I
Festa de Cinzas e AME 2020 levou-me a pensar num artigo que escrevi há precisamente cinco anos na minha página no Facebook. Esta reflexão parece-me atual. Existe hoje, um potencial enorme relacionado com a especificidade cultural. Mas é preciso valorizá-la porque há caminhos que ainda não foram explorados em toda a sua dimensão. Há. Sim. Caminhos ainda a percorrer. Certas atividades económicas rentáveis como o turismo cultural, a valorização das produções locais, a própria estrutura empresarial fundada sobre modelos socioculturais muito específicos que vão buscar as suas raízes e o seu potencial como imagem de marca a uma forte expressão cultural. Nos últimos anos Praia está a dar sinais claros nesse sentido.
Neste quadro, urge a materialização do Estatuto Administrativo Especial da Capital da República de Cabo Verde e num horizonte temporal de longo prazo porque não pensar na Região Metropolitana da Praia que poderá revolucionar toda a Ilha de Santiago. Existe hoje, condições objetivas e subjetivas para equacionar um processo de regionalização inteligente, racional, sem multiplicação de estruturas ou criação de “zonas de sombras“, que tenha por mote a aproximação de processos de decisão às regiões e às populações que regulam de forma consequente o regime de delegação de competências para os municípios e para as comunidades inter e inframunicipais.
Mas é preciso saber separar as águas entre a delegação de competências e a descentralização. Para acabar de vez com o embuste. Todo isso, enquadrado na lógica de uma visão estratégica de descentralização e desenvolvimento local sustentável.
Estratégias do desenvolvimento local
II
O desenvolvimento local não deve ser protecionista nem localista nem bairrista. Deve antes estar aberto ou ancorado ao exterior e à cooperação transnacional com outras regiões. Em Cabo Verde, há ainda uma certa tendência de tentar politizar as questões de desenvolvimento local. Para ultrapassar estas questões a “parceria” é fundamental e deverá integrar os atores locais com maturidade e por outro lado recorrer aos argumentos técnicos para ultrapassar os entraves políticos. É preciso repensar a indústria local no sentido de criar nichos de mercado. É preciso também inventar uma capacidade de saber fazer pequeno mas com qualidade e pensar grande. Por exemplo na Martinica, existe o caso da zona “Plein Nord”, criado por cinco municipalidades sob o impulso da Agência de Acolhimento Turístico que é uma associação que reúne estes municípios, mais os profissionais da zona e outras associações.
Este projeto pôs em prática um jardim botânico, um centro de formação de artesanato tradicional e um festival anual onde, em cada ano, há um tema que valoriza um produto do território. Desta forma o produto é apresentado sob as suas diferentes formas, com explicações sobre a origem dos produtos, a sua cultura, a sua história, a gastronomia, as utilizações derivadas e as tecnologias ligadas ao produto. Um bom exemplo é do festival da banana. Praia por experiências que tem hoje poderá ser um caldeirão com suculentos ingredientes de sons, de sabores sobretudo cultura.
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