• Praia
  • 29℃ Praia, Cabo Verde
A Hipocrisia da Câmara Municipal do Sal II
Ponto de Vista

A Hipocrisia da Câmara Municipal do Sal II

Meus amigos, por mais bonita que sejam as vossas palavras e a vossa tentativa de camuflar a verdade, essas casas são do Programa Casa para Todos que foram abandonas de 2016 a 2021, portanto durante quase 6 anos, enquanto 46 famílias viviam em condições degradantes e parece que nem foram essas que receberam as casas. Foram outras, constantes das listas dos fiéis seguidores dos poderosos da Ilha. Nem a comunicação social ousou fazer a verdadeira noticia, que é essa e não a que foi publicitada pela CMS. Ora, o rei vai nu, mas quem ousa dize-lo? É a democracia à moda destes tempos, é a hipocrisia a comandar os atos, ações e omissões dos políticos da minha Ilha e a condicionar os cidadãos que sustentam o Estado com os seus impostos, mas não conseguem perceber isso. Acham que a CMS e o Governo dão-lhes prémio ou castigo, dependente da sua postura e da forma como usam ou não a sua liberdade de expressão. Há combates por combater! E eu não troco a minha liberdade de expressão e de pensamento por nada!

"O povo é incapaz de dizer que o rei vai nu porque a liberdade de expressão somente existe para as coisas que nos é permitido falar. "

“O mundo e a falta de valores com que as lideranças políticas tendem a agir na gestão da coisa pública está a tornar-se incompreensível. Até parece que desistimos de construir o progresso para centramos na criação de problemas para as gerações vindouras. Por este andar deixaremos uma pesada herança para os que nos sucedem e continuamos como se nada fosse”.

Desculpem lá, mas como é possível continuar-se na Ilha do Sal a fingir que não se está a ver a pesada herança que vamos deixar aos mais novos?

Para aqueles que nunca leram o livro “O rei vai nú” aqui fica uma pequena sinopse.

“Era uma vez um rei que gastava todo o seu dinheiro em roupa. Um dia apresentaram-se diante dele dois impostores que se faziam passar por alfaiates. Diziam que não só conseguiam fazer trajes muito bonitos, com cores e padrões maravilhosos, como também eram capazes de dotá-los de uma qualidade extraordinária: ficavam invisíveis diante de qualquer pessoa que não fosse qualificada para o cargo que ocupava e inteligente…”

Ora, a vaidade, a cegueira e a hipocrisia tornaram-se notas dominantes na forma de gestão dos problemas da Ilha do Sal. A Câmara Municipal e o MPD-Sal demonstram total falta de humanismo perante os problemas das pessoas em nome de jogadas políticas e da hipocrisia habitual, mas a Ilha inteira encolhe os ombros. O Rei vai nu, toda a gente já percebeu, mas quem ousa denunciar? É melhor fingir que se trata de mais uma obra-prima de um alfaiate artista.

Se não vejamos: no dia 07 de Dezembro, o Ministro do Estado, da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, Fernando Elísio Freire, fez a entrega de 46 apartamentos, do Complexo Habitacional “Vila Amaranto-Sal 8”, do Programa Casa para Todos, incluídos no programa de realojamento dos assentamentos informais de Alto Santa Cruz e Alto São João, no Sal. O Ministro afirmou no ato “ a grande satisfação do governo ao ver todas essas famílias com melhores condições e a viver com dignidade”.

Em representação da Câmara Municipal do Sal, o Vereador Jucelino Cardoso, anunciou algumas medidas para a melhoria da qualidade de vida dessas famílias e pediu para cuidarem dessas moradias. Até aqui tudo bonito, boas palavras e nome bonito para o complexo, e  que por momentos pensei que estaria, também, a ver o traje do Rei.

Tudo que aparecia na internet, notícia da Inforpress, RTC, publicação da CMS e algumas publicações de pessoas com alguma responsabilidade, por exemplo a nossa Deputada Nacional Georgina Gemie, que até ao momento não retirou a sua publicação falaciosa, indicavam que o projeto era da autoria do atual governo e da CMS e que o mesmo é financiado pelo fundo do turismo e a sua conclusão ocorrerá no início de 2022.

