Ex-líder do PAICV volta a comentar, no Facebook, sobre o partido tambarina, que “vive momentos conturbados”, em que “qualquer acha pode atear a fogueira”.
José Maria Neves dá sinais de que continua muito atento ao que se passa no seio do partido que liderou durante mais de 15 anos. Esta quarta-feira, 12, o ex-líder tambarina e ex-primeiro-ministro publicou um post na sua página no Facebook que, na verdade, é um discurso à nação paicvista. A começar pelo título, “Por Amor a Terra”.
“Estou longe, sou um simples militante de base, e escrevo-vos estas públicas e curtas linhas, o espaço não me permite mais, para tratar de assuntos que são de natureza pública e de primordial importância para o nosso país”, escreveu, em jeito de prólogo, sublinhando logo a seguir que “Cabo Verde vive momentos graves!”.
O país, observa José Maria Neves, “precisa de um Governo forte, dialogante, sensível e efectivo. Mas também precisa de um PAICV coeso, forte e efectivo na Oposição Democrática”.
“Sem apontar o dedo a ninguém, sem menosprezar os erros - pelo contrário, procuro superá-los, com eles aprender e olhar sempre em frente -, devo reconhecer, todavia, que o Partido vive momentos conturbados e graves, que podem levar-nos, inexoravelmente, à marginalidade política. Qualquer acha pode atear a fogueira”, critica, reforçando que “o debate é preciso!”
“Em democracia, os partidos têm “paredes de vidro” e são abertos às ideias de todas e de todos os militantes e de cidadãos independentes engajados, que podem fazê-las irromper na esfera pública para diálogo. Qualquer discussão interna, em qualquer organização política democrática, notadamente se for em torno de pessoas, é pública, nos tempos que correm. Não tenhamos ilusões. O problema não está, pois, na natureza pública ou interna da discussão. O problema está no tipo de discussão que fazemos”, afirma, no que parece ser uma declaração provocada pela troca de acusações, nas redes sociais, entre Felisberto Vieira e Fernando Moeda, duas personalidades de peso no PAICV, que nos últimos dias vem animando uns e desanimando outros pela baixeza verbal.
Daí, o ex-presidente do PAICV insistir no debate. “Interno e público. Mas debate de ideias e não de pessoas. Enquanto continuarmos a discutir pessoas, seja em que plano for, seja quem quer que seja, estaremos a contribuir para a destruição do PAICV. Se quiseres participar nos debates, em qualquer fórum, não ataque pessoas, não ofenda, não procure destruir ninguém. Não busque ‘excesso de razão’ para ti. Não se faz a política com intrigas, ódio, raiva ou ressentimento”, aconselha.
Isto porque, entende JMN, “um partido societário é uma escola de cidadania, um espaço de liberdade, de tolerância e de debate livre de ideias. O PAICV não sou eu, somos nós!”.
Neves encerra o texto apelando à honestidade intelectual e nobreza de espírito. “Luta pelas tuas ideias, com elevação, honestidade intelectual, elegância e nobreza de espírito. Todos somos imprescindíveis para o combate de ideias que é necessário continuar a fazer”, remata.
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