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O populismo e a demagogia
Ponto de Vista

O populismo e a demagogia

Sua Excelência, o Senhor Presidente da Republica, no seu Discurso proferido na Sessão Solene de 13 de Janeiro, fez uma grande chamada de atenção para práticas populistas e perigos inerentes à demagogia.

O Presidente da República tem toda a razão quando emite esse alerta que, aliás, deve ter sido impulsionado pela insatisfação reinante na sociedade e que terá sido motivada, em grande medida, pela experiência vivenciada (sentida, lida e auscultada), nestes últimos 4 anos!

De facto, só por puro populismo um Partido pode dizer que apoia o mérito e a competência, e a sua primeira medida, depois das eleições, ser a revogação da Lei dos Concursos Públicos e o fim dos concursos públicos nos cargos de chefia no Estado.

Só por mero populismo, se pode prometer, nas campanhas e no Programa do Governo, Taxa “0” para as PME’s, para depois se arquivar essa promessa, consciente de que mais de 90% do tecido empresarial cabo-verdiano é composto por micro, pequenas e médias empresas.

Só por demagogia, se pode prometer, nas Campanhas Eleitorais, acabar com toda a criminalidade e garantir a segurança máxima, sobretudo quando NÃO se pretende investir em políticas sociais (como está ficando evidente), para reduzir as desigualdades e combater a pobreza.

Só por puro populismo se pode prometer isenção da taxa moderadora na saúde, e, depois, se oferecer aos cidadãos uma redução de 20% no orçamento de investimento na saúde, reduzindo consideravelmente as respostas no sector da saúde.

Só por demagogia um Ministro das Finanças, que também é Vice-Primeiro-Ministro, vai a Paris anunciar a mobilização de 850 milhões, num Fórum de Investimento, para, depois, ser apanhado em contra-mão e se concluir que, afinal, o valor mobilizado tinha sido de 39 milhões e muito antes da sua ida a Paris.

Só por populismo, se anunciam “ecossistemas de financiamento”, para depois Cabo Verde perder 10 posições no Doing Business e os Empresários continuarem “sufocados” e a enfrentar sérios problemas de financiamento.

Só por demagogia se pode dizer que “Há dinheiro que nunca mais acaba” e os Funcionários Públicos, a quem se prometeu uma actualização anual dos salários, não verem a “cor desse dinheiro”, depois de 5 Orçamentos de Estado aprovados.

Só pelo mais profundo exercício de populismo, uma Maioria pode dizer que resolveu o problema de transportes aéreos, quando o que fez foi vender a Companhia de Bandeira, sem publicar uma única folha de papel e a preço de rifa (por 48 mil contos, dos quais não recebeu ainda nem um tostão), ficar com todas as dívidas para pagar, excluir o segundo maior centro populacional do País (a Ilha de São Vicente) das ligações internacionais da CVA e, “sem mandar nada”, continuar a insistir que as ligações estão melhores.

Só por demagogia, um Governo pode entender que resolveu o problema dos transportes marítimos, quando acantonou os Armadores Cabo-verdianos, passando-lhes um atestado de incompetência e menoridade, num concurso totalmente intransparente, entregar a concessão a uma Empresa Estrangeira, menosprezando toda a experiência e know-how dos nacionais, e, ainda não satisfeito, conceder um aval de 518 mil contos a essa Empresa, só para mostrar aos cabo-verdianos que não podem ser os protagonistas do desenvolvimento do seu País.

De facto, a demagogia e o populismo exacerbados desta actual Maioria representam um verdadeiro perigo para o País!

Tem razão o Senhor Presidente da República, quando alerta os cabo-verdianos desse perigo, pois, desde 2016, que este País tem sido assolado por uma demagogia sem precedentes e por um populismo que espantaria até os mais conhecidos populistas da história da Humanidade.

E, também concordando com o Presidente da Republica, é possível governar Cabo Verde melhor!
Nós diríamos, até, muito melhor!

Bastaria que o Governo deixasse de ser populista e demagogo e, ao invés de anúncios, apresentasse e implementasse medidas, pensando em TODOS os Cabo-verdianos e não apenas num pequeno grupo.
Bastaria que o Governo colocasse, em primeiro lugar, os interesses do País, e governasse para TODOS os cabo-verdianos.

Artigo publicado pela autora no facebook

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Redação