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Valor das virtudes
Ponto de Vista

Valor das virtudes

É preferível ser solidário a ser caridoso, pois, como se sublinhou “a caridade possui apenas um sentido: o vertical; e a solidariedade simultâneas interações horizontais”. A caridade remete-nos à esmola, consequência da pena, do sentimento de supremacia perante o desafortunado diante do tocado que se sente na obrigação de partilhar alguma migalha de sua riqueza material. Dar esmola implica criar uma certa dependência ao “esmolador”. É de muito mais valia que se crie formas de o próprio indivíduo conseguir a sua subsistência sem se ater à “bondade” dos outros.

O suposto demente sugeriu que ao menos se dispusesse de uma virtude. Ora, ser virtuoso significa exatamente o contrário: abrir mão dela. Deverá ser considerado algo transcendente e, contrariamente à verdade não deverá ser procurada. Só é virtuoso quem não a procura, sem o prejuízo de considerar um mero ser cujas pulsões se direcionam para uma insignificante finalidade de, através da força dessa pulsão servir de objeto de perpetuação de seus semelhantes. Não é humilde quem o considera ser e muito menos justo quem o faz para que seu nome perpetue. Aos olhos de outros poderá vir a ser considerado, mas a ação em si o reprova, desde o momento em que essa tenha sido a finalidade de seu ato.

É de bom senso (ponderável) se sentar ao fundo da sala e somente aos primeiros lugares se aproximar quando assim for requisitado pois “o engradecido será humilhado e o humilhado, engradecido”. Não desejando uma devida atenção por parte do anfitrião do banquete, nem muito menos se menosprezar expectando um devido reconhecimento por parte de seus conterrâneos. Mas, e aquele que mencionou “assim como Eu, sejais mansos e humildes de coração”? teria violado esse dito com inverdades? Numa perspectiva humana que se baseia verdades concretas, mas não absolutas, carece-se de argumentos que tal Indivíduo realmente marcas de suas pisadas tenha deixado e, dessa forma, não será possível contrariar ou corroborar com sua possível afirmação. Por outro lado, declarar a sua existência é admitir a sua divindade e santidade, portanto, reforçando as suas máximas que serão absolutas e dogmáticas e inacessíveis e incompreensíveis ao saber humano.

A justiça e a verdade são virtudes que devem sempre ser almejadas e perseguidas, mas ao faze-lo o sujeito não estaria a ser virtuoso, pois o que caracteriza o virtuoso é precisamente a pureza de seus atos. É preferível ser solidário a ser caridoso, pois, como se sublinhou “a caridade possui apenas um sentido: o vertical; e a solidariedade simultâneas interações horizontais”. A caridade remete-nos à esmola, consequência da pena, do sentimento de supremacia perante o desafortunado diante do tocado que se sente na obrigação de partilhar alguma migalha de sua riqueza material. Dar esmola implica criar uma certa dependência ao “esmolador”. É de muito mais valia que se crie formas de o próprio indivíduo conseguir a sua subsistência sem se ater à “bondade” dos outros.

 


 

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