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O Custo das Falhas de Ação e Prevenção e a Economia (Parte I)
Ponto de Vista

O Custo das Falhas de Ação e Prevenção e a Economia (Parte I)

Coronavirus (covid19), vírus que mata velhos, jovens e crianças sem piedade e que se espalha a uma velocidade perturbante, e que teve o seu epicentro, em dez019, na China. Neste país, em pouco tempo, dizimou milhares de seres humanos! A ignorância de outros países acerca do poder destruidor do vírus e da sua propagação nunca foi posta em causa! Salvo por quem, realmente, quer se fingir de ignorante! Porém, do aparecimento do vírus, na China, ao presente momento houve várias belas, distorcidas e contraditórias retóricas dos representantes de muitas diferentes nações do mundo, menosprezando factual e implicitamente a vida e dando primazia aos benefícios económicos! Face a certeza da existência do maldito vírus e da certeza dele atingir a qualquer parte do globo, acreditou-se na incerteza, na probabilidade do vírus não atingir à certos corações/nações do mundo! Ficou-se a espera de algo supremo e invisível, só digna de um mundo diferente deste em que estamos a viver! Faz-se a política negativa, da qual pode resultar em mais e melhores “assentos políticos”, só possível devido ao desconhecimento da gente ou de quem conhece, mas que vive beneficiando-se e apropriando-se do que ao povo pertence, em detrimento da luta incessante pelas vidas dos homens deste mundo.

Os representantes de muitas nações, ditas democráticas, fazendo políticas negativas – também é “democracia!”- anunciaram, pomposamente, ao seu povo de que, no país, existem fármacos capazes de aniquilar o vírus, de que o país já se encontra preparado para combate-lo, de que este vírus causa apenas uma “Gripezinha”, e disseram ainda muitas outras coisas insanas, quando na realidade não existia uma estrutura organizativa minimamente apta para uma eficiente utilização dos poucos recursos existentes, quando não havia nem máscaras, ventiladores, espaços apropriados para isolamento de possíveis pessoas infetadas, profissionais de saúde, nem cemitérios bastantes!

É deveras impressionante como as autoridades de maior parte dos países não seguiram, ab-inicio, as metodologias e a experiencia chinesas no combate ao vírus, donde teve a sua origem! Isto mostra, por um lado, de que os ocidentais, por mero capricho, procuraram impor as suas próprias metodologias e, por outro, os países em vias de desenvolvimento buscaram, a todo custo, segui-los! E os resultados são o que são! Uma Tristeza! Um Fracasso! Vida mais Vida Ceifada Pelo Vírus! Risível é escutar pelos meios de comunicação social os vários profissionais de saúde sem convicção, sem fundamentos resplandecentes, sem explicação científica explicita, quanto ao uso de máscaras! Todos defendiam o uso de máscaras só para os contaminados pelo vírus e profissionais de saúde! E agora, já não?! Mas a China já não tinha alertado para esta situação? E pergunto ainda, a quem é imputada a demora na tomada da clara melhor decisão?

Nestas situações, é fundamental esquecer-se da política da “forma de fazer politica”, entendida aqui como o usar das prerrogativas para espalhar mensagens oratórias bem-dotadas, e descurar-se do aproveitamento de todas as oportunidades/circunstâncias possíveis positivas ou negativas para fazer política de permanecer no sólio! Os representantes do povo devem representa-lo e bem! Ser político é ser Servidor Público! Enquanto não se exigir dos representantes do povo um conceito material da política e do seu exercício diferentes dos atualmente existentes, os cidadãos do mundo continuam a sofrer e a morrer por motivos incompreensíveis! Mas como se pode entender e encarrar, num espaço de tão pouco tempo, tanta morte no mundo, por causa do Corona?

É certo que a Disciplina de todos nós no combate ao vírus é essencial! Mas não pensem que se trata somente da disciplina do povo! Não! Da disciplina dos tomadores e executores de decisão! A disciplina do povo – sua receção/aceitação- emerge, sobretudo, de qualidade das várias decisões tomadas e dos comportamentos padrões demonstrados pelos representantes do povo ao longo dos tempos! Se Forem, globalmente, boas as decisões, a sua execução ficaria facilitada, porquanto as nações moldam-se, fortalecem-se e os comportamentos e as atitudes se harmonizam, e todos ganham! Condenar, socialmente, um grupo ou grupos de uma maioria, por determinadas condutas não é de todo a melhor opção. Afinal de contas, durante décadas e décadas “bebemos da mesma fonte e comemos pães da mesma farinha”, sem nunca termos preocupados com o que é socialmente aceitável! Até fomentamos...!

Muitos países menosprezaram a virilidade do vírus e a sua capacidade de vindimar vidas! Os representantes do povo ficaram a balançar entre a tomada de decisão de encerrar fronteiras e o fardo pesado que resultaria desta decisão para a economia, quando a Itália já estava a sofrer derrotas estrondosas com a invasão do vírus, no país! A partir deste momento, todos os outros países deveriam ter a determinação, aquela força corajosa e intrínseca, de tomar decisões, mesmo sabendo que há sempre vozes contra, porquanto a vida não tem preço! Falharam os países na graduação material da vida! Se é, até certo ponto, remissível que alguns países, senão quase todos, demoraram em tomar a decisão de encerrar fronteiras por motivos económicos, é absolutamente injustificável que determinados países, outros até com caraterísticas geográficas que dificultam a propagação do vírus por todo o país, não garantiram o controlo adequado e rigoroso dos cidadãos que vieram de fora, dias antes do encerramento das fronteiras, dos que que poderiam ter contatos com pessoas infetadas sem nunca terem saído do país, dos que poderiam ter este contato, mas conseguiram fintar as autoridades e viajaram para outros pontos dos seus países!

A magnitude arrasadora deste vírus requereria a existência de uma estrutura multiministerial forte, consistente, de hierarquia leve, dedicada e determinada ao cumprimento rigoroso do plano concebido, onde o facilitismo, a amizade e/ou conhecimento pessoal não devem ter lugar.

Muitos países falharam! E as consequências são óbvias- stress, ansiedade, medo, perda de vida e crise económica e social! Falhanço este que acaba por resultar no alastramento de vírus e obrigar a todos os países a ser mais possantes e a se engajar mais e mais no combate ao vírus, e o povo terá que ser, infelizmente, mais resilientes! As nações do mundo terão que enfrentar tudo em dobro: o medo do vírus, a perda do emprego e todos os outros efeitos daí decorrentes! Com a atividade económica, praticamente, paralisada, o crescimento económico vai sofrer uma redução drástica! A estabilidade e o equilíbrio económicos não vão ser fáceis!

Enfim, certas decisões paliativas, aleatórias, de carater cíclica, não sistematizadas e intempestivas abrem brecha para determinados tipos de vírus, suscetíveis de, num ápice, desmoronar e destruir tudo! Apareceu, em 2008, o vírus da ganancia, da cumplicidade e da ilicitude! Este vírus ainda persiste, apenas modificou-se, e não acabará! Pelo contrário, após a sua ligeira queda e mutabilidade, está a se tornar mais consistente e melhor estruturado! Agora, em 2020, vem o Vírus da Morte! Vírus que ataca e mata pessoas, não importa de que classe social for!

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Redação