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FINANCISMO e POBRISMO: uma miserável estratégia de desenvolvimento adoptada pelo Governo de Cabo Verde
Ponto de Vista

FINANCISMO e POBRISMO: uma miserável estratégia de desenvolvimento adoptada pelo Governo de Cabo Verde

Volto a repetir o que sempre disse: “Cabo Verde precisa de produzir algo para suportar o seu desenvolvimento. A produção nacional é determinante para reinventarmos a economia de mercado.” Um bom campo onde se deveria aplicar o Financismo deste Governo seria no setor agrícola, levando crédito, engenho e ciência para equipar os pequenos agricultores e operar com as transformações agropecuárias e dinamizar uma economia de mercado que servisse ao turismo, criando rendimento, pelo retorno gerado, e minimizasse a escalada de inflação que trucida o consumo, sobretudo dos mais pobres.

A estratégia de desenvolvimento levada a cabo pelo Governo, suportado pelo MPD, nos últimos sete anos, se concatena de forma viciosa o Financismo e o Pobrismo.

De forma simplificado e ligeira o modelo consistiu em, por um lado (i) criar condições para que as empresas e as famílias da classe média se endividarem, fazendo empréstimos a juros bastante altos junto da banca, disponibilizando uma bolsa ilusória de financiamento da economia. Por outro lado, suportar-se neste crescimento baseado puramente no consumo para (ii) distribuir benefícios sociais aos mais pobres, humanizando o crescimento, dando “marmitas” através de pensões e alguns benefícios sociais. Nesta lógica o Governo até vangloria-se de ter um dos melhores instrumentos do mundo:  o Cadastro Social. Afora isso, Políticas Públicas para o desenvolvimento são escassas, esparsas e efêmeras. Não há setores estratégicos de governação ande elas se encontram. Aliás, a sensação com que se fica, pela prática governativa, é a de que: este Governo cai no comum equívoco político de confundir o emergente com o mais importante.

Em todo o caso, tivesse o Financismo sido orientado para alavancar a produção e não para incentivar o consumo, excelente seria. Volto a repetir o que sempre disse: “Cabo Verde precisa de produzir algo para suportar o seu desenvolvimento.  A produção nacional é determinante para reinventarmos a economia de mercado.” Um bom campo onde se deveria aplicar o Financismo deste Governo seria no setor agrícola, levando crédito, engenho e ciência para equipar os pequenos agricultores e operar com as transformações agropecuárias e dinamizar uma economia de mercado que servisse ao turismo, criando rendimento, pelo retorno gerado, e minimizasse a escalada de inflação que trucida o consumo, sobretudo dos mais pobres.

Ao edificar a estratégia de desenvolvimento nos moldes em que fez, este Governo tem negado instrumento para desabrochar a vitalidade existente nos Cabo-verdianos. Em consequência, este modelo econômico tem acarretado um grande marasmo e anemia na economia, fazendo com que, no final do dia, mais do que um terço da população cabo-verdiano leva um pedaço do sustento que mal chega para o café do dia seguinte e, em desgraça, contribui também para que o grosso do empresariado cabo-verdiano malogra como produtor e sobrevive como rentista e a maioria do cabo-verdiano desce ao túmulo sem nunca se descobrir. Compreende-se por este prisma de análise, aqueles que queiram, a deterioração sistemática do país no último Índice de Mo Ibrahim da Governação em África e a avaliação negativa que 92% dos cabo-vendianos fazem, na afrosondagem sobre o rumo dado ao desenvolvimento do país. Ademais, no cômputo geral este modelo de desenvolvimento aumentou as desigualdades sociais, o desemprego jovem, a dívida pública e a vulnerabilidade das empresas e das famílias.

Artigo original publicado pelo autor na facebook

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