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André Ventura avisa Cabo Verde a preocupar-se "com sua política interna" e não com o Chega
Política

André Ventura avisa Cabo Verde a preocupar-se "com sua política interna" e não com o Chega

O líder do Chega, partido português de extrema direita, reagiu à demissão de Luis Filipe Tavares, por causa da polémica nomeação do multimilionário apoiante do Chega, Caesar DePaço, como cônsul de Cabo Verde na Florida, com uma advertência: "Cabo Verde que se preocupe com a sua política interna" e as razões por que tanto jovens cabo-verdianos chegam a Portugal sem condições "porque no seu país não encontraram um Governo capaz de dar soluções"

A saída, ontem, do ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Luis Filipe Tavares, do Governo - a seu pedido - mereceu reacção até de André Ventura líder do partido Chega e que concorre a presidente da República em Portugal.

Isto porque a demissão de Tavares tem como causa a polémica nomeação do multimilionário português, Caesar DePaço, que é apoiante e um dos maiores financiadores do Chega, partido de extrema-direita que defende políticas radicais, alimenta ódios contra pretos, ciganos e outras minoras étnicas, além de medidas extremas como castração de acusados por pedofilia e crimes sexuais.

Luis Filipe Tavares, da sua parte já disse que agiu "com boa-fé" e reconheceu que não sabia dos antecedentes de DePaço - segundo uma reportagem da SIC era foragido da justiça em Portugal nos anos 1990, tendo desaparecido dos radares das autoridades desde então, até o seu caso prescrever - e da sua actual rede de influência, que envolve a criação da sua empresa Summit Nutritionals e de uma Fundação filantrópica (Fundação DePaço) que, embora esteja a funcionar desde o ano passado, com donativos inclusive para Cabo Verde, não existe formalmente porque não está registada.

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, negou qualquer ligação do seu governo ou do MpD, que preside, com o Chega, e o ex-embaixador Carlos Veiga, que teria proposto a nomeação de DePaço para consul honorário na Florida, não vê problema nenhum o consul de Cabo verde na Florida ser financiador do Chega falou das melhores intenções do Governo, claramente tratado aqui, nas entrelinhas, como vítima.

Entretanto, o coro de vozes críticas da sociedade cabo-verdiana nas redes socias e da lider do maior partido da oposição a pedir a responsabilização do Executivo por suposta ligação ao partido Chega não agradou ao presidente desta força política da extrema direita portuguesa.

Citado pelo Correio da Manhã, André Ventura advertiu que Cabo Verde deve preocupar-se com "a política interna" do país e "não se preocupar com o crescimento do Chega em Portugal ou os seus apoiantes".

“Não vou fazer comentários adicionais sobre isso. Apenas dizer que deve ser recordado que Caesar DePaço foi nomeado cônsul de Portugal na Florida pelo próprio Governo de Portugal”, reforçou André Ventura à agência Lusa, questionado sobre o papel na sua força política do empresário que foi foragido à Justiça portuguesa durante anos.

Em comunicado da direção nacional, os responsáveis do partido da extrema-direita parlamentar apelam ao executivo cabo-verdiano para não se “imiscuir na vida política portuguesa ou de fazer considerações ou catalogações sobre o Chega e o seu papel na democracia portuguesa e no quadro europeu”, argumentando que “em Portugal, são os portugueses que decidem o seu futuro”.

“O Governo de Cabo Verde deveria sobretudo preocupar-se com a razão pela qual tantos jovens cabo-verdianos são obrigados a emigrar para Portugal e outros países da União Europeia, muitas vezes sem quaisquer condições ou perspectivas, porque no seu país não encontraram um Governo capaz de dar soluções”, lê-se ainda.

DePaço, que fez fortuna através da extração e comercialização de uma substância de carcaças de animais, foi um dos protagonistas da segunda de quatro partes do trabalho de investigação sobre o Chega e outras forças nacional-populistas na Europa da autoria do jornalista Pedro Coelho, transmitida pela SIC na segunda-feira.

Caesar DePaço, apontado como financiador do Chega na reportagem da SIC, foi nomeado cônsul honorário de Cabo Verde em Miami, funções que já tinha desempenhado em nome de Portugal.

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Redação