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Parlamento atacado por vírus informático malicioso. Computadores em blackout, salários de Março em stand-by
Sociedade

Parlamento atacado por vírus informático malicioso. Computadores em blackout, salários de Março em stand-by

A Assembleia Nacional foi atacada desde sexta-feira, 15, por um potente vírus informático que driblou o sistema de protecção dos dispositivos e afectou todo o Centro de Dados do Parlamento. Os serviços administrativos da AN inclusive já avisaram os deputados e funcionários que o salário deste mês de Março vai atrasar por impossibilidade técnica para se processar os pagamentos.

O vírus malicioso será um novo tipo de ransomware não sendo, por isso, possível de ser eliminado pelos antivirus instalados nos computadores, ainda que detectado a tempo. Até agora não se sabe ao certo como este ransomware chegou ao Data Center do Parlamento, mas suspeita-se que tenha sido através de uma pen-drive infectada de uma uma instituição externa à Assembleia Nacional, o que afasta, para já, a hipótese de ataque premeditado ao centro do poder cabo-verdiano.

Ainda na sexta-feira, os responsáveis informáticos da AN encerraram (black out) o sistema de comunicações e acesso à rede interna de modo a evitar a propagação do vírus, já que a invasão aconteceu de baixo para cima na cadeia de conexões da rede informática do Parlamento, o que minimiza os estragos, que poderia ser mais devastador apagando (como se temeu de início) 40 anos da história da AN guardada em arquivos digitais, dados críticos.

Tal como o vírus desconhecido, imune aos antivirus da AN, também desconhece-se por ora os danos causados em valores monetários. Santiago Magazine não conseguiu chegar à fala com o secretário-geral da Assembleia Nacional para dar as explicações sobre o que aconteceu e que medidas estão a ser tomadas para reparar os danos e também quando o sistema voltará à normalidade.

Este jornal sabe, entretanto, que a AN poderá ver-se obrigada a desembolsar até cerca de 18 mil contos para adquirir novos servidores se o problema se mantiver incorrigível, embora dada à potência do vírus a situação tenha sido prontamente controlada.

Os técnicos informáticos, sabe Santiago Magazine, continuam a tentar repor o normal funcionamento dos dispositivos, mas muitas operações estão suspensas ou inoperantes devido ao blackout induzido ao sistema. Por causa disso, os salários dos deputados e dos funcionários referentes a este mês de Março vão chegar atrasados. Através de uma circular enviada ontem, 19, a todos os funcionários, dirigentes e deputados, a que este jornal teve acesso, a direcção dos serviços administrativos da AN informou que “devido a um problema no Data Center, o pagamento dos salários referentes ao mês de Março poderão sofrer um atraso de 1 a 2 dias”.

A nota explica que “um problema ocorrido no dia 15 de Março afectou os sistemas de processamento de pagamentos, impossibilitando a realização do pagamento dos salários na data prevista. A equipa da direcção dos Serviços Informáticos está trabalhando diligentemente para solucionar o problema o mais rápido possível e regularizar a situação”.

Ransomware

O ransomware é um dos piores tipos de vírus de computador. Através dele, são executados ataques que podem causar grandes prejuízos para as instituições, que vão desde a perda de dados críticos até a valores financeiros.

Outro prejuízo causado pelo ransomware é que, enquanto o ataque estiver sendo executado, a entidade não consegue efetuar suas atividades diárias que dependem do sistema de informática.

Normalmente, “os ataques de ransomware são feitos através de um processo complexo de engenharia social que leva à infecção. Às vezes, hackers enviam mensagens para usuários de um sistema corporativo, simulando um conteúdo real e incentivando o download de um arquivo infectado. Após a abertura do arquivo, o ransomware começa a fazer uma varredura pela rede da empresa, buscando brechas que permitam acesso aos sistemas internos e à dados privados. Uma vez que essa etapa é concluída, todas as informações disponíveis são criptografadas e o acesso aos dados é completamente bloqueado. Os hackers entram em contato com a empresa e exigem um pagamento (geralmente em bitcoin) de valor variável para liberar o acesso aos dados. Caso a empresa tente liberar os dados sem concluir o pagamento, eles podem acionar comandos que podem apagar os arquivos permanentemente”, informa um site especializado.

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