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Covid-19. Portos de Cabo Verde somam terceiro mês consecutivo a perder passageiros
Economia

Covid-19. Portos de Cabo Verde somam terceiro mês consecutivo a perder passageiros

Os portos de Cabo Verde movimentaram 56.915 passageiros em novembro, a terceira quebra mensal consecutiva após quatro meses a crescer e a recuperar o tráfego afetado pela pandemia de covid-19 em abril.

Segundo os dados mais recentes do relatório mensal de tráfego da Enapor, empresa pública cabo-verdiana responsável pela gestão dos nove portos do arquipélago, foram movimentados menos 16,7% de passageiros de outubro para novembro. Trata-se ainda de uma quebra de 49,4% face ao mês de novembro de 2019.

De acordo com o histórico estatístico da Enapor, de julho para agosto tinham sido movimentados mais 25.000 passageiros – para um total de 74.919 -, crescendo então 49,4% no espaço de um mês, tráfego que no mês seguinte caiu 5,9%, para 70.580, descendo em outubro 3,4%, para 68.298 passageiros.

Desde maio, com a retoma progressiva dos transportes marítimos interilhas, após um mês e meio de suspensão, devido à pandemia de covid-19, que o tráfego de passageiros vinha a crescer todos os meses.

Do total de passageiros em novembro, 37,7% representou o movimento no Porto Grande e 32,4% no Porto Novo, respetivamente nas ilhas vizinhas de São Vicente e Santo Antão. O Porto da Praia, capital do país, registou uma quota de 9,4% do total, com um movimento que desceu para 5.339 passageiros, indica o relatório, a que a Lusa teve hoje acesso.

A CV Interilhas, liderada (51%) pela portuguesa Transinsular, detém a concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga, durante 20 anos, sendo atualmente a única empresa a operar neste setor no arquipélago.

Ainda em novembro, os portos de Cabo Verde movimentaram 529 escalas de navios, uma quebra de 3,1% face a outubro e de 27,1% tendo em conta o movimento em novembro de 2019. Já o movimento de mercadorias caiu 12% no espaço de um mês, para 168.469 toneladas, valor que fica praticamente 27% abaixo em termos homólogos.

Desde 03 de setembro que os navios que garantem as ligações marítimas interilhas em Cabo Verde podem usar até 75% da lotação nas viagens superiores a três horas e meia, contra os 50% estipulados desde a retoma do serviço em maio, devido à pandemia de covid-19, conforme previsto numa resolução do Conselho de Ministros.

As alterações visam especificamente o transporte marítimo, alterando a definição anterior, que obrigava a que a lotação dos navios devia “respeitar o distanciamento social mínimo de 1,5 metros”, o que se traduzia, até então, numa ocupação máxima de 50% da capacidade dos navios.

Aquando da aprovação desta resolução, o Governo explicou que as alterações permitiriam às viagens interilhas com tempo de duração inferior a três horas e meia uma ocupação de 100%. A medida pretendia “manter a vigilância e reforçar as medidas de combate ao covid-19”, mas também “iniciar uma atividade gradual da retoma económica e circulação das pessoas entre as ilhas por via marítima”.

A administração da CV Interilhas admitiu em agosto perdas de 4,5 milhões de euros em 2020, devido à covid-19, necessitando de uma compensação financeira do Estado. A posição foi assumida em entrevista à Lusa por Paulo Lopes, administrador-executivo da CV Interilhas, a propósito do primeiro ano de atividade da empresa, admitindo que a pandemia teve “um grande impacto” na atividade, desde logo pela suspensão de todas as ligações interilhas de transporte de passageiros.

Além do período de abril a maio sem transporte de passageiros e a retoma gradual das ligações entretanto iniciada, o administrador da CV Interilhas recordou que a empresa esteve obrigada a reduzir a lotação dos navios a 50%, como medida de prevenção da doença.

“Sendo a concessão [do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga] deficitária, passa a ser mais deficitária. Obviamente que isso não tem um impacto direto, porque há uma redução também de custos, nós implementamos um conjunto de medidas, nomeadamente chegamos a parar navios para reduzir os custos de operação”, disse o administrador, admitindo, contudo, que a subvenção do Estado, prevista no contrato de concessão, não será suficiente em 2020.

Com Lusa

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