No seio do PAICV, correm fortes rumores de que Filomena Martins terá alegadamente “negociado” o seu voto com o MpD, a troco de um suposto apoio político deste partido, para a liderança do Governo Regional de São Vicente, nas eleições que deverão acontecer em 2020.
Segundo as nossas fontes, Martins, que eventualmente esteja a ver o seu futuro político no PAICV cada dia mais complicado, sobretudo agora que acabou de perder juntamente com o José Sanches na corrida à liderança do grupo parlamentar dos tambarinas, terá jogado esta cartada com o MpD, hipoteticamente como uma medida de sobrevivência política.
Os que defendem esta ideia, acrescentam ainda que Filomena Martins faz parte do grupo dos parlamentares da CEDEAO, um dos mais apetecíveis do parlamento cabo-verdiano (sobretudo pelo dinheiro que envolve), cuja reconstituição está prevista para primeiro trimestre de 2019. Ora, perante uma hipótese de não renovação do seu mandato nesta comissão, Martins, argumentam nas nossas fontes, estará a ensaiar, com esta votação da proposta de regionalização do MpD, um novo caminho político para o futuro, explorando novas parcerias e novas oportunidades.
Na sua declaração de votos, Martins disse que votou a favor porque as ilhas não podem ficar como estão e também porque as propostas do MpD e do PAICV são semelhantes. Certo ou não, só o tempo dirá. Neste momento, o que está certo aos olhos de todos os cabo-verdianos é que caiu o pano sobre a votação na generalidade da proposta de lei de Regionalização, e com ele várias nódoas sobre o grupo parlamentar do PAICV. Dois deputados do PAICV (Filomena Martins e Odailson Bandeira) votaram a favor da proposta do MpD, três abandonaram a sala de sessões (José Sanches, José Maria Veiga (Sênior) e Júlio Correia) e um abandou a própria sessão (Carlos Delgado), viabilizando assim um diploma que corria sérios risco de ser chumbada.
A bancada do PAICV sai rechaçada deste processo. Assim como a própria liderança do partido, uma vez que esta “desobediência” dos deputados acima mencionados simboliza o desconforto e a dessintonia reinante no partido liderado por Janira Hopffer Almada.
Fontes próximas do partido tambarina entendem que os deputados visados ainda não conseguiram degustar a recente derrota na corrida à liderança do grupo parlamentar, em que Rui Semedo, apoiado pela presidente do partido, venceu José Sanches - que deu a cara para o grupo de reflexão - por 3 votos de diferença.
A discussão da proposta de regionalização acontece logo a seguir, com as feridas ainda verdes, e os ânimos à flor da pele, sobretudo num momento em que os egos e os interesses particulares já tomaram conta de militantes e dirigentes do maior partido da oposição, sufocando a razão e o sentido da colectividade e do bom senso.
Assim, ao agir como agiu, o grupo de reflexão lançou a toalha ao chão. Certamente por entender que já nada tem a perder. Porque já perdeu tudo o que tinha para perder. Tempo. Oportunidade. Espaço. E agora, dignidade. Porque toda traição é indigna! Seja qual for a razão que a motiva. A vingança e a traição são sentimentos suicidas e condenados ao fracasso. Só o perdão e a compreensão conduzem à vitória.
O odioso é prisioneiro dos seus próprios sentimentos. E todos os dias bebe do seu próprio veneno.
E o veneno do grupo de reflexão é tão corrosivo e maligno que já estendeu os seus danos ao próprio MpD e ao Ulisses Correia e Silva, este que levou a proposta para não passar, e o grupo de reflexão fez passou. E agora? Vai ter de criar os 10 Governos Regionais, cujos custos os cabo-verdiano não vão poder suportar, e nem a comunidade internacional.
Aliás esta, a comunidade internacional, tem dado nos últimos tempos recorrentes sinais de cansaço em financiar os nossos luxos e paranoias!
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