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Níger: Líderes militares da CEDEAO debatem eventual intervenção militar
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Níger: Líderes militares da CEDEAO debatem eventual intervenção militar

Os chefes de Estado-Maior das Forças Armadas da África Ocidental iniciaram hoje em Acra uma reunião de dois dias para discutir uma possível intervenção militar na sequência do golpe de Estado de 26 de julho no Níger.

"O objetivo da nossa reunião não é simplesmente reagir aos acontecimentos, mas traçar proativamente um caminho que conduza à paz e apoie a estabilidade", disse o chefe do Estado-Maior nigeriano, general Christopher Gwabin Musa, na abertura dos trabalhos dos chefes militares dos países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

"A junta [militar do Níger] está a brincar ao gato e ao rato com a CEDEAO. Devem lembrar-se que desobedeceram à Constituição do seu país, bem como aos instrumentos da CEDEAO, especialmente o Protocolo sobre a Boa Governação, que fala de tolerância zero para golpes militares", afirmou o comissário para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança do bloco, Abdel-Fatau Musah, no início da reunião.

A reunião em Acra surge depois de os chefes de Estado e de Governo do bloco de 15 nações da CEDEAO terem ordenado há uma semana a "ativação" da "força de reserva" da organização, embora tenham também garantido que continuariam a apoiar o diálogo para resolver a crise.

"A nossa sub-região enfrenta novamente crises que pensávamos terem desaparecido (…). A sub-região está a atravessar um dos seus piores momentos quando (…), recentemente, o flagelo dos grupos armados e dos grupos terroristas violentos atingiu a África Ocidental", referiu o ministro da Defesa do Gana, Dominic Nitiwul.

Os chefes de Estado-Maior da Nigéria, do Gana, da Costa do Marfim, do Senegal, do Togo, do Benim, da Serra Leoa, da Libéria e da Gâmbia participam na reunião, enquanto os seus homólogos de Cabo Verde e da Guiné-Bissau estão ausentes.

O Níger não está representado, nem o Burkina Faso, o Mali ou a Guiné-Conacri, países onde também ocorreram golpes de Estado entre 2020 e 2022 e que manifestaram a sua rejeição do uso da força.

Esta é a segunda reunião deste tipo desde o golpe de Estado, depois de os líderes militares se terem reunido no início de agosto em Abuja, a capital nigeriana e sede do bloco regional, onde começaram a elaborar um plano para uma eventual intervenção para "restabelecer a ordem constitucional" no Níger.

Uma eventual ação militar está a dividir os países da região, com os governos da Nigéria, do Benim, da Costa do Marfim e do Senegal a confirmarem claramente a disponibilidade dos seus exércitos para intervir no Níger.

Em contrapartida, o Mali e o Burkina Faso – países também liderados por juntas militares - opõem-se ao uso da força, enquanto a Guiné-Conacri, a Argélia, o Chade e Cabo Verde manifestaram igualmente a sua rejeição e preferência pelo diálogo.

Até agora, a junta militar golpista de Niamey ignorou as ameaças e, além de nomear um novo primeiro-ministro, formar um governo de transição, reforçar o seu aparelho militar e fechar o espaço aéreo, avisou que o uso da força terá uma resposta "imediata" e "enérgica".

O golpe de Estado no Níger foi liderado em 26 de julho pelo autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), que anunciou a destituição do Presidente, Mohamed Bazoum, e a suspensão da Constituição.

O Níger tornou-se assim o quarto país da África Ocidental a ser governado por uma junta militar.

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