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A inocência perdida
Colunista

A inocência perdida

Sem nenhum pudor e dignidade pessoal, jogamos todo o nosso ímpeto à vítima que se esconde por trás das cortinas. Invisível e anónima, anónima no silêncio em pânico, gritos de socorro, não se ouve nenhuma voz, uma astúcia esdrúxula.

A pureza sem mácula, se desmancha como uma flor que desabrocha quando o sol reaparece, a inocência pura não existe mais. Acalentadas vozes contraditórias, ecoam nas entrelinhas. Na dimensão psíquica, uma alteração visível no campo comportamental. Quando se esperava uma delicada sensibilidade na dimensão da simplicidade positiva.

Não aconteceu o previsível, a surpresa gritou aos ouvidos quando menos se esperava. A pureza que antes era causa se tornou um perigo. O despertar da consciência, uma turbulência subjetiva com ar de mistério. Vozes tenebrosas lideram o ser simples, que agora se tornou complexo. O desastre incompatível com as realidades amargas que agora o novo rosto revela. Uma nova imagem psíquica, sinal de alerta que merece uma atenção especial.

Acreditar que tudo permanece o mesmo é inocência deplorável, simplista e sem lógica inteligente. Necessário ver com outros olhos e outras mentes. Manter na inocência como que se nada aconteceu não se prescreve como a real e verdadeira essência do ser que antes era autêntico.

A inocência pura, foi invertida em maquinação, astúcia tímida e perversa. Nada que fosse espanto, o que era, já não é mais. Aceitar a realidade e precaver, é o caminho que se deve percorrer sem ilusão. Pensar que nada sucedeu é irracional, atípica inocência, maior do que negar a própria realidade quando antes, deveria sim, a linguagem da descrição, do confronto inteligente, da sinceridade prudente, serem os agentes presentes na relação. Tudo foi ignorado como se o comportamento não fosse mutável, a verdade não é assim.

A dinâmica comportamental se emergiu e nada é igual ao anterior, o cinismo, a perspicácia sádica, o comportamento competitivo, as astúcias mórbidas aliaram-se ao íntimo do ser.

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SOBRE O AUTOR

Lino Magno

Teólogo, pastor, cronista e colunista de Santiago Magazine