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Chuvas desalojam famílias na Boa Vista e autarquia pede apoio ao Governo
Sociedade

Chuvas desalojam famílias na Boa Vista e autarquia pede apoio ao Governo

As chuvas voltaram a cair na ilha da Boa Vista após cinco anos de seca e desalojaram dezenas de famílias do bairro denominado de Barraca, informou hoje a autarquia local, que pediu apoio ao Governo de Cabo Verde.

“As águas invadiram as barracas e outras habitações de várias famílias, que de repente ficaram ainda em condições mais vulneráveis. É uma situação muito complicada, mas que não é nova e nem é desconhecida das autoridades locais e nacionais”, descreveu a Câmara Municipal da Boa Vista, numa nota publicada nas suas páginas oficiais.

Segundo a mesma fonte, “não há condições para entrar nas barracas e as famílias atingidas, com crianças pequenas, encontram-se à deriva, implorando pelo apoio da Câmara Municipal”.

A autarquia avançou que o presidente da Câmara Municipal, Cláudio Mendonça, passou todo o dia de quarta-feira em contactos com o Governo, concretamente com o departamento governamental responsável pela área da família e da agricultura, tendo recebido garantia de apoios para bombagem de água, nas próximas horas.

“A Câmara Municipal está engajada no sentido de encontrar soluções para estes problemas, que assumem características de uma emergência nacional, tanto para as famílias tanto para a própria cidade de Sal-Rei, que tem sido invadida pelas águas das chuvas, desde há muito tempo”, prosseguiu a autarquia.

A publicação no Facebook é acompanhada de dezenas de fotos com amontoados de lixo e escombros, ruas alagadas, muita lama, água dentro das casas feitas de chapas e madeira e desalento nas caras das pessoas.

A Câmara Municipal garantiu que “está a fazer tudo que estiver ao seu alcance” para acolher as famílias afetadas, a quem pediu para se manterem serenas, e que está a trabalhar para a reposição da normalidade “com a brevidade que a situação requer”.

Segundo a autarquia, estas chuvas vieram agravar ainda mais a situação social na ilha da Boa Vista, que é uma das mais afetadas pela crise provocada pela pandemia da covid-19 e pela ausência do turismo desde março de 2020.

“A Câmara Municipal da Boa Vista apela ao Governo no sentido de projetar um Programa de Emergência Habitacional para a Boa Vista, enquanto ilha mais fustigada pelos efeitos da pandemia e da exclusão social”, pediu.

O bairro da Barraca, também conhecido por Bairro da Boa Esperança, a escassos metros do centro de Sal-Rei, principal localidade da Boavista, abrigava até 2019 entre nove e 10 mil pessoas, boa parte trabalhadores que fazia funcionar a máquina turística da ilha.

Com a covid-19, esse número terá diminuído, já que grande parte dessas pessoas regressaram às suas ilhas de origem para fugir da crise económica decorrente do impacto da pandemia no turismo.

Na quarta-feira, o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) informou que Cabo Verde estava sob influência de uma onda tropical que está gerando “forte instabilidade”, com ocorrência de chuvas, podendo ser acompanhado de trovoadas.

De acordo com a mesma fonte, o sistema iria originar ventos em torno de 60 quilómetros por hora na parte oriental, afetando particularmente as ilhas do Sal e da Boa Vista, com previsão de afetar ouras ilhas.

Em 31 de outubro de 2019, a ministra da Habitação cabo-verdiana, Eunice Silva, disse que o realojamento das mais de 600 famílias que vivem em barracas na ilha da Boavista iria começar em novembro, num processo que se prolongava durante todo ano de 2020.

A governante adiantou que boa parte dessas famílias que ocupam o bairro denominado de Barraca iria ser realojada em 270 habitações do programa habitacional “Casa para Todos”.

Em setembro de 2019, o Governo cabo-verdiano anunciou a construção de dois lotes de blocos habitacionais na ilha da Boavista, por 2,1 milhões de euros, para diminuir o défice habitacional "crítico" nesta que é uma das ilhas mais turísticas do arquipélago.

Cabo Verde possui um défice habitacional aproximado de 8,7%, em termos de agregados familiares, uma percentagem que equivale a 11.119 agregados familiares sem acesso a habitação.

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