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Parlamento. PAICV questiona quando é que vão chegar os aviões e critica “desengajamento” do Estado dos transportes
Política

Parlamento. PAICV questiona quando é que vão chegar os aviões e critica “desengajamento” do Estado dos transportes

O PAICV questionou esta quinta-feira, 25, em declaração política, quando é que os aviões da CV Airlines vão chegar ao País, criticando ainda o “desengajamento” do Estado do sector dos transportes. Concretamente o PAICV, pela boca do seu líder parlamenter, Rui Semedo, perguntou “ quando que os aviões vão chegar? Quais as condições que os islandeses colocaram para os seus aviões deixarem a cómoda placa de Miami? Quanto é que os cabo-verdianos vão pagar por esta caprichosa decisão? Que futuro está reservado aos atuais trabalhadores da CV AIRLINES? Que negociações estão a ser feitas com os investidores nacionais para não perderem os avultados recursos investidos neste negócio, aliciados pelo próprio Governo? E os nossos emigrantes que foram levados a apostar neste negócio, também influenciados pelo Governo, que garantias têm em como não vão perder as suas poupanças duramente conseguidas?"

A preocupação de Rui Semedo estende-se ao setor dos transportes maritimos, observando que também houve um “desengajamento total do Estado do sector sem que fossem criadas as condições necessárias para o funcionamento eficiente dos transportes marítimos”. Isto, sustentou, fez o País perder tempo, recursos e oportunidades.

É que para o partido liderado por Janira Hopffer Almada, “se desde o início as privatizações dos transportes marítimos o Estado tivesse acautelado as suas responsabilidades, talvez hoje o País não estaria ainda em busca do melhor caminho”.

“As soluções encontradas são tão más que o próprio Governo já fala de renegociação da concessão, talvez mexendo no modelo, talvez revisitando a organização e, quem sabe, talvez repensando as saídas para um novo envolvimento dos armadores nacionais e encontrar novas respostas para a circulação de pessoas e bens e a promoção das trocas diversas”, argumentou.

Segundo o político, apesar dos “avultados recursos públicos investidos” em subsídios e avales “ainda não se conseguiu pôr de pé um sistema de transportes marítimos minimamente estruturado para dar garantias de um sistema de transportes seguro, regular, acessível e previsível”.

Para Rui Semedo, “só resta esperar” para que o próximo Governo, a sair das eleições do mês de Abril, venha trabalhar numa solução “mais equilibrada, mais justa e mais consentânea com os interesses dos cabo-verdianos”.

Em resposta, o deputado do Movimento para a Democracia (MpD, poder), João Gomes, disse que a declaração política do grupo parlamentar do PAICV “é mais uma situação de dor de cotovelo”.

“É uma resposta que o PAICV dá ao anúncio da CV Interilhas que já está um novo navio aqui na ilha. Dantes a preocupação era Chiquinho que já demonstrou que é um navio de sucesso nesta ligação São Vicente – Santo Antão”, reagiu.

Conforme João Gomes, “a saga do PAICV não pega”, em relação aos transportes marítimos, porque “os cabo-verdianos acompanham toda a acção do Governo do MpD”.

“Em apenas dois anos a CV Interilhas já comprou dois navios. Um a funcionar em pleno com muito sucesso e outro que já vem a caminho. Em 15 anos o Governo do PAICV adquiriu dois navios que infelizmente passam mais tempo na doca do que a navegar”, acrescentou o deputado lembrando ainda os números referentes às viagens, ao transporte de carga e de passageiros feitos pela CV Interilhas.

Por sua vez, o deputado e líder da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), António Monteiro, considerou que “se há um sector em que o Governo falhou de forma terrível é o dos transportes”, quer a nível aéreo quer marítimo e terrestre.

Para o político, Cabo Verde, enquanto ilhas, teria que ter uma política completamente diferente e bem definida, para que o passageiro pagasse um preço muito mais cómodo e barato para poder ter mais viagens.

“Não é normal que eu enquanto presidente de um partido e deputado não consigo sair de São Vicente durante 15 dias. Não é normal que um cidadão do Fogo que há uns anos pagava 12 contos hoje ele paga 19 contos”, criticou.

Quem também respondeu foi o secretário de Estado, Carlos Monteiro, que explicou que a política dos transportes do actual Governo é “diferente” da do anterior.

Recorrendo aos números, o responsável disse que no ano de 2020, apesar da pandemia, o total de viagens nos transportes marítimos foi de 421 escalas, houve 354.229 escalas, 417 unidades no tráfego, roll-on roll-off e transportaram quase 175 mil toneladas de mercadorias.

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