Mas isto está longe de ser a verdade. Ora, mais uma vez, o “O Rei vai nu”. O que aconteceu, foi a entrega a 46 famílias de 46 casas do Programa Casa para Todos que o Governo da República e a Câmara Municipal do Sal mantiveram fechadas desde 2016 e que não foram entregues a essas 46 famílias ou as que constavam do Cadastro Único de Beneficiários de Habitação de Interesse Social. Se tivessem sido entregues em 2016 não seriam 46, seriam muito mais.

Então o que aconteceu na verdade? Primeiro era preciso demonstrar que o Programa Casa para Todos não servia como a Câmara Municipal do Sal e o MpD-Sal tinham feito desde que o Programa foi lançado até a campanha eleitoral de 2016. Para isso não se importaram de deixar as casas fechadas para serem vandalizadas, como foram. Era preciso fazer parecer que tinham razão. Não se importaram minimamente com as famílias que poderiam, desde 2016, estar a viver em melhores condições de vida e com dignidade, desde a conclusão desse bloco de apartamentos do projeto Casa para Todos, há quase 6 anos. A mesma CMS e o mesmo Governo que permitiram que esses apartamentos fossem vandalizados e pilhados durante 6 anos, rebatizou o complexo habitacional com nome pomposo, foi ao Banco endividar-se para arranjar parte do que foi vandalizado, devendo as famílias beneficiadas, continuar a fazer o resto para pôr as casas como estavam inicialmente.

Ora, vêm agora, 6 anos depois, com as listas de beneficiários mais ajustados aos critérios certos para a dupla Governo-CMS, falhar em dignidade das famílias? Afirmar que tiveram que recorrer a um novo empréstimo bancário para a reparação dessas moradias para que fossem entregues no dia 7 Dezembro de 2021, porque estão preocupados com as condições de vida das famílias e a dignidade das pessoas? Vêm apelar às famílias que cuidem e façam bom uso desses recursos públicos quando a nem a CMS e nem o Governo, cuidaram do que receberam em 2016, permitiram que esse património público fosse vandalizado para voltarem a endividar o Município do Sal e os seus munícipes para que estejam habitáveis em 2021?

Não estamos perante um caso que justifica a intervenção do Ministério Público por gestão danosa de recursos públicos? Até quando vamos tolerar essas manobras do Governo e da CMS que impõem custos e dívidas ao povo cabo-verdiano, castiga as pessoas, como é o caso das famílias que há 6 anos podiam estar a viver em condições de dignidade, apenas para gerirem ciclos eleitorais e interesses políticos?

Até quando as gentes da minha terra vão continuar impávidos e serenos a aplaudir a criação mirabolante do Alfaiate quando na verdade o “Rei Vai Nu!”, os dirigentes brincam com a nossa inteligência, desprezam as condições de vida da população carente? O povo é incapaz de dizer que o rei vai nu porque a liberdade de expressão existe apenas para o que os nos é permitido falar. Porque quem fala não consegue obter um lote para a construção da sua casa, o seu pedido de licenciamento fica engavetado, não recebe ajudinhas nem cestas básicas, não consegue uma licença de táxi, não consegue um emprego entre os quase 700 “empregados” que a CMS conseguiu contratar para favorecer quem cegamente vai-lhe aplaudindo. E esta é a Democracia “exemplar” que verdadeiramente existe em Cabo Verde e sobretudo na minha querida Ilha do Sal. Nem a Comunicação Social ousa desbravar a verdade.

Meus amigos, por mais bonita que sejam as vossas palavras e a vossa tentativa de camuflar a verdade, essas casas são do Programa Casa para Todos que foram abandonas de 2016 a 2021, portanto durante quase 6 anos, enquanto 46 famílias viviam em condições degradantes e parece que nem foram essas que receberam as casas. Foram outras, constantes das listas dos fiéis seguidores dos poderosos da Ilha. Nem a comunicação social ousou fazer a verdadeira noticia, que é essa e não a que foi publicitada pela CMS. Ora, o rei vai nu, mas quem ousa dize-lo? É a democracia à moda destes tempos, é a hipocrisia a comandar os atos, ações e omissões dos políticos da minha Ilha e a condicionar os cidadãos que sustentam o Estado com os seus impostos, mas não conseguem perceber isso. Acham que a CMS e o Governo dão-lhes prémio ou castigo, dependente da sua postura e da forma como usam ou não a sua liberdade de expressão. Há combates por combater! E eu não troco a minha liberdade de expressão e de pensamento por nada!

 

Partilhe esta notícia