, o pagamento é feito sempre antes da celebração do contrato, seja qual for a modalidade e independentemente do comprador, Estado, empresas ou particulares.

Mais à diante apontou que da realização deste negócio, o Estado “não pagou nenhum valor à Câmara Municipal, até à presente data”.

A CMP e as Finanças assinaram, segundo Francisco Carvalho, um Memorando de Entendimento, a 09 de Junho de 2020, onde acordaram o pagamento de uma dívida da autarquia para a Finanças de cerca de 43 mil contos.

Tendo em conta que o documento foi assinado entre as partes, para pagamento das dívidas da Câmara é posterior ao Contrato de compra e venda dos lotes para a construção do Liceu, Carvalho indagou o porquê de não ter sido considerado para o abatimento dessas dívidas, considerando que foram assinados pelos mesmos intervenientes.

O terreno onde se encontra o liceu da Várzea foi vendido pela câmara municipal anterior, liderada por Óscar Santos, ao Património do Estado, na sequência do negócio feito pelo Governo de Cabo Verde com o Governo americano, para construção da nova sede da Embaixada dos Estados Unidos da América em Cabo Verde.

Entretanto, o actual presidente veio a público dizer que o referido montante não entrou nos cofres da autarquia e que o processo de venda “não obedeceu” aos procedimentos legais, uma vez que não há registo de deliberação pela autarquia, nem a aprovação pela Assembleia Municipal.

Na sequência, o edil propôs na ordem do dia da sessão realizada no dia 14 de Maio, a deliberação sobre a referida alienação do património público municipal, justificando esclarecer a situação, mas os vereadores do MpD e Samilo Moreira votaram contra a deliberação.

 

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