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Governo faz 'mea culpa' e admite "posições divergentes" nas negociações com a CV Airlines
Economia

Governo faz 'mea culpa' e admite "posições divergentes" nas negociações com a CV Airlines

O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, admitiu esta terça-feira, 11, que há “posições divergentes” no processo negocial entre o Governo e a CV Airlines sobre o financiamento futuro e liquidação de dívidas passadas.

“Estamos num processo negocial (…),  as posições das partes começam por ser divergentes, há interesses que podem não ser consensuais e nós estamos a trabalhar num quadro  para que possamos alinhar as vontades das partes”, admitiu o VPM, em declarações a imprensa à margem da cerimónia de abertura do ateliê temático sobre “Estratégia do Emprego no Horizonte 2030”, promovido pela Direcção Nacional do Planeamento, no âmbito do Exercício Cabo Verde Ambição 2030.

Segundo Olavo Correia, devido à pandemia da covid-19 e seus efeitos sobre as companhias aéreas de todo o mundo, serão necessários investimentos “bem montados e estruturados” para defender o interesse público. A seu ver, o objectivo passa por colocar a Cabo Verde Airlines ao serviço da economia nacional, da recuperação da actividade económica, da ligação de Cabo Verde ao mundo, além de servir a diáspora.

“Estamos com espírito aberto, a negociar todos os dias, para que possamos chegar a um entendimento em relação aos pontos que ainda divergem, no sentido de chegarmos a um consenso definitivo”, disse, sublinhando que “no momento adequado” o Governo fará uma comunicação ao país para esclarecer todo o processo de negociação.

Esta posição defendida por Correia ocorre depois de, no passado dia 8, a administração da CVA ter afirmado, em comunicação aos trabalhadores da empresa, que, apesar de “numerosas conversações e boas intenções”, ainda “não há acordo” entre os principais accionistas sobre o financiamento futuro e liquidação de dívidas passadas.

“A nossa mais profunda esperança é que todas as partes cheguem a acordo nas próximas semanas”, escrevera CEO da CV Airlines, Erlandur Svavarsson, nessa carta aos trabalhadores que Santiago Magazine noticiou.

Na missiva, apela aos seus colaboradores a continuarem a estar “preparados” porque “muitos mercados-chaves, como Brasil, os EUA e os países europeus, à parte de Portugal”, possam ainda estar fechados por muito tempo.

Em finais de Julho, a secretária-geral da União Nacional dos Trabalhadores Cabo-verdianos – Central Sindical (UNTC-CS), Joaquina Almeida, denunciou que os funcionários da Cabo Verde Airlines ainda não tinham recebido o salário de Junho.

A sindicalista adiantou, também, que há um clima de medo e desespero no seio dos trabalhadores que estão na ilha do Sal com arrendamentos elevados e sem rendimentos para sustentar a família e honrar os seus compromissos.

Em Março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51 por cento (%) da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no sector da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

O Governo cabo-verdiano concluiu este ano a venda de 10% das acções da CVA a trabalhadores e emigrantes, mas os 39% restantes, que deveriam ser alienados em bolsa, a investidores privados, vão para já ficar no domínio do Estado, decisão anunciada pelo executivo devido aos efeitos da pandemia.

A companhia está parada há mais de quatro meses devido à pandemia de covid-19, com a suspensão de todos os voos internacionais para o arquipélago.

Santiago Magazine/Inforpress

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