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Parlamento. PAICV pede explicações sobre os contratos da Binter e Icerlandair
Política

Parlamento. PAICV pede explicações sobre os contratos da Binter e Icerlandair

O deputado João do Carmo, do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), fez uma declaração em que falu da crise dos TACV e as promessas eleitorais do Governo que não foram cumpridas. Para o PAICV, o Governo deve explicar ao país os contornos dos contratos firmados com a Binter e com Icerlandair.

Segundo o deputado, quando o MpD entrou no Governo encontrou aviões, aeroportos e a Handling já a funcionar como empresa autónoma e um caminho traçado para a restruturação da TACV. No entanto, acrescentou, esqueceu que a política dos transportes aéreos é muito mais do que a TACV.

“A solução que trouxe foi a entrega do mercado do transporte doméstico à Binter, num negócio de milhões sem qualquer contrato assinado, assumindo o Estado todo o passivo da TACV, à volta de 12 milhões de contos,” criticou, recordando que o Estado assumiu o despedimento e indeminização dos trabalhadores, que pode chegar aos três milhões de contos.

Para além disso, ajuntou, o Governo fez a entrega antecipada dos aviões que estavam em leasing, “pagando 800 mil contos e deu mais de três milhões de contos de isenção fiscal à Binter por investir no país” e fez um contrato “secreto” com a Icelandair que “subalugou os aviões, não trouxe os onze aparelhos prometidos e já saiu do país.”

No seu entender, estas operações, por si só, a par das mudanças na gestão, viabilizavam a companhia TACV, pois tem mercado, clientes, know-how, certificados, licenciamento e “está financeiramente saneada”.

Trata-se, conforme do Carmo, de uma “negligência e leviandade do Governo de Correia e Silva”, que deixou Cabo Verde sem ligações aéreas, com perda de receitas estimadas em mais de 600 mil contos, sem contar com custos do alojamento, refeições e pagamento de indeminizações aos passageiros “numa gestão imprudente e lesiva do interesse público.”

João do Carmo defendeu a retoma “urgente” dos voos internacionais directos para São Vicente e para a Praia, pois, afirmou, não são incompatíveis com a estratégia do hub internacional do Sal e pediu o relançamento da TACV nas ligações domésticas.

Mas na óptica do líder parlamentar do MpD, Rui Figueiredo, debater a política dos transportes e outras questões e ligadas à economia e referir-se à “leviandade” do Governo, “é no mínimo ligeiro para não dizer insultuoso”.

“O Governo está a fazer o seu máximo, está a trabalhar dia e noite para dar aos cabo-verdianos a felicidade prometida,” reagiu, apelando à máxima serenidade e elevação do debate.

Na mesma linha, o seu colega de bancada Miguel Monteiro sustentou que o PAICV levou para o debate “manchetes desatualizadas”, ao dizer que a TACV não tem aviões e ao falar de “uma suposta proibição da companhia” em voar para Itália quando a empresa tem dois aviões e já viajou para aquele país.

Miguel Monteiro citou também números sobre as estatísticas do turismo, regozijando-se com o aumento do número de dormidas, e ainda o aumento do Produto Interno Bruto de 4,7 por cento, a retoma da construção de alojamentos e restaurantes e imobiliária e a aceleração do crescimento económico.

Já o deputado José Manuel Veiga, do PAICV, acusou o Governo de enfraquecer a TACV para fazer “negociatas” com a empresa, revelando que está na posse de “cartas de dirigentes do MpD a negociar para que cada um fique com a sua parte na TACV”.

Entretanto, estas declarações foram contrariadas pelo deputado do MpD que as classificou “de acusações infundadas que o PAICV não consegue provar”.

Por sua vez, o líder da bancada da UCID, António Monteiro, afirmou que Cabo Verde está a viver uma situação “extremamente complicada” a nível dos transportes aéreos.

“Se nós não assumirmos isso de forma clara e objectiva estaremos a prestar um péssimo serviço aos cabo-verdianos”, defendeu Monteiro, realçando que a situação é real, e está aos olhos de toda a gente e não aceitar isso é desrespeitar os cabo-verdianos.

O presidente da UCID desafiou, por isso, o Governo a levar os números relativamente aos custos que envolveram as operações, que a TACV irá pagar por ter deixado em terra mais de sete mil passageiros, e pela saída dos voos domésticos entre as ilhas para que os cabo-verdianos possam a saber a “realidade nua e crua da situação.”

Já o ministro dos Assuntos Parlamentares, Fernando Elísio Freire, numa intervenção rápida reiterou que o Governo encontrou uma empresa “falida sem credibilidade, sem futuro, desanimada e deprimida” e que está a recuperar a TACV para privatizá-la e dar aos cabo-verdianos uma “companhia aérea que possa nos orgulhar a todos.”

Quanto à questão “da alegada negociata à volta da TACV”, Elísio Freire confirmou que existem interesses de empresários na transportadora, mas são pessoas tanto próximas do PAICV como do MpD.

Com Inforpress

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