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Covid-19: Geopolítica das vacinas, ano 2021 & Progresso em base sub-regional ou inter-regional
Colunista

Covid-19: Geopolítica das vacinas, ano 2021 & Progresso em base sub-regional ou inter-regional

A pandemia expôs-nos ás graves disfunções da governança global. Felizmente e em sentido contrário, a chegada de um novo governo nos Estados Unidos fez gerar expectativas em favor da revitalização de um multilateralismo de geometria variável. Em alguns casos, vimos Washington retornar às organizações e agendas globais, mas parece plausível que a ausência de soluções para salvar a “humanidade” continuará a prevalecer em vez da abrangência e visão global, destacou-se ainda, em 2020 o disfuncionamento dos mecanismos que deveriam facilitar a vitória sobre o novo coronavírus e a manutenção de boa ordem socioeconómica mundial... bloqueios do Conselho de Segurança ou da Organização Mundial do Comércio, ou a insuficiência de capacidades e recursos da Organização Mundial da Saúde...

Em Abril de 2021, com o arranque do processo da vacinação, em Cabo Verde o desafio é a preocupação com a “geopolitica das vacinas” para se poder atingir a meta de atingir a imunidade sanitária “social”, vacinar (pelo menos) 70% da população residente cabo-verdiana contra a pandemia Covid19.

Este desafio “político” é tambem de teor económico e logistico. Cabo Verde pode encomendar (comprar) vacinas, mas o propósito e exito da operação, acima mencionada só é possivel e realizável por meio da cooperação internacional. Os países mais avançados com acesso mais rápido e amplo às vacinas, têm, também o dever e a obrigação de levar as vacinas para os paises mais desfavorecidos... Embora sabermos que suas prioridades, é combater os temores de contaminação das suas respectivas populações que devem ser protegidas.

A geopolítica da vacina é um facto até o momento. Os Estados Unidos, por exemplo, estão em processo de remontagem após a aprovação de Donald Trump, priorizando o “front interno”, assim como a União Europeia, colocando-se em guerra aberta com as multinacionais farmacêuticas e batendo também, nas portas do Reino Unido, mas, prometendo doar parte do excedente, a paises mais pobres, quando chegar a hora.

Como a Rússia e, sobretudo, a China, que brilharam isoladamente, no fornecimento de material sanitário aos paises desfavorecidos em 2020, hoje, em 2021 a União Europeia disse que fará distribuição das vacinas (a mais)... tendo encomendado doses mais que duas vezes maiores para dar respostas ás suas reais necessidades.

Em 2020, o mundo entrou em uma nova era de “neo-estatismo”, que esperamos que não se aprofunde em 2021 que é também um ano quase atípico e não se deslumbra ainda, seu entorno, pois a pandemia colocou ênfase na questão da autonomia e independência dos estados, relativamente aos “stocks das vacinas”.

A atitude do chefe de Estado mais poderoso do mundo, Donald Trump, não era de forma alguma exemplar. Ele recorreu-se sistemáticamente ao insulto e à vulgaridade, ou à designação contínua e constante da China, como culpada da crise pandémica, sem abordar provas ou soluções...

O retorno à lei da selva também foi  favorecido pelo surgimento e uso indiscriminado das médias digitais e redes sociais, fonte de desinformação e banalização, terreno fértil para notícias falsas, populismo e negação de todos os tipos. O resultado foi a criação e conversão de uma “feira de emoções” que rompeu-se absolutamente com a racionalidade, moldando estados de opiniões irreconciliáveis ​​e abrindo portas para confusões de várias ordens.

Covid-19 mostrou-nos o mundo como ele é: sem uma verdadeira estrutura política global, sem instituições ou sistema internacional autenticamente de referência em caso de crise mundial, como a que vivemos, sancionando o retorno do nacional, onde prevalecem as grandes potências, em detrimento dos pequenos pequenos países que como Cabo Verde, são dependentes da cooperação internacional e vitimas talvez dos efeitos colaterais; observamos “populismos” ganhando espaços de forma quase sustentada nestas dez ilhas do atlântico médio sem recursos...

A pandemia expôs-nos ás graves disfunções da governança global. Felizmente e em sentido contrário, a chegada de um novo governo nos Estados Unidos fez gerar expectativas em favor da revitalização de um multilateralismo de geometria variável. Em alguns casos, vimos Washington retornar às organizações e agendas globais, mas parece plausível que a ausência de soluções para salvar a “humanidade” continuará a prevalecer em vez da abrangência e visão global, destacou-se ainda, em 2020 o disfuncionamento dos mecanismos que deveriam facilitar a vitória sobre o novo coronavírus e a manutenção de boa ordem socioeconómica mundial... bloqueios do Conselho de Segurança ou da Organização Mundial do Comércio, ou a insuficiência de capacidades e recursos da Organização Mundial da Saúde...

O progresso, a partir deste ano de 2021, se houver, deverá afirmar-se em uma base regional, subregional ou inter-regional, com  agendas temáticas compartilhadas e precisas. Tudo acompanhado de uma vontade renovada por parte dos poderes decisores de ampliar suas áreas de influência, utilizando a saúde e também o desporto como instrumento de privilégio dentro de seu arsenal diplomático...

O desporto promove a pluralidade, celebra e valoriza a diversidade social e a compreensão mútua, podendo prevenir a geração de preconceitos...aproxima nações e povos.

 

miljvdav@gmail.com

 

 

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