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Até tu, ASA??!*
Ponto de Vista

Até tu, ASA??!*

 

Chegou ao nosso conhecimento que a ASA decidiu a "suspensão de contratos de trabalho, ao abrigo da Lei 83/IX/2020, de 01 de maio a 30 de junho" - enquadrado, portanto, nas medidas emergenciais aprovadas pelo Governo, que inclui a possibilidade de o INPS arcar com 35% dos salários. A empresa decidiu igualmente suspender temporariamente subsídios e reduzir os salários dos gestores.

Se a suspensão temporária de subsídios e a redução de salários de gestores pode até ser compreensível, no quadro deste esforço coletivo para lidar com os efeitos desta crise, já a suspensão de contratos de trabalho - independente do tipo -, tirando proveito dos recursos do INPS, soa a um autêntico non-sense e uma mensagem absolutamente contraditória.

A ASA não é uma empresa qualquer: é uma empresa DO ESTADO, a mais lucrativa do país (com lucros de 2,2 milhões de contos em 2017 e 2,2 milhões também em 2018 - os dados de 2019 ainda não são conhecidos). Em 2018 os capitais próprios da empresa ascendiam aos 12,9 milhões de contos, pressupondo-se que a mesma tenha constituído reservas robustas. A empresa é também uma das espinhas dorsais da economia da ilha do Sal, sendo responsável por uma parte substancial dos empregos diretos e indiretos nesta ilha - ilha que deverá sofrer um efeito brutal da queda do turismo.

Se uma empresa como a ASA, do Estado, bastante lucrativa e com responsabilidades acrescidas na estabilidade económica da ilha do Sal (e em todo o país) não tem pejo de suspender contratos nesta conjuntura, transferindo ao INPS (que é de todos nós!) parte dos seus custos com pessoal, como pedir a nós, donos de pequenas empresas, para darmos o nosso contributo para manter empregos? Se uma empresa como a ASA não se dispõe a fazer a sua quota de sacrifícios neste momento difícil, como pedir a nós que o façamos, ahn, Sr. VPMMF, Dr. Olavo Correia?

A urgência na tomada de medidas que esta crise nos impõe, não pode ser à custa da SENSATEZ e do BOM SENSO. Pensar a floresta toda e não apenas a árvore em que cada um de nós está empoleirada. Esta crise só será vencida se tivermos um profundo sentimento do coletivo, com humildade e empatia, com o pensar também o outro. 

*Artigo publicado pelo autor no facebook

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Redação