• Praia
  • 29℃ Praia, Cabo Verde
Olavo Correia justifica aumentos de Salários no Banco de Cabo Verde com correção de disfunções
Política

Olavo Correia justifica aumentos de Salários no Banco de Cabo Verde com correção de disfunções

O ministro das Finanças, Olavo Correia, justificou hoje os aumentos de 17% e 18% nas remunerações do governador e administradores do banco central, respetivamente, com a necessidade de corrigir desequilíbrios internos.

Os ajustes surgiram “por forma a evitar desequilíbrios, desajustamentos e disfunções existentes no Banco de Cabo Verde (BCV), em que diretores, consultores ou até assessores podem estar a auferir um salário superior aos membros do conselho de administração”, referiu, em conferência de imprensa, na Praia, para reagir à contestação à medida.

O Governo aprovou em Conselho de Ministros, a 12 de setembro, a proposta da comissão de vencimentos do BCV, que passa a indexar a remuneração para administradores e governador ao vencimento de topo da tabela salarial da instituição, que é de 318.000 escudos cabo-verdianos (2.888 euros).

A resolução, com efeitos retroativos a 01 de janeiro de 2023, fixa o salário do governador em 1,23 vezes o salário de topo, enquanto os outros quatro administradores recebem 1,08 vezes aquele valor.

Na prática, a remuneração do governador subiu de 335.000 escudos (3.046 euros), fixados em 2019, para 391.140 escudos (3.557 euros), um aumento de 17%.

Os administradores passaram de 290.000 para 343.440 escudos (2.637 para 3.123 euros), mais 18%.

“O que fizemos não foi aumentar os salários”, no sentido de promover uma atualização de valores, mas foi “fazer essa correção interna para melhorarmos a governança do banco”, disse Olavo Correia.

“Não podemos ter um administrador ou governador com salário inferior ao de um seu subordinado”, frisou o ministro.

A situação “desvirtua o funcionamento da instituição” e “pode inclusivamente criar elementos que levem a uma gestão inadequada, ineficiente e criar entropias na governação interna do BCV”, acrescentou.

O ministro das Finanças referiu, também, que a média de remuneração nas administrações do sistema financeiro em Cabo Verde ronda hoje os 500.000 escudos (4.544 euros) e que é necessário ao BCV ter valores que lhe permitam fixar quadros competentes.

O BCV “é uma instituição que tem de ser a mais qualificada possível para fazer uma regulação autónoma e independente, mas também altamente qualificada”, pelo que “deve conseguir reter talentos”.

O aumento de remunerações do governador e administradores no BCV motivou críticas de várias figuras políticas, inclusivamente no Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder, assim como de estruturas sindicais.

Joaquina Almeida, secretária-geral da União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde - Central Sindical (UNTC-CS), classificou o caso como um “escândalo nacional”, após a reunião de concertação social realizada na sexta-feira para discutir o Orçamento de Estado (OE) para 2024.

A revisão remuneratória no BCV surge numa altura em que “toda a sociedade está a sentir na pele o aumento dos produtos”, com a inflação, sem aumentos salariais que reponham o poder de compra, disse, defendendo um aumento salarial de 7% a 10% para os funcionários públicos, em vez de 2,8%, proposto pelo Governo.

Olavo Correia respondeu hoje, reiterando a necessidade de correção das disfunções no BCV, realçando que dizem respeito a cinco pessoas e que os aumentos salariais para toda a função pública terão em conta a sustentabilidade das contas públicas.

Entre outros pontos, o ministro das Finanças garantiu que o OE 2024 vai procurar travar a “erosão” do poder de compra, dar estabilidade aos preços e manter a tendência de reforço das prestações sociais.

Partilhe esta notícia