A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Janira Hopffer Alamada, defendeu, esta quinta-feira, 23, que a classe docente deve ser das melhor remuneradas a nível da Administração Pública e pelo Estado, bem como a definição de uma política clara sobre o ensino à distância.
Esta posição foi defendida por Janira Hopffer Almada na sua mensagem alusiva ao Dia do Professor Cabo-verdiano assinalado esta quinta-feira e que este ano, diz, “é celebrado num contexto caracterizado pelas dificuldades, mas também potenciador de novos horizontes”.
“Em cada dificuldade existe uma oportunidade, que temos o dever de saber aproveitar. Este dia deve ser motivo de reflexão, em linha com o Dia Mundial do Professor, 5 de Outubro, que, neste ano académico, se celebra-se sob o lema “Jovens Professores: o Futuro da Profissão””, escreveu.
Em Cabo Verde, a presidente do PAICV diz que tem defendido que a classe docente deve ser das funções melhor remuneradas a nível da Administração Pública e pelo Estado.
“Faço isso de forma consciente e responsável, pois entendo que, num País em que todos assumimos, de forma unânime, que o nosso maior “recurso” é, exactamente, o capital humano, defendo que é preciso reforçar a valorização dos que têm a missão de, especialmente, preparar e formar esse mesmo capital humano, ou seja, as mulheres e os homens Cabo-verdianos, do hoje e de amanhã”, prosseguiu.
Ainda na sua missiva, a líder do maior partido da oposição referiu que é “cristalino” que em Cabo Verde, ao longo dos anos, há ganhos na Educação e na classe docente, que devem ser reconhecidos. Mas, também, por outro lado, referiu que “é verdade que, ainda, persistem muitos desafios” por vencer.
“A nossa Insularidade impõe-nos uma reflexão contínua e a coragem de assumpção de desafios, de forma permanente, continuamente. E, neste momento, o contexto nos impele a aprofundar essa reflexão e a reinventar formas de estar e de ser, para podermos vencer os desafios que o País tem, em ambiente de distanciamento social e de confinamento”, adicionou.
Ensino à distância, uma portunidade!
Para o PAICV, afirmou sua líder, o ensino à distância deve ser visto, antes de tudo, como uma oportunidade que o País deve oferecer aos cabo-verdianos e a todos quantos queiram aprender e se formar.
“Em 2016, foi regulamentado o ensino à distância, em Cabo Verde, e o anterior Ministério do Ensino Superior, Ciência e Inovação (MESCI) fez várias acções nesse sentido”, disse Janira Almada, completando que o ensino à distância” pressupõe, antes de mais, “uma sala de aulas virtual”, com interacção entre professor, e alunos e uma avaliação do processo ensino-aprendizagem.
E é essa ambição que, diz Janira Almada, é preciso ter de forma a promover uma partilha de oportunidades.
“Entendo que a nossa natureza arquipelágica, aliada à nossa escassez de recursos, nos impele a encontrar e a descobrir formas de fazer chegar as oportunidades a todos os cantos de Cabo Verde, a todas as achadas, ribeiras e cutelos, para que ninguém fique excluído de um direito fundamental para o sucesso, que é o direito de aprender”, frisou.
O direito de aprender, disse, está umbilicalmente ligado num País como Cabo Verde, a um dever patriótico que é de “contribuir, com o nosso saber, para ajudar este País a se construir”.
Para o sucesso de um verdadeira caminhada do ensino à distância, entende Janira Almada que é “fundamental que haja o envolvimento de todos, com realce para os professores”, pois, acrescentou, “não se pode vencer uma caminhada destas, sem envolver a pedra basilar do sistema de ensino, que são os Professores”.
“Que se ausculte os professores. Que eles sejam envolvidos neste processo. E que, sobretudo, o “desenho” dessa implementação seja feita com a sua experiência, com a sua opinião, e, também, com a partilha do poder de decisão, com eles, os professores deste País”, defendeu.
“Em segundo lugar, e para o sucesso da perspectiva, seja do ensino à distância, que deve ser a nossa ambição, seja o da transmissão de conteúdos, que é que se pretende, neste momento, temos de encarar a realidade do nosso País, e actuar a dois níveis, complementarmente”, afirmou.
Detalhando, Janira Almada afirmou que, em primeiro lugar, e para as regiões onde se pretenda esse ensino, através da Internet, terá, necessariamente, que trabalhar para que as famílias cabo-verdianas, sobretudo as com menos recursos ou sem recursos, possam aderir a essa medida.
“Teremos de garantir uma redução dos custos da Internet. Isso só será possível, com uma real liberalização do mercado de telecomunicações”, adicionou.
Em segundo lugar, e para os locais onde esse ensino se pretenda fazer com recurso à Radio e à Televisão, acredita a líder do PAICV que é preciso garantir que esses meios cheguem a todos os cantos de Cabo Verde.
“Não poderemos permitir que uma simples” falta de sinal”, seja da Rádio, seja da Televisão, deixem de fora, e cortem as oportunidades de futuro, a nenhuma criança deste País. Ambicionar, sim, o ensino à distância! Envolvendo os professores e como factor de Inclusão e de criação de oportunidades”, defendeu.
Com Inforpress
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