As instituições democráticas demandam pelo controlo social, pelo que o slogan “sen djobi pa ladu” é um atentado à inteligência coletiva, uma desfeita imperdoável de um grupo que não consegue honrar a palavra dada e, muito menos, respeitar o sentimento alheio... Este governo e o partido que o sustenta caracterizam-se mais por suas contradições do que por qualquer tipo de coerência e integridade. Há, porém, um ponto em que são muito coerentes e íntegros – este ponto é o seu slogan de campanha. Efetivamente, “es ka ta djobi pa ladu nau”. Justiça seja feita!
Quando os justos governam, alegra-se o povo; mas quando o ímpio domina, o povo geme. (Provérbios, 29-2)
Desde logo, o refrão “Sen djobi pa ladu”, coisa que não lembraria o diabo. Como assim, “sem djobi pa ladu”? Estaria Ulisses Correia e Silva, e seus acólitos, a propor a robotização da sociedade cabo-verdiana?...
É claro que esse lema é o antidoto de tudo o que fundamenta as democracias e os estados de direito democrático. Porque a democracia recomenda precisamente que as sociedades, os cidadãos, estejam atentos, observando todos os lados do processo governativo, para que as avaliações se firmem em argumentos factuais, credíveis e justos.
Quando o povo não sabe avaliar, a tirania prevalece em todos os níveis do processo governativo. O crivo popular, o escrutínio inteligente, sábio e sistemático do processo governativo são os ingredientes fundamentais para a defesa do interesse coletivo, o combate à corrupção e exclusão, salvaguardando o respeito e a observância da justiça social.
As instituições democráticas demandam pelo controlo social, pelo que o slogan “sen djobi pa ladu” é um atentado à inteligência coletiva, uma desfeita imperdoável de um grupo que não consegue honrar a palavra dada e, muito menos, respeitar o sentimento alheio.
E é certamente por isso que nunca se conheceu um partido com tantas promessas e contradições e nenhuma realização ao longo de uma Legislatura, como é o caso em apreço.
Os factos que entre nós aconteceram nos últimos 5 anos são indesmentíveis:
1. diz que abomina o comunismo, mas adotou a cor vermelha, símbolo do comunismo, como a cor de sua identificação nas suas campanhas eleitorais;
2. anuncia que há dinheiro que não mais acaba, mas esquece que o país tem mais de 140.000 pobres por falta de dinheiro, passando os dias a mendigar apoios sociais em filas e aglomerações enormes em tempos de pandemia;
3. prometeu solução para os TACV, vendeu a empresa por tuta e meia, e hoje não tem avião, não tem dinheiro da venda da empresa e passa os dias a endividar o país para pagar despesas de funcionamento, quando conta apenas com 39% do capital social;
4. prometeu 45.000 empregos DIGNOS para os jovens, porém, chega ao final do mandato sem criar uma única vaga de trabalho, convida os jovens a vender peixes ou lavar carros, angariando um saldo de mais de 20% na taxa do desemprego;
5. sendo Cabo Verde um país da emigração resolve associar-se ao CHEGA, um partido da extrema direita, racista e contra os emigrantes;
6. prometeu que as câmaras de vigilância teriam capacidade de girar 360º e captariam todas as imagens na sua área de alcance, porém, o ex-PCMP é baleado em local e horário diurno, e até a data de hoje nada de imagem captada;
7. prometeu crescimento económico a 7% ao ano e o que se regista no último ano é um deficit de -7% (menos sete), ao ano;
8. prometeu aeroporto para Santo Antão, mas só agora é que descobriu que é necessário a realização do estudo prévio sobre tal viabilidade;
9. prometeu regionalização para São Vicente sem ter maioria para a sua aprovação;
10. prometeu Estatuto Especial para a Praia e uma parlamentar de sua própria bancada vota contra!
11. prometeu mais economia, e colocação do país no Top dos rankings e-buisnees, mas a economia está parada e o ambiente é depressivo no seio dos operadores privados;
12. dá mais valor a quem perdeu eleição na Praia (Óscar Santos) do que à competência (Olavo Correia), que, a crer nas contas do governo, terá conseguido fazer a economia crescer a 5% ao ano, e que deveria, sendo verdade, ter assumido a liderança do partido com o advento da crise pandémica!
13. criticou as Legislaturas anteriores por excesso de dívida pública, no entanto, vai terminar essa Legislatura com tanto ou mais volume de dívida média para o período da governação e com um detalhe – elevada dívida, mas sem uma única obra estruturante edificada de raiz!
14. criticou a “partidarização” da administração pública, mas acabou promovendo a “caça às bruxas”, colocar os desafetos nas “prateleiras”, promover os amigos e familiares!
15. retirou o país do Índice Internacional de “democracias completas” alcançado em 2015 e colocado em 23ª da invejável posição mundial para despencar para os confins dos países classificados como tendo “democracias imperfeitas” e cair 9 posições no ranking, vindo a ser colocado na 32ª posição mundial, em 2020!!!
16. dizia ter solução para os problemas de Cabo Verde e hoje há mais desemprego, mais violência e criminalidade, mais discriminação, pior saúde, assaltos à mão armada viraram rotineiros, só mudam as vítimas, há mais pobreza, há mais desigualdades económica e social, há mais descontentamento e insegurança;
17. diz que seu partido é Cabo Verde, mas abandonou a ilha de Santiago à sua própria sorte, evidenciando esse fato pelos indicadores de desenvolvimento mais baixos e negativos aí verificados relativamente ao todo nacional, especialmente, no interior da ilha!
18. se em Outubro de 2020 o povo já mostrou “cartão amarelo” ao Movimento, em abril de 2021 mostrará “cartão vermelho” aos rabentolas!!!
19. se os “ventos” da mudança derrubaram o mais poderoso aliado rabentola, Trump”, imagina o que esperar de seus aprendizes e aliados: “si bentu dja leba tetu de kaza ka bu buska balei ki staba pendurado na el”!!!
Este governo e o partido que o sustenta caracterizam-se mais por suas contradições do que por qualquer tipo de coerência e integridade. Há, porém, um ponto em que são muito coerentes e íntegros – este ponto é o seu slogan de campanha. Efetivamente, “es ka ta djobi pa ladu nau”. Justiça seja feita!
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